ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: A MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM DE QUÍMICA PROMOVIDA POR UMA ESTRATÉGIA DE ENSINO APLICADA EM UMA ESCOLA PÚBLICA DA CIDADE DE MASSAPÊ-CE
AUTORES: RIBEIRO, W. H. F. (UVA) ; VIANA, M. S. M. (UVA) ; RODRIGUES, F. H. A. (UVA) ; SANTOS, H. S. (UVA) ; BEZERRA, F. S. (UFC)
RESUMO: A motivação é fundamental ao ensinar, porque o aprendizado só ocorre se o aluno se sentir predisposto a aprender. Nesse sentido, é importante implementar propostas de aulas dinâmicas, inteligentes e que envolvam o aluno, a fim de motivá-lo para estudar o conteúdo proposto. Este trabalho consistiu na elaboração e aplicação de uma estratégia de ensino envolvendo experimentação e jogo, para trabalhar um conteúdo de Química, em três turmas do ensino médio de uma escola pública de Massapê-CE. A avaliação desta se deu através de questionários e observações. Os resultados permitiram concluir que a estratégia tornou a aula mais interessante, despertando a motivação dos alunos, bem como contribuiu para uma aprendizagem mais efetiva dos alunos envolvidos na aula alternativa.
PALAVRAS CHAVES: motivação; aulas dinâmicas; lúdico na química.
INTRODUÇÃO: A motivação é pré-requisito para tudo aquilo que se proponha a fazer, o que inclui a educação. O ensino requer ação e como resultado dessa ação, há o aprendizado. Porém, se não houver motivação também não há aprendizagem (VIGOSTSKY, 1993). De acordo com Bernadelli (2008), o ensino de Química seria bem mais simples e agradável se fossem abandonadas as metodologias ultrapassadas muito utilizadas no ensino tradicional, isto é, os métodos onde os únicos recursos didáticos utilizados pelo professor são o quadro, pincel e linguagem oral, para repassar os conteúdos aos alunos, e se investissem mais nos procedimentos didáticos alternativos.
Nas aulas de Química, ou de qualquer outra disciplina, podem e devem ser aplicados estratégias ou métodos alternativos às aulas expositivas tradicionais, com vistas a despertar no educando o interesse ou a vontade para aprender o que é proposto em sala de aula. Isso inclui experimentos, aulas de campo, jogos, brincadeiras etc. Portanto, deve ser preocupação constante do professor descobrir recursos para despertar no discente o desejo de aprender e fazê-lo compreender a importância de estudar aquilo que está proposto no currículo.
Neste trabalho elaborou-se uma estratégia de ensino em que, na forma de jogo, era solicitado aos alunos, organizados em equipes, realizar algumas atividades experimentais ou responder perguntas sobre o conteúdo: “Matéria, transformações físicas e químicas, substância pura, misturas e separação de misturas”. A pesquisa envolveu seis turmas do 1º ano, divididas em dois grupos de três turmas cada. A ‘aula alternativa’ foi ministrada a apenas um dos grupos, enquanto o outro grupo teve “aula expositiva tradicional” com o mesmo conteúdo e a mesma carga horária, para efeito de comparação entre os dois grupos.
MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa envolveu 241 alunos em seis turmas de 1º ano do ensino médio.
Antes da elaboração da proposta da aula alternativa, buscou-se conhecer a infra-estrutura, professores de química e recursos didáticos da escola, bem como o conteúdo que estava sendo abordado nas turmas envolvidas. A partir daí, a estratégia pedagógica ‘alternativa’ foi elaborada e consistiu em um jogo com tarefas a serem cumpridas pelos alunos (perguntas e atividades experimentais que valeriam pontos), divididos em equipes. As atividades experimentais incluíram experimentos simples, em sua maioria com material alternativo (café, açúcar, sal de cozinha, álcool comercial, óleo de soja, etc.) e alguma vidraria específica (béquer, funil de separação, funil para filtração, etc). Ao executarem a tarefa, os discentes deveriam explicar por que a estavam executando daquela forma e seu significado. A pontuação era dada em função do cumprimento do tempo estabelecido para cada tarefa, da correta execução e da explicação exigida. Ganharia o jogo a equipe que obtivesse o maior número de pontos.
