ÁREA: Ambiental

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL E DETERMINAÇÃO DE ALUMÍNIO NAS ÁGUAS DO CANAL SANTA BÁRBARA, PELOTAS-RS

AUTORES: SANCHES FILHO, P.J. (IF-SUL) ; FERNANDES, C.C. (IF-SUL) ; GONZALEZ, T.N. (IF-SUL) ; RIBEIRO, P.M. (IF-SUL)

RESUMO: Este trabalho tem por objetivo caracterizar ambientalmente e avaliar o teor de Alumínio do Canal Santa Bárbara-Pelotas, RS. A qualidade da água pode ser avaliada por um conjunto de parâmetros determinados por uma série de análises físico-químicas e biológicas. Quando estes valores estão em desacordo com os estabelecidos pela legislação indicam o nível de poluição. Buscando avaliar a qualidade da água do Canal Santa Bárbara, foram analisados os seguintes parâmetros: pH, temperatura, oxigênio dissolvido (OD), demanda química de oxigênio (DQO), alcalinidade, dureza, cloretos e alumínio. Os resultados apontam uma piora nas condições da água do canal a partir do ponto 2 de coleta, verificado por um aumento expressivo nos níveis de matéria orgânica acompanhado por uma redução do teor de OD.

PALAVRAS CHAVES: caracterização físico-química, alumínio, canal santa bárbara.

INTRODUÇÃO: Pelotas desenvolveu-se, principalmente, em função das inúmeras charqueadas. Em meados da década de 80 do séc. XIX, indústrias locais começaram a se instalar às margens do Arroio Santa Bárbara, modificando seus aspectos naturais e físicos. Em decorrência da busca do bem estar econômico, estrutural e social da cidade, o leito do Arroio Santa Bárbara, foi modificado pelos governantes locais. No início da década de 60 do séc. XX, ocorreram as primeiras obras para a construção do novo leito do arroio, dando origem ao novo curso do então Canal Santa Bárbara. O novo percurso inicia logo após a barragem Santa Bárbara percorre desde a zona até a zona sudoeste, desaguando no canal São Gonçalo.(TEIXEIRA, 2008).
O grau de poluição das águas é medido através de características físicas, químicas e biológicas das impurezas existentes, que, por sua vez, são identificadas por parâmetros de qualidade das águas. O Alumínio foi o enfoque deste estudo, pois além de ser o elemento metálico mais abundante na crosta terrestre, possui grande importância econômica no mundo atual. Na água o alumínio é complexado e influenciado pelo pH, temperatura e presença de fluoretos, sulfatos, matéria orgânica e outros ligantes. O alumínio é um composto neurotóxico, o acúmulo deste metal no homem tem sido associado ao mal de Alzheimer, doença cerebral degenerativa de etiologia desconhecida caracterizada pela presença de um grande número de estruturas neurofíbrilares e placas senis em certas regiões do cérebro.(FREITAS et al., 2001).
Buscando caracterizar a qualidade físico-química da água do Canal Santa Bárbara, foram analisados os seguintes parâmetros: pH, temperatura, oxigênio dissolvido (OD), demanda química de oxigênio (DQO), alcalinidade, dureza, cloretos e alumínio.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram coletadas 4 (quatro) amostras de água do Canal Santa Bárbara no mês de maio de 2009. Para a escolha dos pontos de amostragem de água, foi levada em consideração a facilidade de acesso ao local e a influência antrópica. Utilizou-se imagens de satélite (Google Earth) para delimitar o traçado dos pontos de coleta. A coleta das amostras foi realizada nos primeiros 30 cm de profundidade. Mergulhou-se o frasco de coleta diretamente na água. As amostras destinadas às análises físico-químicas foram armazenadas no próprio frasco de coleta com capacidade de 2000 mL.
As análises de temperatura, pH e oxigênio dissolvido foram realizadas “in situ”. O pH foi determinado através de método potenciométrico, utilizando o pHmetro digital da marca Homis MOD. 801. O oxigênio dissolvido foi analisado no oxímetro digital da marca Homis MOD. 509. A alcalinidade foi determinada pelo método da titulometria de neutralização, a dureza através de complexometria com EDTA, cloretos pelo método de Mohr, matéria orgânica por permanganometria. O alumínio foi determinado pelo método de absorção atômica, utilizando-se um espectrofotômetro GBC 932 plus.
A qualidade das águas foi avaliada comparando-se os resultados obtidos com valores máximos permitidos recomendados pela resolução número 357/2005 do CONAMA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados obtidos para os quatro pontos analisados encontram-se na tabela 1.
As medidas de pH são de extrema utilidade, pois fornecem inúmeras informações a respeito da qualidade da água. As águas superficiais possuem um pH entre 4 e 9, como verificado nos pontos analisados.
Observando-se os resultados para os teores de alumínio, detectou-se que em todos os pontos analisados, as concentrações encontraram-se acima dos parâmetros estabelecidos pela resolução 357/2005 do CONAMA. O ponto 1 (um) apresentou o maior teor de alumínio o que pode ser explicado pela alta solubilidade deste metal em pH ácido.
A dureza permanente de uma água é devida principalmente a presença de cloretos, nitratos e sulfatos. Logo, níveis de cloreto estão associados a dureza encontrada, sendo que, a partir do ponto 2 (dois) houve um aumento da dureza da água acompanhada de um aumento dos níveis de cloretos presente.
A determinação do oxigênio dissolvido é de fundamental importância para avaliar as condições naturais da água e detectar impactos ambientais como eutrofização e poluição orgânica. Do ponto de vista ecológico, o oxigênio dissolvido é uma variável extremamente importante, pois é necessário para a respiração da maioria dos organismos que habitam o meio aquático. Geralmente o oxigênio dissolvido se reduz ou desaparece, quando a água recebe grandes quantidades de substâncias orgânicas biodegradáveis provenientes de esgotos domésticos e resíduos industriais. Assim, quanto maior a carga de matéria orgânica, maior o número de microorganismos decompositores e, conseqüentemente, maior o consumo de oxigênio. Pode-se observar um aumento significativo nos níveis de matéria orgânica e um declínio nos níveis de oxigênio dissolvido (OD) a partir do ponto 2 (dois) como demsontra afigura 1.





