ÁREA: Ambiental
TÍTULO: ESTUDO DA EFICIÊNCIA DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS CABANGA
AUTORES: DA MOTTA, M. (DEQ - UFPE) ; SILVA, J.K.N. (UFRPE)
RESUMO: O Lançamento de esgotos nos cursos d’água ainda é um dos principais problemas que assola os países em desenvolvimento. Isto, porque sua degradação, através da atividade bacteriana, provoca um consumo, ou melhor, uma demanda de oxigênio, que em condições extremas, pode vir a prejudicar em muito a vida aquática em um determinado curso hídrico. O Objetivo deste trabalho é fazer uma avaliação da eficiência real da estação de tratamento de efluentes da Cabanga (Recife-PE), através de experimentos realizados "in loco". optou-se pela análise das amostras compostas. Dessa forma é possível avaliar a eficiência Real da estação. As análises de ST e SS e DQO foram realizadas segundo o Standard Methods. Concluiu-se que a utilização de amostras compostas permitem uma avaliação mais apropriada da ETE.
PALAVRAS CHAVES: monitoramento, estação de trtamento de efluentes, cabanga
INTRODUÇÃO: O Lançamento de esgotos nos cursos d’água ainda é um dos principais problemas que assola os países em desenvolvimento. Isto, porque sua degradação, através da atividade bacteriana, provoca um consumo, ou melhor, uma demanda de oxigênio, que em condições extremas, pode vir a prejudicar em muito a vida aquática em um determinado curso hídrico. Por isso faz-se necessário conhecer as características do efluente a ser descartado, identificar os limites dos parâmetros que permitem lançá-lo em um corpo receptor, o nível do tratamento necessário para esse objetivo e a eficiência a ser atingida na remoção de DBO (Azevedo Neto, 1977).
A poluição orgânica nos esgotos se apresenta em duas formas: dissolvida e em suspensão. Os sólidos suspensos sedimentam ao longo do curso formando o lodo de fundo, enquanto a matéria orgânica solúvel e uma fração de matéria de difícil sedimentação permanecem na massa líquida. O consumo de oxigênio se deve justamente ao fato da respiração dos microrganismos decompositores, principalmente as bactérias heterotróficas aeróbias (Von Sperling, 1995).
Dependendo da Demanda Bioquímica de Oxigênio, não se pode esperar que todo curso d’água promova a autodepuração. Aí entra a necessidade das estações de tratamento de esgotos. As estações têm a finalidade de reduzir a matéria orgânica a um nível que não venha a perturbar o equilíbrio aquático do corpo receptor. Existem diversos tipos de tratamento, e não é o objetivo deste trabalho explicar cada um deles (Braile, 1979).
O Objetivo deste trabalho é fazer uma avaliação da eficiência real da estação de tratamento de efluentes (ETE) da Cabanga (Recife-PE), através de experimentos realizados "in loco". Estes eexperimentos visam avaliar a influência do tipo de amostragem na avaliação da ETE.
MATERIAL E MÉTODOS: A estação de tratamento de esgotos da Cabanga apresenta um sistema constituído por Pré-tratamento (Gradeamento e Caixas de Areia) e tratamento primário(Quatro decantadores). Não é um dos que apresenta uma alta eficiência, mas seus resultados têm variado muito de um mês para o outro, e foi o que motivou a elaboração deste trabalho.
Antes de qualquer coisa é interessante para uma estação de tratamento ter bem claro e definido qual a sua capacidade de remoção de poluentes. A proposta é coletar amostras na estação ao longo do dia, a cada 2 horas e realizar uma análise dessa amostra composta, que representaria bem as diferenças de composição do esgoto ao longo de todo um dia de operação.
