ÁREA: Química Orgânica

TÍTULO: Estudo da atividade anticolinesterásica do triterpeno Lupeol isolado da espécie Byrsonima sericea (Malpighiaceae)

AUTORES: COSTA, S. M. O. (UECE) ; MORAIS, S. M (UECE) ; CAVALCANTI, E. S. B. (UECE) ; MENEZES, J. E. S. A. (UECE) ; ALVES, F. S. L. (UECE) ; MOREIRA, D. S. (UECE) ; CAVALCANTE, P. O. (UECE) ; SOUSA, L. S. (UECE)

RESUMO: O presente trabalho descreve o isolamento de um triterpeno, Lupeol, da Fração Clorofórmica da espécie Byrsonima sericea, popularmente conhecida como murici da praia ou murici do brejo. Foi realizada avaliação da sua atividade anticolinesterásica contra a doença de Alzheimer seguindo-se a metodologia de Elmann, adaptada por Rhee, para cromatografia em camada delgada. O Lupeol apresentou halo de inibição no valor de 0,9cm indicando uma boa atividade quando comparada ao padrão Carbachol que possui halo de inibição de 1,1cm.

PALAVRAS CHAVES: byrsonima sericea, lupeol, atividade anticolinesterásica

INTRODUÇÃO: Byrsonima sericea da família Malpighiaceae, conhecida popularmente como murici da praia ou murici do brejo, é uma espécie de ampla distribuição geográfica e que ocorre em ambientes de matas, sendo predominante nas áreas mais ensolaradas. Sua altura média é de 6 a 10 metros. Suas flores são amareladas formando cachos de 1 a 15 centímetros. Seus pequenos frutos têm gosto ácido, são bacáceos e comestíveis, sendo bastante consumido principalmente entre as populações de baixa renda. É geralmente encontrada no litoral em uma faixa que se inicia no Ceará e se estende até o Acre. Esta planta é utilizada popularmente no tratamento de diabetes e disfunções gastrointestinas e revelou o melhor poder antioxidante do extrato metanólico das folhas, frente ao radical livre DPPH entre várias plantas medicinais analisadas por Boscolo et al. (2007). Esta espécie apresenta triterpenos que têm despertado bastante interesse nas últimas décadas por possuírem inúmeras atividades terapêuticas, tais como antiinflamatória, anticâncer, antiviral, antibacteriano, antifúngico e inibidores da enzima acetilcolinesterase. (Bandeira et al., 2007). O estudo da atividade anticolinesterásica é de grande importância, principalmente, na prevenção do mal de Alzheimer, que é uma patologia neurodegenerativa caracterizada pela perda das capacidades cognitivas superiores, ocasionando em perda de memória. Uma das alternativas para tratar esta doença é aumentar o nível do neurotransmissor acetilcolina (ACh) no cérebro usando inibidores da enzima acetilcolinesterase (AchE). (Filho et al., 2006)
Este trabalho consiste em descrever a atividade anticolinesterásica do triterpeno lupeol isolado da espécie Byrsonima sericea.


MATERIAL E MÉTODOS: As folhas da planta foram colocadas em recipiente de vidro com álcool etílico durante o período de uma semana para obtenção do extrato etanólico (EEBS), que foi submetido a uma cromatografia filtrante em coluna de sílica gel. A eluição da coluna foi feita com os seguintes solventes em ordem crescente de polaridade: hexano, clorofórmio, acetato de etila e metanol, obtendo-se as frações dos respectivos solventes. Por conseguinte, foi realizada a cromatografia em coluna de sílica gel da Fração Cloroformica (FCBS) obtendo um sólido que após sucessivas lavagens levou ao isolamento do triterpeno lupeol. O estudo da atividade anticolinesterásica consiste em um ensaio baseado no método colorimétrico de ELLMAN (1961) adaptado para cromatografia em camada delgada por RHEE et al. (2001). Neste ensaio, utiliza-se a solução dos reagentes ácido 5,5’-ditiobis-2-nitrobenzóico (DTNB) e iodeto de acetilcolina (ATCI) em tampão e, posteriormente, aplica-se a enzima AChE (3 U/mL). A visualização da inibição dá-se pela observação de halos brancos. As amostras foram aplicadas na cromatoplaca, após a evaporação do solvente pulverizou-se o substrato (ATCI, 1mM em tampão) e o reagente de Ellman (DTNB, 1 mM em tampão 1), aguardou-se a secagem por 3 a 5 minutos e borrifou-se a enzima a uma concentração de 3 U/mL, após aproximadamente 10 minutos a cromatoplaca desenvolveu uma coloração amarela. O aparecimento de halos em tornos dos ´spots´ das amostras são indicativos de que ocorreu a inibição da enzima AChE, responsável pela hidrólise do substrato. Finalmente o tamanho dos halos medidos foi comparado com o padrão Carbachol.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: As folhas do muruci foram coletadas no campus do Itaperi da Universidade Estadual do Ceará, em dezembro de 2008. Após secagem à temperatura ambiente, foram submetidas à extração com etanol à frio por um período de sete dias. A solução resultante, filtrada e destilada sob pressão reduzida, forneceu um material denominado Extrato Etanólico da Byrsonima sericea (EEBS). O EEBS foi fracionado em coluna filtrante, utilizando-se sílica gel 60 e eluído com mistura de solventes orgânicos em ordem crescente de polaridade (hexano, clorofórmio, acetato de etila e metanol). A fração clorofórmio do EEBS foi submetida a sucessivas colunas cromatográficas para isolamento do triterpeno lupeol, cuja elucidação foi feita através da análise dos espectros IV, RMN de 1H, 13C, incluindo DEPT, COSY, HSQC e HNBC. Os espectros mostraram sinais característicos de triterpeno hidroxilado. O triterpeno lupeol foI avaliado quanto ao potencial anticolinesterásico de acordo com a metodologia de Ellman, modificada por Rhee, tendo como padrão a carbachol. Como se pode observar na Tabela 1 o triterpeno lupeol demonstrou um resultado positivo frente à inibição da enzima acetilcolinesterase, possuindo na cromatoplaca um valor de halo de inibição (no valor 0,9cm) próximo ao padrão carbachol (1,1cm).



CONCLUSÕES: Os excelentes resultados obtidos na atividade anticolinesterásica do lupeol estimula a continuação das investigações, visando o isolamento biomonitorado e a identificação de mais substâncias que possam ser testadas inclusive, em outros ensaios biológicos bem como na produção de novos fármacos ou fitoterápicos.

AGRADECIMENTOS: A UECE pelas bolsas concedidas e a FUNCAP que viabilizou o orçamento do projeto.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BANDEIRA, P. N.; LEMOS, T. L. G.; COSTA, S. M. O.; SANTOS, H. S. 2007. Rev. Bras. Farmacogn. 17, 204-208.

FILHO, J. M. B.; MEDEIROS, K. C. P.; DINIZ, M. F. F. M.; BATISTA, L. M.; FILHO, P. F. A.; SILVA, M. S.; CUNHA, E. V. L.; ALMEIDA, J. R. G. S. e JÚNIOR, L. J. Q. 2006. Rev. Bras. Farmacogn. 16, 2.

RHEE, I. K.; MEENT, M. V.; INGKANINAN, K. e VERPOORTE,R.J. 2001. Chromatogr. A. 15, 217-223.

BOSCOLO, O.H.; MENDONÇA-FILHO, R.F.W.; MENEZES, F.S.; SENNA-VALLE, L. , 2007. Potencial antioxidante de algumas plantas de restingas citadas como medicinais. Rev Revista.
Brasileira de Plantas Medicinais, v. 9, p. 8-12.