CONCLUSÕES: Pode-se concluir com as análises físico-químicas realizadas e com a determinação dos teores de alumínio, que a partir do ponto 2 (dois) o canal Santa Bárbara recebe um aumento significativo de resíduos provenientes de efluentes não tratados e esgotos clandestinos, evidenciados pelo aumento dos níveis de matéria orgânica e uma redução nos níveis de oxigênio.
Este trabalho além de servir como base para estudos posteriores, também é um incentivo para as autoridades responsáveis investigarem as causas desta elevada poluição.

AGRADECIMENTOS: À Coordenadoria do Curso de Química, aos professores Eloisa Hasse de Sousa, Luiz Wagner Moreira e a Glauco Rasmussen Betemps do GPCA pelo apoio ao trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
American Public Health Association (APHA). Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 21st, Editora Centennial, 2005.
CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/Agua/rios/variaveis.asp#aluminio>. Acesso em: 02 jun. 09
CONAMA- Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005. Brasília, 2005. Disponível em:<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf>. Acesso em: 02 jun. 09
FREITAS, Marcelo Bessa de; BRILHANTE, Ogenis Magno and ALMEIDA, Liz Maria de. Importância da análise de água para a saúde pública em duas regiões do Estado do Rio de Janeiro: enfoque para coliformes fecais, nitrato e alumínio. Cad. Saúde Pública [online]. 2001, vol.17, n.3, pp. 651-660. ISSN 0102-311X. Disponível em: < http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2001000300019>. Acesso em: 02 jun. 09
OHLWEILER, O. A. Química Analítica Quantitativa. 2ª Ed. Rio de Janeiro: LTC Livros Técnicos e Científicos Editora S/A, 1981.
SILVEIRA, T. Análise físico-química da água da Bacia do Rio Cabelo – João Pessoa – PB. Disponível em:<http://www.redenet.edu.br/publicacoes/arquivos/20080212_092019_MEIO-028.pdf>. Acesso em: 02 jun. 09
TEIXEIRA, S. S. A canalização do Santa Bárbara como agente transformador do espaço. Disponível em:<http://www.ufpel.edu.br/cic/2008/cd/pages/pdf/CH/CH_00538.pdf>. Acesso em: 02 jun. 09