ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: PERFIL FITOQUÍMICO E POTENCIAL ANTIOXIDANTE DO PENDÚNCULO DE CAJU (Anacardium occidentale L.) DE QUATROS CLONES DIFERENTES.
AUTORES: COSTA OLIVEIRA (UECE) ; ALEXANDRINO (UECE) ; QUEIROZ (UECE ) ; VIEIRA (PADETEC) ; MORAIS (UECE) ; BATISTA (PADETEC)
RESUMO: RESUMO: O caju apresenta especial interesse nutricional e econômico pela qualidade de sua castanha (o verdadeiro fruto) e pela riqueza em vitamina C de seu pendúnculo avolumado, o qual corresponde à polpa comestível (pseudofruto). O objetivo deste trabalho foi analisar os metabólitos secundários presentes em pendúnculo de caju, nos clones CP 06, 76 e BRS 183, 226, e verificar a relação entre esses metabólitos e seu potencial antioxidante. Os testes fitoquímicos revelaram resultados positivos para a presença de taninos, antocianinas, flavonóides, flavonóis, flavovononas, flavononóis, xantonas e triterpenóides para todos os clones analisados. O clone CP 76 apresentou menor IV 50, fato relacionado com a melhor atividade antioxidante encontrada dentre os analisados.
PALAVRAS CHAVES: caju, fitoquímicos, antioxidantes
INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: A agroindústria do caju, responsável por área plantada em torno de 1 milhão de hectares no nordeste, gera mão-de-obra direta e indireta nos segmentos agrícola, industrial e de serviços para 1,5 milhão de pessoas. Deve-se ressaltar que a referida cultura está expandindo-se por todo o Brasil. GARRUTI (2001) afirmou que o caju apresenta especial interesse nutricional e econômico pela qualidade de sua castanha (o verdadeiro fruto) e pela riqueza em vitamina C de seu pendúnculo avolumado, o qual corresponde à polpa comestível (pseudofruto). O peso médio do pendúnculo situa-se na faixa de 70g a 90g, com comprimento de 6 cm a 10cm (MENEZES, 1992, 1995). A qualidade do caju (pendúnculo) para consumo in natura está associada aos seguintes aspectos: teor de açúcar da polpa, adstringência e coloração da casca (vermelha ou amarela). Os vegetais superiores sintetizam e acumulam uma grande diversidade de compostos fenólicos, cujo papel no metabolismo da planta não está inteiramente elucidado (JULKUNEN-TIITTO 1985). Este grupo de compostos secundários se destaca por ser regularmente avaliado em muitos estudos de interação planta/herbívoro (OSSIPOV et al. 1995). Tais compostos parecem também estarem envolvidos em, praticamente, qualquer interação da planta com o ambiente abiótico. Fatores abióticos naturais como irradiação solar, luz UV, seca, nutrientes e estações do ano influenciam no metabolismo e na produção destes compostos (MOLE & WATERMAN 1988, GARTLAN ET AL. 1980, GLYPHIS & PUTTICK 1988). O objetivo deste trabalho foi analisar os metabólitos secundários presentes em pendúnculo de diferentes clones de caju, e verificar a relação entre esses metabólitos e seu potencial antioxidante.
MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAL E MÉTODOS: Os pendúnculos de caju foram obtidas da Estação Experimental da EMBRAPA Agroindústria Tropical em Pacajus, CE. Neste experimento foram utilizados clones, BRS 183, BRS 226, CP 06 e CP 076 de Cajueiro-anão-precoce (Anacardium occidentale L.). Os testes fitoquímicos foram realizados segundo MATOS (1997). A dosagem de flavonóides foi feita de acordo com RIO (1996) modificado, onde se utilizou a quercetina como padrão, em solução de cloreto de alumínio. A extração da gordura dos pendúnculos foi realizada com cerca de 10,0g da amostra moída, colocadas em cápsula de papel filtro para extração em Soxhlet durante 4 horas, utilizando como solvente clorofórmio. As proteínas foram quantificadas pelo método de BRADFORD (1976). Foi avaliada a atividade antioxidante de acordo com RE et. al. (1999), utilizando-se a técnica do ABTS, no qual, a solução do radical ABTS•+ foi preparada a partir da reação de 5 mL de uma solução aquosa 7mM de ABTS (20 mg de ABTS p/ 5,2 mL água destilada) e 88 mL de uma solução aquosa 140 mM de persulfato de potássio (K2S2O8), 378 mg de persulfato p/ 10 mL de água destilada. Após estocagem dessa mistura, no escuro, por 16 h, pegou-se 1 mL da solução do cátion radical e dilui em 25 mL de etanol até uma absorbância de 0,7 ± 0,05 a 734 nm.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os testes fitoquímicos revelaram resultados positivos para a presença de taninos, antocianinas, flavonóides, flavonóis, flavovononas, flavononóis, xantonas e triterpenóides para todos os clones analisados. Valores não observados para fenóis e esteróis (Tabela 1) não quer dizer que estes metabólitos estejam ausentes, mas que a quantidade dos mesmos é muito pequena, para ser detectada. De acordo com os testes realizados os taninos encontrados para os clones BRS 183 e 226 foram flabofênicos e pirogálicos, respectivamente, segundo CAMPOS et. al. (2002) cerca de 30% do teor de taninos encontrados em pendúnculo de caju são catéquicos ou flabofênicos, e o restante são taninos hidrolisáveis ou pirogálicos, logo para os testes realizados a cor observada indica a classe de taninos predominante. Os valores de flavonóides encontrados para os quatro clones são muito baixos, quando comparados com valores de outros frutos como morango e pêra (24,7 e 1003 ppm) (BROINIZI 2007). As atividades antioxidante das amostras analisadas apresentaram resultados próximos a valores encontrados na literatura, em amostras de graviola, cupuaçu, acerola, abacaxi, amora, uva, açaí, goiaba, morango e maracujá, KUSKOSKI et al. (2006). O clone CP 76 apresentou o menor IV 50, logo com uma pequena concentração da amostra tem a capacidade de seqüestrar o maior número de radicais livres. De acordo com SOUZA FILHO (1987), o percentual protéico em pendúnculos de caju é baixo, já que o mesmo é rico em fibras e vitamina C. Já a relativa atividade antioxidante deste fruto pode estar relacionada com a elevada presença de taninos, metabólito responsável pela adstringência do suco desta fruta.
CONCLUSÕES: CONCLUSÃO: O estudo realizado indicou não haver diferenças significativas em relação ao o percentual de lipídios e proteínas nos clones analisados. O clone CP 76 apresentou o menor IV 50, logo com uma pequena concentração da amostra tem a capacidade de seqüestrar o maior número de radicais livres. Concluí-se então que as amostras utilizadas no estudo não se encontram fora dos padrões nutricionais, podendo ainda as mesmas, serem utilizadas em dietas e/ou como fonte de fibras e vitamina C.
AGRADECIMENTOS: AGRADECIMENTOS: Ao Parque Tecnológico do Ceará – PADETEC pela utilização dos equipamentos e EMBRAPA – Agroindústria Tropical pelo fornecimento das amostras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BIBLIOGRAFIA
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CAMPOS D. C. P.; SANTOS A. S.; WOLKOFF D. B.; MATTA V. M.; CABRAL A. D.; C.OURID S. 2002. Cashew apple juice stabilization by microfiltration. Desalination, 148: 6 1-65.
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