ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: OS DIVERSOS USOS DA ANDIROBA (Carapa guianensis Aubl.)

AUTORES: MARTINS, A.S. (CEFET-PA) ; AVILAR, D.A.N. (CEFET-PA) ; LOPES, S.B.A. (CEFET-PA) ; SILVA, A.M.Q. (CEFET-PA)

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo fazer o levantamento dos diferentes usos da andiroba no campo da medicina popular e a comparação desses usos com os trabalhos científicos desenvolvidos. Para tanto, realizou-se uma pesquisa em três feiras de Belém-PA com 50 vendedores de ervas, aos quais perguntou-se sobre as utilizações da andiroba. Com a pesquisa verificou-se que 43% dos entrevistados relataram que o óleo da andiroba é excelente para o tratamento de inflamações, principalmente de articulações. 34% dos entrevistados disseram que a aplicação do óleo da planta tem ação cicatrizante. Os dados obtidos na entrevista mostraram que muitos dos usos tradicionais da andiroba são compatíveis com resultados de pesquisas cientificas, tanto na área da Medicina como na Farmácia e Química.

PALAVRAS CHAVES: óleo, fitoterapia, erva

INTRODUÇÃO: Na Amazônia, dentre os “santos remédios” de nossos avós, a andiroba figura na linha de frente de todos os demais. Este vegetal tido como milagroso por várias pessoas e seus subprodutos são obrigatórios nas feiras livres, mercados municipais, farmácias e lojas de cosméticos da Região Norte. Devido às suas propriedades também é comercializada em outras regiões do país, além de ser exportado para indústrias de cosméticos de países como França, Alemanha e Estados Unidos (BOUFLEUER, 2004). A andiroba é utilizada na medicina tradicional para o tratamento de muitas patologias, principalmente pelos nativos da Região Norte do Brasil (BRITO, 2001). Uma forma bastante viável para se conhecer as potencialidades de plantas medicinais é através da coleta de informações junto a comunidades locais que fazem uso da flora medicinal. Devido a fatores culturais advindo de uma cultura predominantemente indígena a utilização de plantas medicinais como forma de terapia está naturalmente incorporada no dia-a-dia da população amazônica. Dessa forma realizou-se o levantamento dos diversos usos da andiroba, oriundos da cultura indígena e utilizados pela sociedade e sua comparação aos dados obtidos pelas pesquisas desenvolvidas a respeito dessa espécie.

MATERIAL E MÉTODOS: Realizou-se entrevistas com 50 vendedores de ervas medicinais em 3 feiras de Belém: Ver-o-Peso, Guamá e Cidade Nova. Onde, as perguntas diziam respeito aos diversos usos da planta medicinal. Com os dados das entrevistas realizou-se levantamento bibliográfico de todos os usos citados pelos raizeiros para serem comparados com os conhecimentos reconhecidamente atribuídos a espécie pelas pesquisas científicas realizadas. As pesquisas bibliográficas e de campo foram feitas durante os meses de fevereiro a junho de 2008.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nos dados obtidos na pesquisa de campo observou-se que 43% dos entrevistados relataram que a andiroba é muito boa para o tratamento de inflamação, 34% dizem que o óleo é excelente cicatrizante de feridas e 8% falaram que essa planta possui ação anticéptica. A entrevista mostrou ainda que para boa parte dos entrevistados (15%) a andiroba possui ação repelente de insetos (Gráfico 1). Segundo FREIRE, et al. (2006), o óleo de andiroba é uma alternativa no controle preventivo e curativo de praga, devido ao seu efeito repelente, ao baixo custo e disponibilidade na região Amazônica. ORELLANA, et al.(2004), afirma que a andiroba apresenta propriedades físico-químicas peculiares que lhe conferem ação antiinflamatória. A andiroba é mais procurada sob apresentação de pomada e é utilizada nas afecções articulares, na medida em que estudos possibilitam confirmar sua ação tão aceita pela população. Uma pesquisa realizada em 2001 por pesquisadores da Fundação Santa Casa de Belém mostrou que ratos com feridas cutâneas abertas na região dorso-costal tratados com óleo de andiroba, quando comparados aos tratados com solução salina 0,9%, apresentaram crosta fibrino-leucocitária de maior tamanho e espessura com presença de exsudato abundante nos três primeiros dias, além de edema e eritema, com retardo na contração e epitelização da ferida. O que sugere, então, uma possível ação antiinflamatória, cicatrizante e anticéptica de algum constituinte deste óleo (BRITO, et al., 2001). Um estudo desenvolvido pelo Instituto Far-Manguinhos (da Fiocruz), possui um laudo do Laboratório de Biologia da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro atestando uma eficácia de 100% na repelência do mosquito Aedes aegypti, vetor da febre amarela e da dengue (SBRT, 2008).

CONCLUSÕES: Nas tribos indígenas a andiroba há muito tempo vem sendo utilizada, mas hoje em dia o seu uso está presente em boa parte lares brasileiros nos diferentes grupos sociais. Nesse trabalho pode-se observar que muitos dos usos tradicionais da andiroba são compatíveis com dados de pesquisas cientificas desenvolvidas, tanto na área da Medicina como na da Farmácia e Química.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. BRITO, N. M. B. et al. Avaliação macroscópica de feridas cutâneas abertas em ratos tratadas com óleo de andiroba. Revista Paraense de Medicina 15(2)17-22, 2001.
2. BOUFLEUER, N. T. Aspectos ecológicos de andiroba (Carapa guianensis Aublet., MELIACEAE), como subsídio ao manejo e conservação. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Acre. 2004.
3. FREIRE D. C. B.; BRITO-FILHA, C. R. C.; CARVALHO-ZILSE, G. A. Efeito dos óleos vegetais de andiroba (Carapa sp.) e Copaíba (Copaifera sp.) sobre forídeo, pragas de colméias, (Diptera:Phoridae) na Amazônia Central. Acta Amazônica. VOL. 36(3) 2006: 365 – 368.
4. ORELLANA, B. J. P.; KOBAYASHI, E. S.; LOURENÇO G M. Terapia alternativa através do uso da andiroba. Lato & Sensu. Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.
5. Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas (SBRT), 27 abr. 2007. em <http://sbrtv1.ibict.br/upload/sbrt5579.pdf?PHPSESSID=2ed6cbacaf95f07f632e9d0d8f1584d5>. Acessado em 15 de jun. 2008.