ÁREA: Ambiental

TÍTULO: Estudo do índice de contaminação mercurial de comunidades ribeirinhas localizadas às margens do rio Tapajós e que consomem peixes contaminados pelo mesmo.

AUTORES: PORTO, D. R. F. B. (UFPA) ; DAMASCENO, G. T. (UFPA) ; FARIAS, F. A. (UFPA) ; SILVEIRA, A. J. A. (UFPA(NMT)) ; PINHEIRO, M. C. N. (UFPA(NMT))

RESUMO: As comunidades ribeirinhas que vivem às margens do rio Tapajós têm como principal fonte de alimento o peixe.Porém esse pescado já foi ponto de estudo que constatou a presença de níveis de contaminação mercurial.Tal contaminação ocorreu devido á intensa atividade de garimpagem em Jacareacanga e Itaituba.O estudo foi feito através da análise toxicológica em amostras de cabelo coletada de pessoas que vivem nas localidades de Panacauera e Vila Cacau.O método de análise utilizado foi a determinação por digestão úmida envolvendo redução e espectrometria de absorção atômica por vapor frio(CVAAS)utilizando o aparelho Automatic Mercury Analyzer Model Hg-201(Método Akagi).Os teores de mercúrio total encontrados variam entre0,9µg/g e 12,38µg/g.Os niveis de contaminação serão plotados em gráficos.

PALAVRAS CHAVES: contaminação mercurial, mercúrio, amazônia

INTRODUÇÃO: A atividade de garimpagem na região amazônica, que se iniciou há bastante tempo e intensificou-se na década de 80 com a vinda de imigrantes de outras regiões do Brasil, devido incentivos do governo em abrir estradas na tentativa de interligar as regiões isoladas da Amazônia (estudos feitos pelo Instituto Evandro Chagas). No inicio da exploração do ouro as técnicas de exploração eram feitas de maneira rudimentar e manual, e é ai que entra o mercúrio, que era utilizado para separar o ouro do cascalho formando uma amalgama de ouro com mercúrio. A contaminação do meio ambiente começou a partir do momento que o homem precisava separar o ouro do mercúrio através do aquecimento para a evaporação do mesmo vindo a contaminar o ar, o solo e os rios na medida em que esse metal era despejado de maneira incorreta e descontrolada. Às margens do rio Tapajós ficam localizadas diversas comunidades que têm características típicas de comunidades ribeirinhas amazônicas. São geralmente, povoados ou vilas com bastantes semelhanças entre si, principalmente com respeito aos hábitos alimentares. A maioria tem como atividade a pesca, e o pescado como sendo a principal fonte de proteínas. No entanto, estudos realizados com pescados que são consumidos por essas comunidades têm mostrado que os mesmos possuem índices de contaminação mercurial. “Tal fato pode vir a colocar essas comunidades em risco de contaminação já que a via oral é uma das principais vias de incorporação do mercúrio na forma orgânica” (Pinheiro, 2000).

MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho foi realizado em duas comunidades (Vila Cacau e Panacauera), localizadas as margens do rio Tapajós, no estado do Pará. Foram coletadas amostras de cabelo das pessoas, inclusive crianças que residem nessas duas comunidades no ano de 2006, cerca de 4 a 5 gramas de cabelo. As amostras foram colocadas em envelopes de papel devidamente identificados com o nome da comunidade, da pessoa voluntária, sexo e idade. As amostras foram enviadas a Belém, especificamente para o Núcleo de Medicina Tropical, Laboratório de Ecotoxocologia da Universidade Federal do Pará (UFPA). As análises foram feitas pesando-se aproximadamente 10mg de cada material envelopado que posteriormente, foi devidamente lavado para a máxima descontaminação possível. Após a lavagem (procedeu-se a lavagem com água por três vezes e uma vez com solvente-Acetona), foram colocadas para secagem e seguida de uma trituração para que ficasse em forma de pó a fim de aumentar a superfície de contato na hora da determinação do mercúrio. O método de análise utilizado foi a determinação por digestão úmida envolvendo redução e espectrometria de absorção atômica por vapor frio (CVAAS) utilizando o aparelho Automatic Mercury Analyzer Model Hg-201 (Método Akagi).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na comunidade de Panacauera obtiveram-se alguns resultados, referentes à quantidade de mercúrio total em 10mg de cabelo analisados que são: 0,9µg/g; 1,8µg/g; 3,18µg/g; 3,6µg/g; 4,09µg/g; 4,54µg/g; 5,0µg/g; 7,7µg/g; 10 µg/g. Já na comunidade de Vila Cacau, obtivemos os seguintes valores, para a mesma quantidade em massa de cabelo: 0,95µg/g; 1,9µg/g; 2,85 µg/g; 3,8µg/g; 4,76µg/g; 5,71µg/g; 6,66µg/g; 7,61µg/g; 8,57µg/g; 9,52µg/g; 12,38µg/g. Esses valores são referentes aos resultados obtidos nas análises. As analises da quantificação do mercúrio total realizados nas amostras, mostraram diferentes concentrações na comunidade Panacauera, que variam de 0,9µg/g a 10µg/g. Na comunidade Cacau ocorreu a mesma variação de mercúrio total, sendo que teores variaram de 0,95 µg/g a 12,38µg/g. Segue abaixo os gráficos das respectivas comunidades e os valores quantificados.