Poderia ter se calculado o tempo de detenção das unidades e uma vez coletada a mostra na entrada, se esperaria esse tempo de detenção para em seguida coletar a amostra na saída do tratamento. Porém não se optou por este procedimento pelo fato de a vazão da estação estar bem abaixo de sua capacidade (capacidade = 80000m3/dia e a atual = 20000m3/ dia). Sendo assim, os tempos de detenção dariam muito longos e a bomba de alimentação funciona com um sistema de acionamento por bóias, ou seja, a alimentação não é contínua. Por isso optou-se pela análise das amostras compostas. Dessa forma é possível avaliar a eficiência Real da estação.
As análises de sólidos totais (ST) e suspensos (SS) e da demanda química de oxigênio (DQO) foram realizadas segundo o Standard Methods for the Examinations of Water and Wastewater (APHA et al., 1995). Foram coletadas amostras na calha de entrada da ETE, após cada caixa de areia e antes e após cada decantador.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dados anteriores
Foi feito inicialmente um levantamento de resultados analíticos pretérito da ETE Cabanga. Conforme pode ser observado na Figura 1, ocorreu uma grande variação da eficiência de remoção em termos de DQO. Os valores variaram de 2 a 38%. Esta ampla variação da eficiência não é apenas função da variabilidade da qualidade do efluente, como também de fatores climáticos (como a chuva) e sócio-populacionais (hábitos alimentares, densidade populacional, etc).
Figura 1 – Variação da eficiência de remoção da DQO e de sólidos totais da ETE Cabanga em função do tempo.
A variação da eficiência de remoção de sólidos totais da ETE Cabanga é apresentada na Figura 1b. O primeiro aspecto que se sobressai são os valores negativos obtidos, indicando um possível erro analítico. Todavia, a amostragem para se avaliar a eficiência deste sólido não respeita o Tempo de Detenção Hidráulico (TDH), necessário para se avaliar a eficiência real da ETE, já que os efluentes apresentam ampla faixa de variação.
Resultados Atuais
Os resultados indicam que os quatro decantadores primários apresentaram eficiências de remoção próximas, excetuando-se para o dia 21/02/2008 (Fig 2).
Figura 2 – Gráficos de remoção de DQO e sólidos totais – Amostra composta
A remoção da DQO deu-se fundamentalmente pela DQO particulada, que é retirada com os sólidos suspensos. Nesta nova análise, considerendo-se os tempos de retenção, foram observadas remoções da ordem de 40 a 60% (Fig 2a), que são satisfatórias para unidades deste tipo.
No que diz respeito aos sólidos totais (Fig 2b), apenas em um dia foi observada remoção negativa. Uma possível explicação é o aumento do fluxo, que diminui o tempo de detenção e inferiu assim erro no procedimento. A eficiência da Estação variou de 30 a 60%.
CONCLUSÕES: Os resultados com a amostra composta mostram uma variação muito menor em relação aos dados de 2007, principalmente na DQO e nos sólidos suspensos, mostrando com isso que os procedimentos de coleta atuais, não traduzem bem a eficiência das estações. Diante do número de estações que a Compesa possui, dois laboratórios são insuficientes para um correto monitoramento e bom funcionamento de todas elas.
A média de resultados é o que se esperava de um tratamento primário.
AGRADECIMENTOS: A COMPESA, A UFPE e ao CNPq.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: APHA – AWWA - WEF.Standard Methods for the Examinations of Water and Wastewater. 19th edition. American Public Heath Association, American Water Works Association and Water Enviroment Federation. 1995.
Braile, P.M. (1979). Manual de tratamento de águas residuárias industriais (Editora CETESB, São Paulo, SP).
Azevedo Netto, J.M. (1977c). Tratamento preliminares: Gradeamento. Remoção de areia e detritos pesados. Em sistemas de esgotamentos sanitários. (Editora CETESB, São Paulo, SP.
Von Sperling, M. (1995), “Princípios do tratamento de águas residuárias”
Volume 01 – Introdução a qualidade das águas e ao tratamento de esgotos.
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental – DESA – UFMG.