O conteúdo abordado foi “Matéria, transformações físicas e químicas, substância pura, misturas e separação de misturas”. A estratégia alternativa foi aplicada a três das seis turmas (Grupo 1), enquanto que as demais turmas (Grupo 2) teve o mesmo conteúdo ministrado através de uma aula expositiva tradicional.
Num segundo momento, foi aplicado um questionário aos 241 alunos, consistindo de cinco questões objetivas sobre o conteúdo abordado nas aulas e mais três questões que visavam sondar a motivação ou afinidade dos alunos por Química e conhecer a opinião deles sobre a necessidade de melhorar as aulas de química.
Tanto a “aula alternativa” como a “aula tradicional” foi ministrada pelos próprios professores da turma.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As primeiras cinco questões objetivas visavam verificar se os alunos aprenderam o conteúdo. Cada uma delas consistia em uma pergunta de múltipla escolha, com um item certo. A avaliação do impacto da “aula alternativa” sobre o aprendizado do conteúdo foi feita com base no percentual de acertos dos alunos do Grupo 1 - G1 (alunos que tiveram a aula alternativa) em comparação aos alunos do Grupo 2 – G2 (alunos que tiveram aula expositiva tradicional).
Os resultados mostraram que os alunos do G1 acertaram mais questões que os outros alunos (G2), para quatro das cinco questões, conforme explicita o gráfico da figura 1, o que sugere uma contribuição positiva da aula alternativa para esse resultado.
Foi perguntado se os alunos gostam e quanto gostam de química. Os resultados revelaram uma homogeneidade nas respostas de ambos os grupos e, de modo geral, os alunos gostam um pouco de química. Em conversas informais e observações da relação professor-aluno concluiu-se que os alunos dessa escola não dissociam a figura do professor, por quem têm muita afinidade, da disciplina de química, o que pode contribuir para a simpatia de que a disciplina goza ali.
Perguntou-se quais os motivos que os levaram à resposta da pergunta anterior. Verificou-se que, os que afirmaram gostar de química, atribuíram isso ao professor, enquanto aqueles que afirmaram não gostar atribuíram ao fato de acharem a matéria de difícil compreensão, corroborando com o que já se afirmou.
Por fim, perguntou-se aos alunos se eles achavam que seria possível tornar as aulas de química mais interessantes. A maioria, tanto em G1 como em G2, concorda que sim. Todavia, observou-se que os alunos do grupo 1 perceberam melhor a necessidade de se realizar mais aulas dinâmicas como aquela que eles vivenciaram.
CONCLUSÕES: A motivação é fundamental ao ensino porque dirige a ação do educando para o aprendizado. A química é por vezes considerada difícil e chata, o que, somado às deficiências que os alunos trazem de etapas anteriores, torna urgente a elaboração de aulas instigadoras, dinâmicas e atraentes, que promovam a motivação e o aprendizado. A estratégia proposta neste, e aplicada em três turmas de uma escola pública de Massapê-CE, mostrou-se promissora em motivar e melhorar o aprendizado em química. Na opinião dos alunos, aulas mais dinâmicas podem contribuir para tornar a química mais interessante.
AGRADECIMENTOS: Aos professores de química e à direção da escola envolvida, pela acolhida e colaboração sem as quais não teria sido possível a realização deste trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BERNADELLI, M. S. Encantar para ensinar – um procedimento alternativo para o ensino de Química. In: Convenção Brasil Latino América, Congresso Brasileiro e Encontro Paranaense de Psicoterapias Corporais. 1., 4., 9., Foz do Iguaçu. Centro Reichiano, 2004. CD-ROM. [ISBN – 85-87691-12-0] Disponível em <http://www.centroreichiano.com.br/artigos/anais/Marlize%20Spagolla%20Bernardelli.pdf> Acesso em 20/03/2008.
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993