ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: A BUSCA DE UM ENFOQUE CTS PARA O ENSINO DE ESTEQUIOMETRIA A PARTIR DA ANÁLISE DE LIVROS DIDÁTICOS
AUTORES: MESSEDER, J.C. (CEFET-QUÍMIC) ; ARAUJO, F. (CEFET-QUÍMIC) ; ARAUJO, T.V. (CEFET-QUÍMIC)
RESUMO: O movimento CTS enfatiza a importância da alfabetização em ciência e tecnologia relacionada ao contexto social. Neste esforço pela renovação no ensino das Ciências, uma das dificuldades encontradas reside no livro didático. Percebe-se que no Ensino de Química alguns temas, como Cálculos Estequimétricos, por suas complexidades, fazem com que os alunos encontrem dificuldades em aplicar seus conhecimentos ao dia a dia. A partir deste questionamento, realizou-se uma pesquisa junto aos alunos de de um curso de licenciatura em química. Para tanto, foram analisados livros de química para o ensino médio, buscando-se detectar a abordagem CTS para o tema Estequiometria. Verificou-se que é preciso repensar as metodologias empregadas para apresentar tal assunto, excluindo-o do adjetivo "abstrato".
PALAVRAS CHAVES: cts; livro didático; cálculos estequimétricos;
INTRODUÇÃO: O movimento CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade), que vem crescendo desde 1970 em vários países, enfatiza a importância da alfabetização científica relacionada ao contexto social (SANTOS e SCHNETZLER, 2003). Nesse campo de investigação, chamado comumente de “enfoque CTS no contexto educativo”, percebe-se a necessidade de reorganização do currículo e dos conteúdos escolares, de forma que a ciência e a tecnologia sejam abordadas vinculadas ao cotidiano do aluno (PINHEIRO, 2007). Neste esforço pela renovação da área, uma das dificuldades encontradas reside no livro didático de química. Com a diminuição da carga horária de química no antigo 2o grau, os autores viram-se obrigados a simplificar o conteúdo dos livros (ROSA, 2008). Nesta direção, pode-se perceber que os Cálculos Estequimétricos constituem um dos conteúdos mais extensos e complexos em termos de processo de ensino. Os alunos apresentam dificuldades em compreender o tema e dificilmente conseguem aplicar os seus conhecimentos ao dia a dia. Supõe-se que esta situação esteja relacionada à forma como o conteúdo é tratado pelos professores, tendo por base os livros didáticos de química. A partir deste questionamento, realizou-se este estudo como parte das atividades de uma disciplina ministrada num curso de licenciatura em química. Para tanto, foram analisados livros de química para o ensino médio, buscando-se detectar a abordagem CTS para o tema em questão. Torna-se indiscutível a importância dos Cálculos Estequimétricos para elucidação de teorias. Porém, aqueles que se propõem a exercer a atividade de educador em química devem tomar um cuidado especial: é preciso repensar as metodologias empregadas para apresentar tal assunto, não permitindo que o mesmo seja algo abstrato, servindo apenas de ilustrações nos livros.
MATERIAL E MÉTODOS: O estudo, de caráter quali-quantitativo, foi desenvolvido como parte das atividades realizadas na disciplina Pesquisa em Ensino de Química, do Curso de Licenciatura em Química do CEFETEQ de Nilópolis (RJ). Foram selecionados 17 livros didáticos de química no ensino médio, elaborados no período de 1990 a 2007. Como critério para seleção dos títulos, buscou-se identificar àqueles mais conhecidos e disseminados entre os professores. Na análise empreendida, procurou-se detectar como as concepções de CTS informam o tema Cálculos Estequimétricos. Para orientar o trabalho de licenciandos, foi elaborado um roteiro contendo questões que deveriam ser observadas (FARIA, 1994). Os resultados obtidos receberam tratamento estatístico e foram analisados, tendo em vista as concepções centrais da área de CTS.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A análise dos livros consultados permitiram traçar os seguintes resultados:
a) 64,7 % apresentam o tema Cálculos Estequimétricos de forma desvinculada do cotidiano do aluno. Há uma abordagem puramente conteudista, tratando-se de livros tradicionais. Pode-se verificar tais livros são os preferidos dos professores, pois identificam o assunto com facilidade em um abordagem que eles conseguem implementar em suas aulas;
b) 29,4 % esboçam uma certa preocupação em exemplificar o assunto com o dia a dia do aluno. Porém, em um determinado momento da explanação do conteúdo, voltam para a mera exposição de fórmulas e expressões matemáticas; tais livros preocupam-se com os aspecto estéticos, colocando inúmeras figuras numa tentativa de contextualização;
c) 5,9 %, ou seja, apenas um livro consultado está dentro dos aspectos CTS de Ensino de Química. Tal obra coloca-se como inovadora para o tema Cálculos Estequimétricos, numa abordagem totalmente CTS (SANTOS, 2005).
Certamente, o assunto da pesquisa foi escolhido como exemplo de investigação. Os resultados serviram para dar subsídios para que os futuros professores de química possam refletir sobre os conhecimentos com os quais trabalham, tentando reconhecer a importância dos conhecimentos prévios no processo de ensino-aprendizagem, principalmente no uso do livro didático. Houve também o discernimento de que os livros didáticos não são objetivos ou fatuais, mas produtos culturais que devem ser entendidos como o resultado complexo de interações mediadas por questões econômicas, sociais e culturais.
CONCLUSÕES: Verificou-se que um livro didático com o enfoque CTS propicia aos alunos um melhor entendimento sobre as transformações científico-tecnológicas na busca de soluções práticas de âmbito econômico, político e social para o objeto de seu estudo. A escolha de livros didaticos para o Ensino de Química constitui uma responsabilidade de natureza social e política. Cabe a nós, professores comprometidos com a melhoria efetiva da educação cientifica, comandar ações integradas que contribuam para a valorização dos curso de formação de professores, garantido assim melhorias na Educação Química brasileira.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FARIA, A. L.G. Ideologia no livro didático. São Paulo: Cortez, 1994.
PINHEIRO, N. A. M., et al. Ciência, tecnologia e sociedade: a relevância do enfoque CTS para o contexto do Ensino Médio, Ciência & Educação, v. 13, n. 1, p. 71-84, 2007.
ROSA, M. I. P. , ROSSI, A. V. (coord.). Educação química no Brasil: Memórias, políticas e tendências, Campinas, SP, Editora Átomo, 2008, p. 63.
SANTOS, W. P.; SCHNETZLER, R. P. Educação em química: compromisso com a cidadania. 3a edição. Unijuí, RS; Editora Ijuí, 2003.
SANTOS, W. L. P.; MÓL, G. S. (coord.). Química e Sociedade. São Paulo; Nova Geração, 2005.