ÁREA: Bioquímica e Biotecnologia

TÍTULO: COMPOSIÇÃO LIPÍDICA, TEOR DE FENÓIS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DA CASTANHA DE CAJU (Anacardium occidentale L.) DOS CLONES CP 06 e 76.

AUTORES: COSTA OLIVEIRA, M. S. (UECE) ; MORAIS, S. M. (UECE) ; ALEXANDRINO, C. D. (UECE) ; SILVA, J. A. (UECE) ; BARROSO, N. D. (UECE) ; BATISTA, W. P. (PADETEC) ; VIEIRA, I. G. P. (PADETEC)

RESUMO: As sementes do caju são altamente nutritivas, estimulantes, porque encerram, além de 9,7% de proteínas e 5,9% de amido, 47,13% de óleo amarelo fino e doce. Foram utilizados Clones de Cajueiro-anão-precoce (Anacardium occidentale L.) clones de castanha CP 06 e 76, obtidos na EMBRAPA em Pacajus-CE. A extração dos lipídeos totais foi feita com clorofórmio. A atividade antioxidante analisada pelo método do radical DPPH (Yepez et al., 2002). O percentual de lipídios desses clones de castanha de caju (CP 06 e CP 76) está dentro do esperado, já que a amêndoa é uma semente oleaginosa. A atividade antioxidante no clone CP 06 apresentou-se melhor, pois o mesmo possui maior quantidade de fenóis. Os ácidos graxos presentes são na maioria insaturados, fato que facilita a resistência dos clones á seca.

PALAVRAS CHAVES: castanha de caju, fenóis, antioxidante

INTRODUÇÃO: O melhoramento genético do cajueiro-anão precoce, no Brasil, iniciou-se com a introdução de plantas no Campo Experimental de Pacajus, em 1956, seguido de seleção fenotípica individual com controle anual da produção, clonagem e avaliação clonal. Esse clone foi selecionado em 1979, a partir da planta matriz de cajueiro CP 06 (Cajueiro de Pacajus), do lote de plantas do tipo anão precoce, introduzidas por sementes coletadas no Município de Maranguape, CE, em 1956, avaliada durante 15 anos, no Campo Experimental da Embrapa Agroindústria Tropical, em Pacajus, CE. Clone CP 76 foi obtido no ano de 1979, a partir da planta matriz de cajueiro, proveniente do mesmo lote da CP 06, também avaliada por 15 anos. Esse clone foi lançado para o plantio comercial no ano de 1983 (PAIVA & BARROS, 2004). As sementes do caju são altamente nutritivas, estimulantes, porque encerram, além de 9,7% de proteínas e 5,9% de amido, 47,13% de óleo amarelo fino e doce, cuja densidade é de 0, 916 e de natureza quase idêntica àquela do óleo de amêndoas doces: o óleo contido na casca é muito corrosivo; formada por alquil-fenóis principalmente de cardol, ácido anacárdico, e volatiza-se, porque tem a densidade de 1,014. Os lipídios desempenham um importante papel no que respeita à qualidade de certos produtos alimentares, particularmente em relação às propriedades organolépticas que os tornam desejáveis (flavor, cor, textura). Por outro lado, conferem valor nutritivo aos alimentos, constituindo uma fonte de energia metabólica de ácidos graxos essenciais (ácidos linoléico, linolênico e araquidônico) e de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K). O objetivo deste estudo foi determinar a associação entre o teor de fenóis totais e a atividade antioxidante presentes nos clones CP 06 e 76.

MATERIAL E MÉTODOS:
• Foram utilizados Clones de Cajueiro-anão-precoce (Anacardium occidentale L.) clones de castanha CP 06 e 76, obtidos do banco de germoplasma da Estação Experimental da EMBRAPA Agroindústria Tropical em Pacajus-CE.

• Determinação da composição de ácidos graxos
A extração dos lipídeos totais foi feita segundo o método de BLIGH & DYER (1959), a partir de 10 g da amostra. Para obtenção dos ácidos graxos livres, os lipídeos foram primeiramente saponificados e metilados, segundo o método de METCALFE et al. (1954). Os ésteres metílicos foram dissolvidos em 500 L de clorofórmio e armazenados em congelador a – 30oC até o momento de serem analisados por cromatografia de fase gasosa, acoplada a espectrofotometria de massa no PADETEC – UFC.

• TEOR DE FENÓIS

Os fenóis solúveis foram quantificados segundo o método de Folin-Dennis (PANSERRA et al. 2003).


