ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA E CARACTERIZAÇÃO DE PRÓPOLIS DO CEARÁ

AUTORES: LIBERATO, M.C.T.C. (UECE) ; ALEXANDRINO, C.D. (UECE) ; BATISTA, W.P. (UECE) ; MORAIS, S.M. (UECE)

RESUMO: RESUMO: A própolis é usada desde a antiguidade possuindo os componentes da planta de origem que lhe podem ser transferidos (BALTRUSAITYTE et al. 2007). Foram analisadas própolis de Alto Santo, Beberibe, Camocim e Crato. Foram feitos testes fitoquímicos qualitativos para flavonóides, esteróides e triterpenóides, obtenção de extratos metanólicos, quantificação de resíduo insolúvel e de resíduo seco; teor de cera; teor de flavonóides totais e de fenóis totais. Os resultados ficaram dentro dos padrões (BRASIL, 2001) com exceções, pois os limites propostos são para extratos etanólicos. As amostras apresentaram teores de flavonóides e fenóis totais de acordo com a legislação. A própolis de Beberibe apontou presença de esteróides, já as outras apresentaram triterpenóides no teste qualitativo.

PALAVRAS CHAVES: própolis, flavonóides, fenóis totais.

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: Própolis é a denominação usada para descrever uma mistura de substâncias resinosas, gomosas e balsâmicas coletadas por abelhas melíferas de diversas partes das plantas como botões florais, às quais elas acrescentam secreções salivares, cera e pólen para a elaboração do produto fina (BRASIL, 2001). Seu emprego na vida da colônia está relacionado com suas propriedades mecânicas, sendo utilizada na construção e adaptação da colméia, e antimicrobianas, garantindo um ambiente asséptico (FUNARI & FERRO, 2006). A composição e a capacidade antioxidante da própolis varia com a fonte floral usada pela abelha para a coleta e com alguns fatores externos como por exemplo, o clima. Apesar de possíveis diferenças na composição devido à fonte floral a maioria das própolis tem praticamente a mesma natureza química constituindo-se de 50% de resina (composta de flavonóides e ácidos fenólicos), 30% de cera, 10% de óleos essenciais, 5% de outros compostos orgânicos (GÓMEZ-CARAVACA, 2006). Os primeiros resultados sobre análises de própolis surgiram na década de setenta quando foi identificada a presença de flavonóides em própolis na Rússia (MARCUCCI, 2006). Nas amostras de regiões tropicais, segundo BANKOVA (2000), existem poucos flavonóides porém já foram identificados compostos novos que possuem uma atividade biológica marcante. O objetivo desse trabalho é fazer um mapeamento e a identificação de compostos existentes em própolis do Ceará, relacionando-os à sazonalidade climática e às onze formações vegetais distintas existentes no estado (FIGUEIREDO, 1991) e que estão distribuídas em 4 regiões apícolas principais: litoral, sertão, serras e Cariri.

MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAIS E MÉTODOS: As amostras foram obtidas de associações e cooperativas do Ceará, levadas ao Laboratório de Química de Produtos Naturais, da Universidade Estadual do Ceará, e mantidas sob refrigeração. As amostras de própolis vieram de Alto Santo, Beberibe, Camocim e Crato. Foram retiradas sujidades aparentes, e realizados testes fitoquímicos para flavonóides (flavonóis, flavanonas, flavanonóis e xantonas) e para esteróides e triterpenóides (MATOS, 1988). Foram obtidos extratos metanólicos por Soxhlet (FUNARI & FERRO, 2006), que foram usados na quantificação do teor de resíduo insolúvel, calculado pela razão entre massa do resíduo retido no cartucho e massa inicial de própolis em porcentagem; a quantificação do teor de cera; a quantificação do teor de resíduo seco (sólidos solúveis em metanol) calculado pela razão entre a massa depositada no cadinho (depois de aquecer-se uma alíquota de 5 mL do extrato metanólico livre de cera) e a massa inicial de própolis bruta extraída, correspondente à alíquota de 5 mL, em porcentagem (BRASIL, 2001). A quantificação do teor de flavonóides totais foi realizada por espectrofotometria utilizando-se cloreto de alumínio, como reagente de deslocamento (WOISKY, 1996). Para obtenção da equação na determinação do teor de flavonóides totais nas amostras, soluções do padrão quercetina foram preparadas em diferentes concentrações e a curva analítica foi obtida. A leitura foi feita a 425nm. Foram utilizados 2mL de solução de própolis a 2 mg/mL obtida pela dissolução de 100mg de resíduo seco em etanol, para a leitura nas amostras (BRASIL, 2001). Para a quantificação de fenóis totais construiu-se uma curva com ácido gálico como referência, fazendo a leitura no espectrofotômetro a 760nm, usando-se o reagente de Folin-Denis (BRASIL, 2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: As análises foram em triplicatas, estando os resultados na Tabela 1. Os teores de resíduo insolúvel em metanol de Beberibe e Camocim ficaram fora do limite máximo de 40% (BRASIL, 2001). Isso porque o limite é proposto para análises em etanol. Quanto aos teores de resíduo seco (limite no mínimo 35%), a amostra de Camocim ficou fora pelo motivo já citado. Os parâmetros resíduo seco e resíduo insolúvel são relacionados à solubilidade da amostra em um determinado solvente. Quanto maior o resíduo seco e quanto menor o resíduo insolúvel, mais solúvel é a amostra bruta no solvente usado (FUNARI &FERRO, 2006). O teor de cera em todas as amostras ficou de acordo com BRASIL (2001). A própolis é uma mistura de resinas, bálsamos e cera, além de outros. Os principais componentes fenólicos não estão na cera, logo um menor teor de cera pode indicar um elevado teor de resinas. No teste qualitativo para Esteróides e Triterpenóides (MATOS, 1988), surgiu cor parda intensa para Alto Santo e cor parda muito intensa para Crato, sinalizando presença de triterpenóides pentacíclicos livres, confirmando ASSUNÇÃO (2004) e ALBUQUERQUE (2007), enquanto Beberibe aponta para presença de Esteróides. No teste qualitativo para flavonóides, Camocim apresentou coloração clara. As demais produziram intensificação da cor, e Crato mostrou intensa cor avermelhada. O método espectrofotométrico para quantificar flavonóides totais baseia-se na propriedade do cátion alumínio de formar complexos estáveis com eles evitando a interferência de outras substâncias fenólicas. Os resultados estão dentro do limite do Ministério da Agricultura (BRASIL, 2001). Os resultados espectrofotométricos para fenóis totais estão dentro do limite proposto, mínimo de 5% (BRASIL, 2001).





CONCLUSÕES: CONCLUSÕES: 1- As amostras de própolis analisadas, apresentam-se ricas em triterpenos.
2- Os dados das análises gravimétricas estão dentro dos parâmetros do Ministério da Agricultura do Brasil, com poucas exceções que podem estar relacionadas ao solvente usado.
3- Os resultados apresentados demonstram a importância das análises realizadas para determinação de diferentes amostras de própolis do Ceará, dado às diferenças que podem aparecer, com relação ao clima na época da coleta, as localidades de origem., influenciando inclusive nas suas propriedades biológicas.


AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALBUQUERQUE, I.L.; ALVES, L.A.; LEMOS, T.L.G.; MONTE, F.J.Q. 2007.Ácido Canárico (3,4-seco derivado do lupano) em própolis do Ceará. Química Nova, vol 30, nº 4, p.828-831.
ASSUNÇÃO, J. C. 2004. Estudo Químico de Própolis do Ceará. Dissertação ( Mestrado). UFC.
BALTRUŠAITYTĖ, V., VENSKUTONIS, P. R., ČEKSTERYTĖ, V. 2007. Radical Scavenging Activity of Different Floral Origin Honey and Beebread Phenolic Extracts. Food Chemistry. n.101. p.502-514.
BANKOVA, V.S.; DE CASTRO, S. L.; MARCUCCI, M.C. 2000. Propolis: recent advances and plant origin, Apidologie, v.31, p.3-15.
BRASIL. 2001. Instrução Normativa do Ministério da Agricultura e do Abastecimento.
FIGUEIREDO, M.A. 1991. A Cobertura vegetal do estado do Ceará e as condições ambientais. UFC.
FUNARI, C. S., FERRO, V. O. 2006. Análise de Própolis. Ciência e Tecnologia de Alimentos 26(1): 171-178.
GÓMEZ-CARAVACA, A. M., GÓMEZ-ROMERO, M., ARRÁEZ-ROMÁN, D., SEGURA-CARRETERO, A. FERNÁNDEZ-GUTIÉRREZ, A. 2006. Advances in the analysis of phenolic compounds in products derived from bees. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis v.41. p. 1220-1234.
MARCUCCI, M. C. 2006. Própolis Tipificada: Um Novo Caminho para a Elaboração de Medicamentos de Origem Natural Contendo este Produto de Origem Apícola. Revista Fitos v.1 n.03.
MATOS, F.J.A. 1988. Introdução à Fitoquímica Experimental. Fortaleza. Edições UFC.
WOISKY, R.G..1996. Métodos de Controle Químico de Amostras de Própolis. São Paulo. Dissertação (mestrado). Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Universidade de São Paulo.