CONCLUSÕES: A determinação do mercúrio total mostrou que as concentrações dos indivíduos das comunidades estudadas variam de acordo com a idade,pois a concentração de mercúrio encontrada em cada pessoa pode depender do grau de contato com o metal,ou seja,as pessoas que trabalham em garimpos possivelmente são as mais contaminadas,pois esse metal é bioacumulativo.Os estudos feitos levam a concluirmos que a concentração desse metal não atingiu o nível estabelecido pela Organização Mundial de Saúde,que é de 500μg/g,portanto os teores são considerados baixos se tratando de uma região controle.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Shriver, D. F. e Atkins, P. W. Química Inorgânica – Tradução da 3ª edição: Maria Aparecida Gomes. Editora Bookman. Porto Alegre, 2003.

Lee, J. D. Química Inorgânica não tão Concisa – Tradução da 5ª edição: Henrique E. Toma. Editora Edgard Blücher. São Paulo, 1999.

Manual de análise de mercúrio, Ministério do Meio Ambiente, Japão. Tradução de Terezinha M. Cid de Souza. Março de 2004.

Pinheiro, M. C. N. Avaliação da contaminação mercurial mediante análise do teor de Hg total em amostras de cabelo em comunidades ribeirinhas do Tapajós, Pará, Brasil . Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 4: 33(2):181-184, mar-abr, 2000. Acesso em: http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v33n2/v33n2a04.pdf , dia 10 de junho de 2009, às 16h39min .

Hacon, S; Azevedo, F. Plano regional para prevenção e controle da contaminação por mercúrio nos ecossistemas amazônicos. Plano de ação para a cooperação regional sobre a prevenção e controle da contaminação por mercúrio nos ecossistemas Amazônicos.Organização do Tratado para CooperaçãoAmazônica (OTCA) e Ministério do Meio Ambiente do Brasil(MMA) 95. Abr, 2006. Acesso em: http://www.otca.org.br/imagens/br/documentos/mercurio_port.pdf, dia 10 de junho de 2009, às 16h41min.

SA, Andréa Lima de, HERCULANO, Anderson Manoel, PINHEIRO, Maria da Conceição et al. Exposição humana ao mercúrio na região Oeste do Estado do Pará. Rev. Para. Med., mar. 2006, vol.20, no.1, p.19-25. ISSN 0101-5907. Acesso em: http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-59072006000100004&lng=pt&nrm=iso , dia 10 de junho de 2009, às 17h04min.
Wasseman, J. C; Hacon, S. S; Wasseman, M. A. O ciclo do mercúrio no ambiente amazônico. Mundo & vida vol. 2 8. Fev, 2001. http://www.uff.br/cienciaambiental/mv/mv2/MV2(1-2)46-53.pdf, dia 10 de junho de 2009, às 17h10min.
Shiamada, A. L. B; Zanella, G. N; Junior, M. M; Nishiama, P. Exposição ocupacional ao mercúrio metálico. I congresso de farmácia de Maringá 1. 2006. Arq Mudi. 2007.Acesso em: http://www.pec.uem.br/pec_uem/revistas/arqmudi/volume_11/suplemento_01/Shimada%20etal.pdf , 10 de junho de 2009, às 17h18min.

Cardoso, P. C. S; Lima, P. L. Efeitos biológicos do mercúrio e seus derivados em seres humanos. Trabalho realizado no Laboratório de Citogenética Humana do Departamentode Biologia do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará. Apoio: UFPA, CNPq 18. 2002. Acesso em: http://www.facome.uqam.ca/pdf/cardoso_2002.PDF , 10 de junho de 2009, às 18h15min.