ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DE TETRACICLINA E CEFALEXINA EM SÍLICA QUIMICAMENTE MODIFICADAS

AUTORES: NETTO, D. (UFRGS) ; PIZZOLATO, T.M. (UFRGS) ; DOS SANTOS, J.H.Z. (UFRGS)

RESUMO: Sílicas quimicamente modificadas foram avaliadas na adsorção de dois fármacos: Tetraciclina (TC) e Cefalexina (CEFA). A capacidade de retenção destes materiais foi acompanhada utilizando-se medidas de Espectroscopia de Reflectância Difusa (DRS) no UV-vis, antes e após a etapa de retenção, na concentração inicial de TC de 7 mg L-1 e CEFA de 5 mg L-1 . As recuperações foram calculadas comparando-se as absorbâncias em comprimento de onda de 364 nm para TC e comprimento de onda de 330 nm para CEFA, das soluções metanólicas dos analitos dessorvidos das fases sólidas. Para as fases sólidas estudadas, a recuperação da TC ficou abaixo de 25%. Os resultados de DRS mostraram que a baixa recuperação deve-se baixa retenção da TC na própria FS e apenas em alguns casos é devido à retenção irreversível.

PALAVRAS CHAVES: sílicas híbridas, antibióticos, extração em fase sólida

INTRODUÇÃO: Os fármacos aparecem como um grupo de poluentes emergentes ambientais sobre os quais vem sendo feitos estudos tanto no que se referem as metodologias para quantificação como o desenvolvimento de sistemas avançados para remoção e/ou degradação dos mesmos. As principais características deste grupo de compostos é o fato de que muitos deles resistem à decomposição podendo chegar inalterados no ambiente, como, por exemplo, os efluentes urbanos. No meio ambiente, a presença desses fármacos encontram-se em níveis de traço e sua quantificação exigem técnicas de pré-concentração. A técnica de extração em fase sólida (SPE, do inglês: solid-phase extraction) é uma alternativa prática para pré-concentração de amostras ambientais. A SPE vem sendo cada vez mais aplicada como técnica seletiva de preparação de amostra. A seletividade da SPE depende da escolha adequada do adsorvente e do solvente utilizado para a eluição. Quantificações de fármacos em meio aquoso em nível de traços (visando a amostras aquosas ambientais) é uma área mais recente e poucos trabalhos utilizam SPE para pré-concentrar os analitos. [1]
Neste trabalho foi avaliada a pré-concentração TC e CEFA, frente a fases sólidas a base de sílicas modificadas.


MATERIAL E MÉTODOS: Inicialmente foram preparadas as soluções de trabalho de TC e CEFA, com concentrações de 6,96 mg/L e 4,74 mg/L, respectivamente, que foram utilizadas para a SPE. Os experimentos de SPE foram divididos em duas etapas: A e B. As partes de preparo dos cartuchos, condicionamento e percolação da amostra são comuns às duas etapas. Porém, na etapa A, os 100 mL de solução percolados foram recolhidos e armazenados para posterior análise. Já na etapa B a solução não é recolhida, mas é feita a eluição dos analitos. Cada cartucho foi preenchido com aproximadamente 150 mg da fase sólida. As seguintes fases sólidas foram utilizadas: C18 comercial, Chrom-P comercial, CP2ZrCl2/C18, SG 2A [2], SG 10A [2], SG 100 [2], TiO2/SiO2+C18, Zr/SiO2+C18 e Si+Cu(50%). O condicionamento das sílicas foi feito com 5 mL de metanol e 5 mL de água, percolados pelo cartucho antes da solução. O metanol desta etapa foi recolhido para descarte adequado. O condicionamento é feito a fim de ativar a fase sólida. Foram percolados 100 mL da solução preparada de cada fármaco por cada sílica selecionada. A eluição foi feita com 5 mL de metanol, percolados após a solução contendo os analitos. Só foi feita eluição na parte B dos experimentos a fim de comparar as fases sólidas e soluções por elas percoladas. As soluções aquosas e metanólicas de Tetraciclina e Cefalexina foram analisadas em um espectrofotômetro UV-Vis, onde foram feitas varreduras de 300 a 500 nm. As análises das fases sólidas foram realizadas em um espectrofotômetro de UV/Vis acoplado a um acessório para a operação em modo de refletância difusa (DRS) Carrion 100 da Varian. As varreduras foram realizadas na faixa de 200 a 800 nm. Fases foram monitorados por FT-IR (Bomem) por análise das fases dispersas em KBr.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os valores de absorbância lidos para as soluções dos fármacos e seus respectivos eluídos obtidos pelas medidas de espectroscopia na região do ultravioleta e visível, bem como as recuperações que foram determinadas por comparação das absorbâncias das soluções padrão de TC e CEFA em metanol com as absorbâncias dos eluidos também em metanol, para cada caso, estão listadas na Tabela 1.
Foram analisados por DRS, as fases sólidas antes de passar a solução contendo os analitos, após a passagem da solução, mas antes da eluição e após a eluição com metanol.
A comparação entre os espectros obtidos permitiu verificar, que na FS C18 parte da TC fica irreversívelmente retida e apenas parte é eluída com metanol, por isso o baixo valor de recuperação, o mesmo é observado para a FS CP2ZrCl2/C18. Para Chrom-P, SG 2A, SG 10A e TiO2/SiO2 observamos que toda TC é eluída pelo metanol, no entando a baixa recuperação se deve a baixa retenção inicial. Em Zr/SiO2+C18 toda a TC fica retida irreversivelmente na FS, o mesmo ocontece com SG 100, o que também acarreta em baixos valores de recuperação. Espectros de absorciometria por FT-IR comprovaram a presença do fármaco.



CONCLUSÕES: Na concentração estudada, verifica-se baixa recuperação da TC para todas as fases sólidas. Este fato deve-se principalmente à baixa retenção da TC na própria FS e apenas em alguns casos é devido à retenção irreversível (incapacidade do metanol em deslocar a TC adsorvida na superfície da FS). Outras avaliações que ainda estão sendo realizadas, mostram que este fato é devido a baixa concentração, pois em concentrações maiores, já temos valores de recuperação melhores para a TC. No caso da CEFA, os dados ainda estão sendo finalizados, não sendo possível discutir adequadamente os resultados.

AGRADECIMENTOS: ao CNPq, pela PIBIC

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1] Santos, J. H. Z. dos; Pizzolato, T. M.; Cunha, A. C. da. Desenvolvimento de metodologia analítica para quantificação de fármacos em meio aquático por Extração em Fase Sólida e HPLC. Revista Ciências Ambientais, v.1, n.2, p. 19 a 34, 2007.

[2] Brambilla, R. Sílicas funcionalizadas com octadecilsilano pelos métodos Sol-Gel e Grafting. 2007.