ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: INDICADORES ÁCIDO-BASE NATURAIS PARA O ENSINO DE FUNÇÕES INORGÂNICAS NO ENSINO MÉDIO
AUTORES: BICALHO, K.U. (UFV) ; RIBEIRO, K.L. (UFV) ; FERREIRA, B.D.L. (UFV) ; REIS, C. (UFV)
RESUMO: Uma das maiores dificuldades encontradas no ensino de química para alunos de ensino médio é a realização de aulas práticas, pois a maioria das escolas não possui laboratórios e materiais didáticos adequados. Nessa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo desenvolver meios alternativos para a realização de práticas no ensino de funções inorgânicas. Foram testadas substâncias com propriedades indicadoras ácido-base pouco relatadas em literatura, como extrato de casca de ameixa, polpa de uva, açaí e beterraba. A utilização dessas substâncias no ensino de química foi feita em uma turma de alunos do COLUNI - Colégio de Aplicação da UFV. A prática teve excelente aceitação e se mostrou muito eficiente na demonstração de conceitos de acidez, basicidade e indicadores.
PALAVRAS CHAVES: materiais alternativos, ensino de química
INTRODUÇÃO: É consenso que a experimentação desperta o interesse dos alunos, independente do nível de escolarização. Os experimentos demonstrativos ajudam a enfocar a atenção no comportamento e propriedades de substâncias químicas e auxiliam também, a aumentar o conhecimento e a consciência do estudante de química (ARROIO, 2006). Entretanto, muitas escolas e professores se vêem impossibilitados de realizar aulas práticas devida à falta de estrutura e materiais. Diante deste fato, pesquisas com materiais de fácil aquisição estão sendo desenvolvidas para facilitar o processo ensino-aprendizagem, principalmente nas escolas da rede pública. Dentre os diversos trabalhos, muitos relacionam-se com o conteúdo de Funções Inorgânicas, tratando de acidez e basicidade de produtos do cotidianos utilizando indicadores naturais. Diversos materiais alternativos já foram relatados como indicadores dentre os quais se destaca o repolho-roxo. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo, estudar um pouco mais, substâncias com propriedades indicadoras ácido-básicas não muito exploradas, como açaí, beterraba, uva e casca de ameixa. Todos esses apresentam antocianinas, pigmentos da classe dos flavonóides, principais substâncias cromogênicas encontradas em tecidos vegetais de cor vermelha, azul e púrpura, que apresentam mudança de coloração de suas soluções em função do pH do meio (RAMOS et al, 2000).
MATERIAL E MÉTODOS: a) Preparo das soluções indicadoras:
Uva e Açaí: Diluiu-se 100g de polpa em 200 mL de etanol 70%. Após a diluição, filtrou-se o suco, obtendo-se o extrato.
Beterraba: Uma beterraba pequena foi macerada e extraída com etanol 70%.
Casca de ameixa: A casca de uma ameixa foi macerada e extraída com etanol 70%.
Todos os extratos foram armazenados em geladeira, em frascos âmbar.
b) As soluções que foram analisadas, e que fazem parte do cotidiano do aluno, foram preparadas utilizando-se água de torneira, obtendo-se soluções aquosas de soda cáustica, sabão em pó, leite de magnésia, ácido muriático, vinagre, suco de abacaxi, refrigerante e sal de cozinha.
c)As soluções para construção das escalas aproximadas de pH, foram preparadas a partir de soda cáustica comercial (considerando-se 97% de pureza média) e ácido muriático (33% m/v), obtendo-se as soluções de pH 0 a 6 e 8 a 14, como solução neutra utilizou-se água de torneira.
d) Realização da aula prática: A aula contou com 16 alunos da primeira série do ensino médio do COLUNI divididos em 4 grupos. Na primeira parte da aula, cada grupo construiu a escla de pH de um dos indicadores. Com base nesses resultados, o melhor indicador foi escolhido e utilizado por todos os grupos para classificar as soluções cotidianas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Atendendo às exigências da disciplina Instrumentação para o Ensino de Química, da Universidade Federal de Viçosa, foi planejada uma aula prática dentro da unidade de Funções Inorgânicas, utilizando materiais de fácil aquisição. Os alunos construíram escalas de pH para os quatros diferentes indicadores, cujos resultados são mostrados na Tabela 1. As diferentes intensidades de coloração das soluções foram classificadas através do símbolo (+), soluções de colorações mais intensas são representadas por maior número de símbolos. Observou-se que os resultados apresentados foram obtidos em consenso entre os alunos. Verificam-se, a partir dos dados da Tabela 1, que os indicadores de açaí e de ameixa foram os que apresentaram faixas de coloração melhor definidas. De posse destes dados, a turma optou por utilizar o extrato de casca de ameixa como indicador para estudar as funções inorgânicas em uma série de produtos comerciais. Os resultados obtidos para os testes estão relacionados na Tabela 2. Esses dados comprovaram que todos os materiais trabalhados apresentaram propriedades indicadoras ácido-base e podem ser utilizados em substituição a indicadores comerciais para o ensino de química no Ensino Médio.
CONCLUSÕES: A iniciativa foi bem sucedida visto que foram obtidos resultados condizentes com o relatado em literatura (DAMASCENO, 2000). Dessa forma, esta proposta, que utiliza recursos do cotidiano do aluno para o ensino de química, está de acordo com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que prima por explorar o cotidiano do aluno para a apresentação de conceitos químicos, o que propicia uma aprendizagem mais significativa. Confirmando essa vertente, pôde-se observar que a apresentação de novidades estimula a participação e o interesse dos alunos.
AGRADECIMENTOS: Agadecemos aos alunos do COLUNI - Colégio de Aplicação da UFV.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ARROIO, A. O show da química: motivando o interesse científico, Química Nova, 29, p. 173-178, 2006.
DAMASCENO D.; OLIVEIRA, J.C.; PINTO, P.G.; LEMES, G.G.; LEITE, V.C. Aplicação de extrato de açaí no ensino de química, 2000, Disponível em : http://www.prp.ueg.br/06v1/ctd/pesq/inic_cien/eventos/sic2005/arquivos/exatas/aplicacao_extrato.pdf Acesso 24/04/2008
RAMOS, L.A.; OMURO, K.L.; CAVALHEIRO, E.T.G.; FATIBELLO, O.F. Utilização do extrato bruto de Solanum nigrum L. no ensino de química. Eclética Química, vol 25, 2000