ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: ANÁLISE DA VARIACÃO SAZONAL DO ÓLEO ESSENCIAL DE Siparuna guianensis Aublet
AUTORES: MACIEL,E.N. (UFMT) ; SOUSA JR,P.T. (UFMT) ; DALL’OGLIO,E.L. (UFMT) ; SILVA,V.C. (UFMT) ; RIBEIRO,T.A.N. (UFMT) ; FRANCISCHINI,E. (UFMT) ; SILVA,L.E (UFMT/CEFET-M) ; SILVA,C.S. (CEFET-MT) ; ZULKE,A.A. (UFMT) ; VALENTINI, C. M. A. (UFMT/CEFET-M) ; RODRÍGUEZ-ORTÍZ, C. E. (UFMT) ; COELHO, M. F. B. (UFERSA) ; ALMEIDA, J. D. (UFMT)
RESUMO: A avaliação química e biológica da flora medicinal do Estado de Mato Grosso está sendo efetuada por um número reduzido de grupos de pesquisa,considerando-se o potencial da flora nesse Estado.O conhecimento da composição química das espécies referidas,além de fornecer dados fitoquímicos da flora nacional,fornecerá critérios para a investigação e descoberta de substâncias de importância farmacológica.Dando prosseguimento à busca de compostos farmacologicamente ativos de plantas medicinais da flora pantaneira e do cerrado,esse trabalho tem por objetivo a estudar uma importante planta medicinal e aromática:Siparuna guianensis Aublet,família Siparunaceae utilizada nos neotrópicos,e que vem sendo apontada por estudiosos como uma espécie prioritária de conservação para a região do cerrado.
PALAVRAS CHAVES: etnofarmacologia,fitoquímica, propagação,óleo essencial,cerrado.
INTRODUÇÃO: Em muitos países da América,a decocção de folhas da S. guianensis é usada como uma bebida contra as desordens estomacais.As folhas são usadas para compressas ou cataplasmas contra dor de cabeça e reumatismo.No Panamá e Guiana, extratos são usados para matar insetos daninhos ou como inseticidas.Na Guiana,suas folhas são também usadas para preparar armadilhas para peixes devido ao típico odor de sua espécie que disfarça o cheiro humano. Nas vizinhanças do Suriname, a decocção feita das folhas é usada como uma bebida ou para um banho depois do parto. Num estudo na Guiana Francesa com diferentes grupos e nacionalidades (Criolos, Palikur, Galibi, Brasileiros, e Europeus), encontraram que as folhas de Siparuna guianensis combinadas com folhas de Campomanesia spp. são usadas como anti-malárico.
No estado de Mato Grosso foram realizados alguns estudos etnobotânicos com a espécie, e neles ela é citada pelo nome vulgar de negramina. Pesquisadores locais relataram que no leste do estado as folhas da espécie são utilizadas na forma de banho para sinusite. Possui em sua composição química: os fitosteróides β-sitosterol, estigmasterol e os alcalóides oxoporfínicos: liriodenina e cassamedina. Sendo estes os únicos compostos descritos na literatura para essa espécie. Dando prosseguimento à busca de compostos farmacologicamente ativos de plantas medicinais da flora pantaneira e do cerrado, esse trabalho tem por objetivo estudar a variação da composição do óleo de Siparuna guianensis.
MATERIAL E MÉTODOS: Todas as amostras foram analisadas por CG/MS, usando um equipamento Shimadzu(QP 5050A) quadrupolo oerando à 70eV. As análises de cromatografia gasosa foram efetuadas usando uma coluna capilar de sílica (DB-5). As temperaturas do forno e detector foram de 340°C e 350°C, respectivamente. O forno foi programado para efetuar o seguinte gradiente: 110°-140°C a 5°C/min, de 140-290 a 20°C/min e de 290 – 330 a 5°C/min. O gás Hélio foi empregado como gás de arraste.Os compostos foram identificados por comparação visual, tempo de retenção e por similaridade com compostos disponíveis na base de dados do equipamento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: No presente estudo, o óleo essencial de Siparuna guianensis Aublet foi obtido a partir das folhas coletadas no Bosque Paulo Siqueira – município de Cuiabá – MT de setembro/2007 a abril/2008. Em todas as amostras analisadas mostraram a siparunona como o maior componente. A porcentagem relativa mostra variações ao longo dos meses. Os principais componentes detectados foram: espatulenol (22% ) ; 2 – undecanona (maior percentagem em setembro – 8,9%), ácido decanóico e seus derivados (3,93%),ledol (2,54% ) e elemol (1,14%). A porcentagem total de óleo ficou na faixa de 0.9-2.1%. A maior quantidade de óleo encontrada foi na coleta efetuada em janeiro (43%), ápice da estação das chuvas, o que pode significar que a alta umidade contribua para a produção do óleo, contrastando com a coleta de setembro, estação da seca, que apresentou a menor quantidade de óleo (30%).
CONCLUSÕES: Os resultados demonstram claramente a dependência da umidade na produção de metabólitos especiais da espécie em questão. Por outro lado, existe uma relação entre o tipo de óleo encontrado e a estação do ano, mostrando, por exemplo, que a planta produz derivados de ácido graxo em maior quantidade quando submetida ao estresse hídrico.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: RENNER, S. S., AND G. HAUSNER. Monograph of Siparunaceae. Flora Neotropica 95. 2005. p.1-256.
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