ÁREA: Alimentos

TÍTULO: DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS BIOQUÍMICOS DO CAQUI RAMA-FORTE (Diospyrus kaki L.) NO PONTO DE COLHEITA.

AUTORES: BOMFIM, M. P. (UNESP) ; SEGANTINI, D. M. (UNESP) ; ROCHA, S. A. (UNESP) ; BARROS, J.A.C. (UNESP) ; LIMA, G.P.P. (UNESP) ; ROSSETTO, M.R.M. (UNESP)

RESUMO: Diversos estudos têm demonstrado que o consumo de substâncias antioxidantes na dieta diária pode produzir uma ação protetora contra os processos oxidativos que naturalmente ocorrem nos organismos. De acordo com essa premissa, o presente trabalho teve por objetivo avaliar as propriedades nutricionais e funcionais do caqui Rama-Forte. Os resultados obtidos mostraram que esta fruta ao ser tratada com etanol, diminui o conteúdo de compostos fenólicos e flavonóides. Os valores de carotenóides são mais baixos no início da colheita, corroborando com os dados da literatura. Os teores de vitamina C foram altos quando comparados a outras cultivares e não diminuíram com a aplicação de etanol. Entretanto, o conteúdo de proteínas no caqui Rama-Forte são menores quando comparados a outras cultivares.

PALAVRAS CHAVES: diospyrus kaki, compostos bioativos, proteínas e vitamina c.

INTRODUÇÃO: A crescente preocupação com a saúde humana tem pro¬movido uma grande demanda pelo consumo de frutas, in natura e processadas. Na indústria, as frutas processadas podem ser utilizadas como ingredientes na formulação de diversos alimentos, tais como produtos de confeitaria, sorvetes, sobremesas congeladas, cereais, saladas de frutas e iogurtes (TORREGGIANI & BERTOLO, 2001). Dentre as frutas processadas, o caqui desidratado pode constituir matéria-prima alternativa para diversas preparações alimentícias. Em todos esses casos é desejável que a cor, o aroma e o sabor dos frutos sejam mantidos o mais próximo possível do original, preferencialmente sem a utilização de aditivos (MALTINI, 1993).Qualquer que seja a variedade considerada, o fruto do caquizeiro possui grande quantidade de polpa, com alta con¬centração de compostos antioxidantes. Alguns ensaios biológicos já observaram o efeito inibitório do extrato desta fruta (pela presença dos tipos de compostos fenólicos) em células linfóides (ACHIWA et al., 1997). Atualmente, sabe-se que certas classes de antioxidantes, especialmente os compostos fenólicos presentes em frutas e vegetais, também podem prevenir a peroxidação lipídica e várias outras espécies radicalares que quando em excesso são responsáveis pelo desencadeamento de diferentes vias metabólicas relacionadas à processos inflamatórios que dão origem a doenças crônico-degenerativas, ao câncer e também ao próprio envelhecimento celular (PIETA, 2000). Porém, pesquisas que envolvam a quantificação dessas substâncias em caqui, principalmente no Brasil, são escassas (FERRARI & TORRES, 2002). Este trabalho teve como objetivo determinar os níveis de compostos fenólicos (incluindo os flavonóides), carotenóides, teor de vitamina C e proteínas do caqui Rama-Forte.

MATERIAL E MÉTODOS: Os frutos de caqui (Diospyros kaki L. var. Rama-Forte) foram adquiridos no pomar da fazenda Avaré Frutas, localizada no município de Avaré – SP (48° 55’ O e 23° 06’ S). Após a colheita, os frutos foram destanizados através de tratamento térmico com álcool etílico durante 24 horas. Foi realizada uma seleção dos frutos com a finalidade de homogeneizar o lote. Foram considerados atributos de qualidade: cor (coloração alaranjada: ponto de colheita), forma, tamanho, firmeza e ausência de injúrias ou doenças. O presente foi constituído de 5 parcelas, sendo cada uma composta por 6 frutos, totalizando 30 frutos.
As amostras foram congeladas em nitrogênio líquido e armazenadas a -20 ºC. O teor de compostos fenólicos foi realizada por espectrofotometria com o auxílio do reativo de Folin-Ciocalteau (SINGLETON et al. 1999). Os flavonóides totais foram extraídos segundo AWAD et al. (2000) e quantificados de acordo com otimizações de POPOVA et al. (2004). Os carotenóides foram determinados segundo SIMS & GAMON (2002). A vitamina C foi realizada segundo TERADA et al. (1979) e as proteínas totais foram determinadas por Kjeldahl, de acordo com o metodo preconizado pela AOAC (1995).


RESULTADOS E DISCUSSÃO: A tabela 1 mostra que o caqui Rama-Forte contém menor teor de compostos fenólicos com relação ao Mopan (CHEN et al., 2008). Entretanto, assemelham-se aos encontrados em pêssegos por GIL et al. (2000). Segundo CANTILLANO (1998) a variação de fenóis nos frutos se deve à possível deterioração dos tecidos e à perda da estrutura da membrana celular. Outra causa pode ser o efeito do etanol que podem diminuir o teor de compostos fenólicos totais, incluindo os flavonóides. IKEGAMI et al. (2007) que ao estudar a influência da aplicação de etanol no acúmulo de taninos, perda de peso e expressão gênica das enzimas chaves da síntese de flavonoides: fenilalanina-amonio-liase, chalcona-sintase e dihidroflavonol-redutase, verificaram inibição dos transcritos gênicos de todas essas enzimas com concomitante queda nos níveis de taninos, através da aplicação de etanol (5%), sendo que em frutos controle foram observados níveis constantes de transcritos de todas estas enzimas durante o período avaliado. Portanto, de acordo com os dados observados por estes autores, acredita-se que o processo de destanização foi responsável pelos menores teores destes compostos. A concentração de ácido ascórbico (Tabela 1) nesta cultivar são maiores aos observados por ELIAS et al. (2008). Em contraposição aos dados observados por BLUM et al. (2008) não se observou diminuição de vitamina C com a aplicação de etanol . Assim como relatado por CARVALHO et al. (1998), após a colheita, os caquis contém teores abaixo de 1mg/ 100g de carotenóides totais o que corrobora com os dados deste trabalho (Tabela 1). Entretanto, com relação aos teores protéicos ELIAS et al. (2008), observaram cerca de 0,53 g.100 g¬-1 na variedade Fuyu, já na Rama-Forte observou-se teores pouco menores, assim como demonstrado na tabela 1.



CONCLUSÕES: O caqui Rama-Forte é uma variedade com altos teores de vitamina C, contendo boas concentração de fenóis, flavonóides e carotenóides, sendo resistente à perdas de ácido ascórbico pelo uso do etanol, porém apresenta um teor pouco menor de proteína com relação à outras cultivares.

AGRADECIMENTOS: À Fapesp pelo apoio financeiro e científico. À fazenda Frutas Avaré pela doação dos frutos. Ao técnico contratado pela Fapesp: José Arnaldo Carvalho.

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