• Determinação da Atividade Anti-Radical Livre DPPH
De acordo com YEPEZ et al. (2002), em um tubo de ensaio, colocam-se 3,9 ml de solução metanólica 6,5 x 10-5 M do radical livre DPPH e, em seguida, adiciona-se 0,1 ml de solução metanólica de lipídio (100 ppm; 1 mg / 10 mL). As leituras são feitas em espectrofotômetro a 515 nm em diferentes tempos (0 a 60 min). Para o cálculo do potencial de inibição do DPPH da amostra, em percentual (PI%) utiliza-se à fórmula:

PI = ADPPH - AAMOSTRA/ ADPPH x 100




RESULTADOS E DISCUSSÃO: O percentual de lipídios desses clones de castanha de caju (CP 06 e CP 76) está dentro do esperado, já que a amêndoa é uma semente oleaginosa (Tabela 1), valores semelhantes foram encontrados por VENKATACHALAM & SATHE (2006). Visto por LIMA et al. (2004), que o percentual de lipídios totais em da castanha é de 46,64 %. A atividade antioxidante dos extratos alcoólicos foi avaliada pelo ensaio do radical livre DPPH. O percentual de varredura do radical DPPH na concentração de 10.000 ppm para os extratos da castanha dos clones analisados foi de 49 % e 16,01 %, respectivamente. Os ácidos graxos presentes nos clones foram ácido palmítico (16:0), palmitoléico (16:1), esteárico (18:0), oléico (18:1), linoléico (18:2) e Eicosaenóico (20:1), Tabela 02. O índice de insaturação do clone CP 76 é mais elevado, confirmando o melhoramento genético a ele aplicado, pois o mesmo foi desenvolvido para plantio em sequeiro (CAVALCANTI JR., 2003). Como os ácidos graxos são componentes das membranas celulares, a diminuição do teor de ácidos graxos poliinsaturados, acompanhado de aumento no teor de ácidos graxos saturados condiciona uma maior rigidez às membranas celulares (COSTA OLIVEIRA, 2001).
Visto por SOONG & BARLOW (2004) que o conteúdo de fenóis totais está diretamente relacionado com a atividade antioxidante, analisando várias frutas com poder antioxidante como manga e tamarino. Portanto maior quantidade de fenóis melhor atividade antioxidante. Então nossos resultados encontram-se dentro do padrão esperado, o clone CP 06 que apresentou a maior quantidade de fenóis, também se apresentou melhor antioxidante.








CONCLUSÕES: Além das propriedades organolépticas que a castanha possui, ela é um alimento com elevado teor de fenóis, que a torna um excelente antioxidante, podendo ser um importante alimento da dieta, por seu efeito positivo para saúde. O percentual de lipídeos e ácidos graxos obtidos foram satisfatórios ao melhoramento genético que esses clones sofreram. Logo as variedades genéticas com maior resistência á seca são de extrema importância para a cadeia produtiva do caju.




AGRADECIMENTOS: Ao Parque Tecnológico do Ceará – PADETEC pela utilização dos equipamentos e EMBRAPA – Agroindústria Tropical pelo fornecimento das matérias-primas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BLIGH E. G. & DYER W. J., 1967. A rapid method of total lipid extraction and purification. Can Journal Biochemistry Physiology. 37: 911-917.
CAVALCANTI JUNIOR A. T., MATOS N. N., SILVEIRA J. A. G., 2003. Comportamento Estomático do Porta-nxerto CCP 06 e da Muda Enxertada CCP 76/06, Submetidos aos Estresses Hídrico e Salino. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 9.
COSTA OLIVEIRA, M. S., 2001. Estudo da composição lipídica e efeitos do estresse hídrico em membranas foliares de cajueiro-anão-precoce (Anacardium occidentale L.) Dissertação de Mestrado, p. 45, Departamento de Bioquímica, UFC, Fortaleza, CE.
METCALFE, I. D.; SCHEMITZ, A. A.; PELKA, J. R., 1966. Rapid preparation of fatty acid esters from lipids for gas chromatographic analysis. Analytical Chemistry, 38: 514-515.
PAIVA, JOÃO RODRIGUES DE, LEVI DE MOURA BARROS. 2004. Clones de Cajueiro: Obtenção, Características e Perspectivas Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 26 p. (Embrapa Agroindústria Tropical. Documentos, 82).

PANSERA, M. R.; SANTOS, A. C. A.; PAESE, K.; WASUM, R.; ROSSATO, M.; ROTA, L. D.; PAULETTI, G. F.; SERAFINI, L. 2003. A. Análise de taninos totais em plantas aromáticas e medicinais cultivadas no Nordeste do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Farmacognosia, vol.13, no.1, p.17-22.

SOONG YEAN-YEAN & PHILIP J. BARLOW. 2004. Antioxidant activity and phenolic content of selected fruit seeds. Food Chemistry 88: 411–417.

VENKATACHALAM M. & SHRIDHAR K. SATHE. 2006. Chemical Composition of Selected Edible Nut Seeds. J. Agric. Food Chem. 54: 4705-4714.

YEPEZ, B.; ESPINOSA, M.; LOPEZ, S.; BOLANOS, G. 2002. Producing antioxidant fractions from herbaceuos matrices by supercriticalfluid extraction. Fluid Phase Equilibra, 254:879-884.