ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: Livro Texto: muleta pedagógica?
AUTORES: ALVES, T.C.A. (CEDMN) ; AMARAL FILHO, J.J. (CEDMN)
RESUMO: Nesse trabalho faz-se uma análise do conhecimento químico apresentado nos livros e do discurso em sala de aula. Os dados obtidos sinalizam que os livros-textos assumem hoje como característica principal, a orientação para os professores e, estes, por razões diversas, os usam de forma indiscriminada, não atentando para as concepções apresentadas em seus conteúdos. Nossa proposta não é que o professor abandone o livro-texto, mas que procure ampliar o diálogo entre as discussões dos conteúdos dados em sala de aula e aqueles apresentados nos livros. O professor pode elaborar textos e discuti-los com os alunos. Como exemplo, elaboramos um material didático sobre Ligação Química. Nesse material, são enfatizados aspectos teóricos, descritos de modo correto e de fácil entendimento para os alunos.
PALAVRAS CHAVES: livro texto; ensino de química
INTRODUÇÃO: A proposta de organização curricular indicada nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (parecer CEB/CNE nº15/98) considera a formação de grupos de disciplinas com ações interdisciplinares, abordagens complementares e transdisciplinares (BRASIL, 2006 p.101). Em se tratando do currículo da disciplina química e de seus conteúdos, a transição da perspectiva de abordagem moderna para a pós-moderna, com todas as implicações inerentes ao momento de crise em que se processa uma mudança de paradigmas, a situação tem se mostrado especialmente problemática, resultando no conflito empobrecimento/valorização ne abordagem de alguns conteúdos apresentados nos livros-textos, ditos "contextualizados", em detrimento aos livros-textos ditos “tradicionais”, uma vez que a abordagem sob a perspectiva moderna enfatiza a fragmentação e a memorização dos conhecimentos enquanto a abordagem “pós-moderna” destaca a unidade do saber pela sua fusão. A escolha por qualquer uma das duas formas de tratamento dado em sala de aula para os conteúdos, provoca uma relevância/omissão de alguns aspectos curriculares e de conteúdos, por conseguinte prejuízo de outros, em ambos os casos. Esse trabalho tem como objetivos: 1. identificar a influência dos livros didáticos na escolha dos conteúdos programáticos de Química destinados ao ensino médio e seu reflexo na prática do professor em sala de aula; 2. apresentar um material didático, com uma abordagem clássica, para o ensino de Ligação Química no nível médio de modo a apresentar uma química útil para o aluno e contribuir para sua formação crítico–reflexiva.
MATERIAL E MÉTODOS: O local escolhido para o desenvolvimento da pesquisa foi o Colégio Estadual Deputado Manoel Novaes, no qual existem dez professores de química, sendo que o universo pesquisado foi de oito professores. O instrumento de pesquisa utilizado foi um questionário. Esse questionário foi elaborado de modo a ordenar alguns aspectos considerados importantes, tais como: perfil do profissional (se é licenciado ou não; série(s) que ensina; turno(s) que trabalha), materiais utilizados pelo professor no preparo dos conteúdos programáticos e das aulas (se trabalha com livro didático; com que freqüência segue o roteiro oferecido pelo livro; se utiliza outra fonte além do livro; se o conteúdo do livro contempla o programa apresentado pela escola).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados mostram que 62,5% dos professores possuem licenciatura em química e o restante possui licenciatura em outra área. 62,5% também lecionam para mais uma série e 87,5% trabalham em dois ou três turnos. Dar aulas para mais de uma série e carga horária alta, são fatores que contribuem para diminuir a dedicação do professor ao estudo e o livro texto passar a funcionar como muleta pedagógica. O estudo revela que 37,5% dos professores adotam o livro texto e 62,5% não adotam livro algum. Entretanto, 87,5% afirmam que o conteúdo programático segue o roteiro apresentado no livro. Isso mostra que há certa contradição entre o discurso e a prática dos pesquisados. O estudo revela ainda outra contradição: 100% dos entrevistados declaram que usam outras fontes de informação, mas 62,5% deles informam que o conteúdo do livro didático contempla o programa da escola. Observa-se que o uso dos conteúdos programáticos, apresentados nos livros didáticos, ainda é expressivo na linguagem pedagógica escolhida pelos professores.
CONCLUSÕES: Os índices aqui apontados refletem a falta de tempo dos professores para preparar aulas o que contribui para a adoção do livro texto como uma "muleta" pedagógica. O livro didático que é um recurso para o aluno, hoje assume o papel de um produto para atender as necessidades dos professores. A organização e seleção dos conteúdos didáticos apresentados pelos professores são idênticas às dos livros por eles adotados. Para ampliar o diálogo entre professor e livro didático, propomos a elaboração de textos e discussão dos mesmos com os alunos. Como exemplo, elaboramos material sobre ligação química.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: MACHADO, A.H. Aula de Química: discurso e conhecimento. Ijuí: Editora Unijuí. 1999
MALDANER, O.A. A Formação Inicial e Continuada de Professores de Química: professores/pesquisadores. Ijuí: Ed. Unijuí, 2000.
BAGNO, M. Pesquisa na Escola: o que é, como se faz. São Paulo: Ed. Loyola, 2006.