ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: O USO DE MATERIAIS ALTERNATIVOS EM AULAS PRÁTICAS NUMA TURMA INCLUSIVA
AUTORES: SOUZA, N. S. (CEFET-PB) ; TAVARES,A. M. (CEFET-PB) ; OLIVEIRA, C. A. F. (CEFET-PB)
RESUMO: Em nosso estágio supervisionado, na escola Lyceu Paraibano, objetivamos resgatar as aulas práticas. Na mesma, havia um laboratório de ciências, em desuso e com falta de materiais. Nosso desafio era criar condições para as experiências planejadas juntamente com a professora da 1ª série do Ensino Médio da disciplina Química, numa turma inclusiva com 13 surdos. Após uma extensa pesquisa sobre inclusão educacional e nossa experiência como intérprete de LIBRAS, pôde-se elencar várias estratégias para uma melhoria no processo ensino-aprendizagem a TODOS os alunos. Das quais, utilizamos Materiais Alternativos, a fim de que acolhesse a diversidade desse alunado e criasse uma consciência ambiental. Diante dessa metodologia, constatamos que a evolução das notas dos alunos surdos foi considerável.
PALAVRAS CHAVES: ensino de química;inclusão;metodologia
INTRODUÇÃO: Segundo o Censo demográfico do IBGE em 2000, no Brasil há 166.400 surdos. Essa população tem criado demandas crescentes com a expansão da política pública de inclusão educacional de portadores de necessidades educacionais especiais (NEE) nas escolas regulares. No ano letivo de 2006, a escola estadual Lyceu Paraibano atendia, pela primeira vez, portadores de NEE: 13 surdos foram alocados na turma 2, condizendo com nosso campo de estágio(1ª série do ens. Médio) e assim foi escolhido como tal.
No segundo bimestre, ocorriam aulas práticas e participamos em contato direto com os surdos devido nossa experiência anterior como intérprete; cooperando no planejamento e na avaliação, refletindo sobre as características específicas da comunidade surda como: o direito ao uso da LIBRAS(Língua Brasileira de Sinais) como língua natural para ter acesso as informações (Lei n°10.436) e a presença do intérprete na sala(Resolução do CNE nº 2 de 2001, Art. 8 Parágrafo IV) .O MEC (BRASIL,2006) indica várias recomendações sobre a utilização das várias linguagens de cunho não-verbal sem detrimento da Língua oficial-Língua portuguesa- no cotidiano escolar da inclusão(BRASIL,2002). As aulas práticas não só facilitam o entendimento das teorias, auxiliam na contextualização como atendem os requisitos cognitivos de TODOS os alunos e resgatam a essência das Ciências: a experimentação.
MATERIAL E MÉTODOS: Nossa abordagem foi qualitativa e o recurso metodológico explorado foi a pesquisa documental que consistiu no exame e reexame de materiais que ainda não receberam qualquer tratamento analítico, no objetivo de fundamentar interpretações novas ou complementares sobre o que está sendo investigado. (ipsis litteris GODOY, 1995 apud LIMA, 2004 p.111-112). Para que pudéssemos elencar estratégias nas aulas, nos roteiros e nas avaliações respeitando a diversidade do alunado. Sendo a turma 2 composta por 57 alunos matriculados sendo 13 surdos e 44 ouvintes.Nossa atuação iniciou-se no 2º bimestre e se estendeu até o fim do ano letivo, planejando junto da professora da turma e utilizando das teorias pedagógicas base para o ensino médio como competências e habilidades.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Mesmo com tanta falta de informação sobre o que caracteriza o surdo, no tocante a questão da lingüística e das mudanças na metodologia de ensino que valorize o aspecto visual, nossa intensa pesquisa sobre competências e habilidades nos mostrou alguns fatores interessantes: no tópico representação e comunicação há as linguagens não verbais e símbolos próprios de nossa Química que nem sempre são valorizados e as 7 habilidades do ensino médio - Especificar, Reproduzir, Representar, Discernir, Revisar, Solucionar Problemas Complexos e Pesquisar - que seriam bem implementadas juntamente com atividades práticas (ANTUNES,2001).
A falta de recursos no laboratório da citada escola foi resolvida com a utilização de materiais alternativos tanto reagentes quanto recipientes[garrafas PET e vidros], e com a criatividade dos docentes e discentes. A introdução ao laboratório foi efetivada sem maiores problemas, e com reagentes alternativos[ácidos e bases comerciais,extrato de repolho como indicador] realizamos experiências simples como filtração, identificação de menisco em líquidos e pesagem.Como ilustrado na figura 1:
No caso, lecionávamos diretamente para os surdos utilizando a LIBRAS como principal meio de comunicação. A participação e o desempenho dos alunos surdos evoluíram positivamente demonstrando uma conseqüência de nossa intervenção enquanto estagiária. A ilustração disso está na figura 2:
Essa evolução de notas está baseada numa analise do arquivo da secretaria da escola.Um outro resultado surpreendente foi a taxa de desistência/reprovação entre os surdos foi bem menor do quem entre os ouvintes, respectivamente 7,7 % e 30%. Sendo assim, é considerável o estimulo das aulas práticas para um melhor entendimento e desempenho de TODOS os alunos.
CONCLUSÕES: Vimos que com criatividade e reutilização de materiais podemos driblar a falta de recursos de nossas escolas. E estimulando através do aspecto visual das práticas,podemos atender a diversidade do alunado em questão como constatado no desempenho dos surdos.Contudo todos erram: a maioria usa os erros para se destruir; a minoria para se construir. Estes são os sábios (CURY, 2003).Nesse ensaio descrevemos nosso empenho em proporcionar construção de conhecimento, de inclusão e de superação, onde adaptamos a metodologia e a didática e construímos novos meios de ensinar a TODOS os alunos.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANTUNES, Celso. Trabalhando habilidades Construindo idéias. São Paulo: Scipione, 2001.
BRASIL. Resolução n˚ 2, de 11 de fevereiro de 2001. Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: Conselho Nacional de educação-Camara de Educação Básica. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/ arquivos/ txt/res2.txt> Acesso em: 20 de dez. 2007
_______. Adaptações Curriculares em ação - ensinando na diversidade: reconhecendo e respondendo as necessidades especiais. Brasília: MEC, SEESP, 2002.
_______. Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/ seesp/arquivos/txt/lei10436.txt> Acesso em: 26 de mai. 2008.
_______. Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento as necessidades educacionais especiais de alunos surdos. 2.ed. Brasília: MEC, SEESP, 2006.
CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
GODOY, Anilda Schmidt. Pesquisa qualitativa: tipos e fundamentos. Revista de Administração de Empresas. São Paulo: Fundação Getulio Vargas, v. 35, n. 3, maio/jun. 1995 apud LIMA, Manolita Correia. Monografia: a engenharia da produção acadêmica. São Paulo: Saraiva, 2004.p. 111, 112.
