ÁREA: Química Analítica
TÍTULO: AVALIAÇÃO DO EFEITO DA TEMPERATURA NA ACIDEZ DO ÓLEO DE SEMENTES DE ACROCOMIA ACULEATA (JACQ.) LODD. EX. MARTIUS (ARECACEAE)
AUTORES: ARRUDAS, S. R (UNIMONTES) ; RIBEIRO, L.M (UNIMONTES) ; OLIVEIRA, D. A (UNIMONTES) ; ALMEIDA, D. F. R (UNIMONTES) ; FERREIRA, P. R.B (UNIMONTES)
RESUMO: Uma das principais características para avaliação da qualidade do óleo é o grau de acidez e a degradação do óleo em função da temperatura. Neste sentido o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da temperatura na acidez do óleo da semente de Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. Os tratamentos de aquecimento foram aplicados em duas condições: sementes submetidas a aquecimento em estufa a 105°C e 150°C e óleo previamente retirado das sementes também submetido a aquecimento em estufa nas mesmas temperaturas. A acidez do óleo extraído das sementes à temperatura ambiente foi de 1,37%. A análise de variância evidenciou efeito da condição de aquecimento (p< 0,0001), da temperatura (p<0,0001) e interação entre os fatores (p< 0,0001).
PALAVRAS CHAVES: óleo, acidez, temperatura
INTRODUÇÃO: Os óleos vegetais são constituídos principalmente de triacilgliceróis (> 95 %) e pequenas quantidades de mono e diacilgliceróis. São produtos naturais constituídos da mistura de ésteres derivados do glicerol, cuja cadeia de ácidos graxos contém de 8 a 20 átomos de carbono (LEHNINGER, 1995). A composição química e o grau de insaturação desses compostos variam conforme a espécie oleaginosa. Dentre estas diversas espécies, a palmeira macaúba apresenta grande potencial para produção de óleo com vasta aplicação nos setores industriais e energéticos, com vantagens sobre outras oleaginosas, principalmente quanto a sua maior rentabilidade agrícola e produção total de óleo (ROLIM,1981). A bocaiúva ou macaúba pertence à família Arecaceae, a espécie Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. é encontrada em grande parte do território brasileiro e está amplamente distribuída nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (SCARIOT et al. 1991, 1995; SILVA, 1994; LORENZI et al., 2004).
Uma das características que se torna necessário à modificação para uma melhor aplicação é a acidez do óleo, uma das principais características que tem importante impacto sobre seu preço e aproveitamento na indústria química. As diferenças observadas na acidez do óleo não são características do genótipo, mas refletem principalmente as condições de armazenamento a que o material foi submetido. (ARAÚJO et al, 2006).
Neste sentido o objetivo deste trabalho é avaliar o teor de acidez do óleo de sementes de macaúba submetidas a diferentes temperaturas.
MATERIAL E MÉTODOS: O experimento foi conduzido no laboratório de micropropagação vegetal e no laboratório de métodos analíticos da Universidade Estadual de Montes Claros. Utilizaram-se sementes de macaúba oriundas de uma população natural no município de Montes Claros – MG, distrito de Riachão. Os frutos foram quebrados em um torno para a retirada das sementes. Utilizou-se 60 sementes que foram beneficiadas pelo método de extração por prensagem a frio, utilizando uma prensa mecânica adaptada, desenvolvida por professores e acadêmicos da equipe técnica deste projeto. Os tratamentos de aquecimento foram aplicados em duas condições: sementes submetidas a aquecimento em estufa a 105°C e 150°C e óleo previamente retirado das sementes também submetido a aquecimento em estufa nas mesmas temperaturas.
O experimento foi estabelecido em delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 2 (condição de aquecimento: sementes e óleo ) X 2 (temperaturas), sendo a temperatura ambiente considerada tratamento adicional. Utilizou-se quatro repetições de 5g de óleo ou 10g de sementes, suficientes para obtenção da mesma quantidade de óleo.
Avaliou-se o teor de acidez do óleo, por titulação em triplicata, segundo metodologia do Instituto Adolf Lutz.
Utilizou-se análise de variância e sendo constatada diferença significativa entre os tratamentos, pelo teste F, as médias foram comparadas pelos teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Figura 1 mostra o efeito da temperatura e da condição de aquecimento sobre a acidez do óleo da semente de macaúba. As letras minúsculas diferentes indicam divergências significativas entre as condições de aquecimento em cada temperatura e as letras maiúsculas diferentes indicam divergências entre temperaturas em cada condição de aquecimento. O asterisco indica divergência em relação à temperatura ambiente. Avaliações pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
A acidez após aquecimento à temperatura de 105ºC foi equivalente nas duas condições e não divergiu da acidez à temperatura ambiente quando o óleo foi aquecido. Quando a semente foi aquecida à 105ºC percebeu-se redução da acidez em relação à acidez à temperatura ambiente. O aquecimento à temperatura de 150ºC proporcionou aumento da acidez nas duas condições de aquecimento, sendo que esta temperatura proporcionou maior acidez na condição em que o óleo foi aquecido. Neste tratamento térmico, a acidez foi estatisticamente superior à acidez à temperatura ambiente quando o óleo foi aquecido, mas esta divergência não aconteceu quando as sementes foram aquecidas.
CONCLUSÕES: Verificou-se que acidez do óleo a temperatura ambiente foi de 1,37. Na temperatura de 105ºC não houve diferenças significativas entre a acidez do óleo nas duas condições de tratamento. Na temperatura de 150ºC houve variação significativa da acidez, principalmente para o óleo tratado após a extração, indicando estatisticamente que a quando o óleo foi aquecido, a acidez foi superior em relação ao aquecimento da semente.
AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem a Unimontes, pela disponibilização dos laboratórios para a realização deste trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ARAÚJO, J. B.; SEVERINO, L.S.; LUCENA, A.M.A.; FREIRE, M.A.O.; GUIMARÃES, M.M.B0.; BELTRÃO, N.E.M. Índice de acidez do óleo de quatro cultivares de mamona extraído por mini-prensa laboratorial. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, II. Aracaju, SE, 2006. 01 CD.
LEHNINGER, A.; NIELSON, D.L.; COX, M.M. Bioquímica. 3.ed. New York: Worth Publisher, 1995. 1152p.
LORENZI, H.; SOUZA, H. M. de.; COSTA, J. T. de M.; CERQUEIRA, L. S. C. de.; FERREIRA, E. Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2004. 432p.
ROLIM, A. A. B. Óleos vegetais: usos gerais. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 7, n. 82, p. 17-22, 1981
SCARIOT, A.; LLEARAS, E.; HAY, J.D. Reprodutive biology of the palm Acromia aculeata in Central Brazil. Biotropica, Washington, v. 23, n.1, p.12-22, 1991.
SILVA, J. C. Macaúba: fonte de matéria-prima para os setores alimentício, energético e industrial. 1994, 41 p. Trabalho de conclusão da disciplina (Cultivo de essências exóticas e nativas) - Departamento de Engenharia Florestal, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.