ÁREA: Ambiental
TÍTULO: Estudos dos métodos de medições do período quaternário
AUTORES: MENDONÇA, M.L.T.G. (CP II) ; CRUZ, R.P (CEFET-CAMPOS) ; GODOY, J.M. (PUC)
RESUMO: The present research work aims to approach some existing methods used to date events during the Quaternary. It regards the range of the age and of the matrix that may be used with each refered method.
PALAVRAS CHAVES: quaternary, dating
INTRODUÇÃO: O período Quaternário é a última divisão do tempo geológico, abrangendo os últimos dois milhões de anos (2,0 Ma), destacando-se neste período o surgimento do Homem; este termo foi proposto por Desnoyers em 1829 [1].
Os métodos de medições que abrangem o período Quaternário podem ser classificados de maneiras diferentes, como: quanto ao tipo de resultado que fornece e quanto ao próprio método realizado.
Os métodos que abrangem o tipo de resultado são idade-numeral, idade-calibrada, idade-relativa e idade-correlacionada; a idade-numeral produz estimativa quantitativa da idade, também é chamada de idade-absoluta; a idade-calibração indica idade numérica aproximada, provenientes de processos dependentes das variações ambientais; a idade-relativa fornece uma seqüência de idades; a idade-correlacionada não apresenta diretamente a medida da idade, mas indica a idade pela equivalência de dados de eventos ou depósitos.
A classificação que compreende o tipo de método é método sideral, método isotópico, método radiogênico, método químico ou biológico, método geomórfico e método de correlação. O sideral é também chamado de método anual ou de calendário, determina a idade através de dados que ocorrem anualmente. O isotópico mede a mudança da composição isotópica devido ao decaimento radioativo. O radiogênico mede o acúmulo dos efeitos provenientes do decaimento radioativo. O químico ou biológico mede os resultados provenientes de processos químicos e biológicos que são dependentes do tempo. O geomórfico mede o acúmulo de resultados de processos interligados físicos, químicos e biológicos da região. O método de correlação apresenta a idade usando propriedades de tempo independentes.
MATERIAL E MÉTODOS: Foram escolhidos alguns métodos para serem estudados, sendo os mais utilizados os métodos isotópicos, que medem a mudança na composição isotópica, devido ao decaimento radioativo. O decaimento radioativo é a emissão espontânea de partículas e/ou radiação, produzindo nuclídeo filho pela desintegração do nuclídeo pai. Este decaimento ocorre em uma taxa constante, sem considerar os efeitos ambientais, regidas pela lei do decaimento. Os métodos isotópicos são subdivididos em métodos nuclídeos cosmogênicos e métodos isotópicos padrões.
O primeiro método, dos nuclídeos cosmogênicos, é baseado na constante de formação e de decaimento dos isótopos radioativos na amostra, com adição dos nuclídeos radiogênicos formados continuamente pelo bombardeamento de raios cósmicos próximo à superfície. O sistema é considerado fechado para os nuclídeos, quando eles não podem ganhar ou perder material geológico. É considerado um sistema aberto em relação aos raios cósmicos, quanto à conversão dos nuclídeos em outros, havendo assim uma produção “in situ”.O método isotópico padrão é baseado na quantidade fixa de material radioativo proveniente do decaimento, considerando assim um sistema fechado, onde a perda e o ganho de isótopos só ocorre através do decaimento. Apresentam os seguintes métodos nesta classificação: radiocarbônico; potássio-argônio; argônio-argônio; série do urânio; 210Pb; urânio-chumbo e tório-chumbo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dos métodos isotópicos descritos anteriormente, foram selecionados dois métodos para serem discutidos: a datação radiocarbônica e a série de urânio. O primeiro método é realizado através da determinação de C-14, que é feita pelo decaimento radioativo, usando para isso um contador proporcional a gás de CO2, CH4, C2H2 e raramente C2H6 ou contador de cintilação em meio líquido (fig.1); outro método para a determinação de C-14 é a utilização de espectrometria de massa com acelerador (AMS) [3,4]. As amostras empregadas na técnica de AMS são as mesmas para contagem do decaimento, ou seja, amostras que contenham carbono, originalmente fixado pelo CO2 atmosférico, que deve ter uma relação direta com o contexto geológico do evento a ser datado. Os materiais mais comuns usados para datação são: madeira; sementes; pólen, carvão; ossos, turfa e conchas, o alcance da idade é de 60000 BP.
Nos método da série do Urânio os decaimentos do 238U, 235U e 232Th levam a formação do isótopo estável de chumbo, através de uma série complexa. Teoricamente podem-se datar rochas através da quantidade de chumbo produzida (fig 2) ou pela quantidade de hélio liberada, mas isso seria restrito a materiais muito antigos. Para uma escala de tempo do Quaternário é necessária a utilização de nuclídeos intermediários, com tempo de meia-vida também intermediário. As matrizes utilizadas na datação com a série de urânio podem ser: corais, depósitos de carbonato de cálcio, moluscos, turfa e outros. O alcance da idade com o método da série de urânio pode ser muito amplo, variando significativamente de acordo com a razões isotópicas utilizadas.
CONCLUSÕES: Não existe um único método de datação que abranja todo o período Quaternário e que seja utilizada para toda e qualquer matriz. A escolha do melhor ou algumas vezes do único método possível de ser empregado, é determinada pelo tipo de amostra existente e pela idade estimada da mesma, através da análise desses dois parâmetros, é que se pode fazer à escolha do método apropriado.
AGRADECIMENTOS: Os autores agracedecem ao CAPES pelo apoio financeiro e também a Claudia da Costa Aronne da Unidade de Negócios do Rio de Janeiro (UN-RIO)por ter cedido a fig.2
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. Guerra, A.T. ; Guerra, A.J.T.; Novo Dicionário Geológico Geomorfológico. Rio de Janeiro: Ed.Bertrand Brasil, 1997.
2. Lettis, W.R.; Noller, J.S.; Quaternary Geochronology Methods and Applications, Washington: American Geophysical Union, 2000.
3. Gillespie, R.; Radiocarbon User’s Handbook. Oxoford: Oxoford University Commmittee for Archaeology, 1986.
4. Bowman, S.; Radiocarbon Dating. Los Angeles: University of California Press/British Museúm, 1990.