ÁREA: Ambiental

TÍTULO: EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA BACIA DO RIO MARANGUAPINHO E NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO MAÇICO DE BATURITÉ, CEARÁ: UMA FORMA DE INSERIR OS JOVENS NO CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL

AUTORES: SILVA, R. S (UFC) ; JÚNIOR, A. E. C (UFC) ; ARAÚJO, M. T. L (CEFET-CE) ; BORGES, S. S. S (UFC) ; TORRES, G. R. (UFC)

RESUMO: Para estimular os trabalhos da COM-VIDA (Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola), foram realizadas aulas de interpretação socioambiental em torno dos recursos hídricos da bacia do rio Maranguapinho, Fortaleza-CE, e Área de Proteção Ambiental do Maciço de Baturité, Guraramiranga-CE. O trabalho envolve 266 alunos e professores. Utilizando transporte escolar cedido pelas Prefeituras de Fortaleza e Guaramiranga, os percursos foram: 1) a Área de Proteção Ambiental (APA) do Maciço de Baturité; 2) riacho Alagadiço; 3) Lagoa da Parangaba, Canal do Panamericano e Canal da Bela Vista. As visitas serviram para discutir alternativas e propor soluções para minimizar os impactos ambientais causados à partir do lançamento indistindo de lixo e rejeitos nos corpos d´água, pela população.

PALAVRAS CHAVES: maranguapinho, educação, socioambiental.

INTRODUÇÃO: O crescimento acelerado do processo de urbanização têm provocado danos irreversíveis ao meio ambiente, e conseqüentemente prejuízos econômicos, sociais, culturais, e à saúde da população. A maioria das bacias urbanas (rios, canais, lagoas, açudes) de muitas capitais brasileiras, se estende por áreas densamente povoadas e estão sujeitas a receberem rejeitos originados de setores industriais, residenciais, comerciais e de serviço público, que são lançados indiscriminadamente nesses corpos d´água. Tais ações resultam comumente na introdução de substâncias potencialmente tóxicas e patogênicas no ecossistema fluvial. Uma vez liberado no ambiente, a permanência e o destino das substâncias poluentes serão determinados pelos efeitos combinados de variáveis diferentes, como as propriedades físico-químicas (turbidez, pH, condutividade), a hidrologia do rio, etc. (Kucuksezgin et all, 2007). A cidade de Fortaleza, localizada no estado do Ceará, região nordeste do Brasil, com aproximadamente 5 milhões de habitantes, possui 5 bacias hidrográficas (Bacia da Vertente Marítima, Bacia do rio Maranguapinho e do rio Ceará, Bacia do rio Pacoti, e Bacia do rio Cocó) que são imprescindíveis no controle e equilíbrio ambiental. Ao longo dos anos essas bacias vêm sendo agredidas de diversas formas pelas atividades antrópicas. Com o objetivo de mobilizar e sensibilizar as comunidades escolares e seu entorno para as questões que envolvam os temas socioambientais, e para compreensão dos valores da Agenda 21, por meio da formação e fortalecimento das Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (COM-VIDAs), o PROGERE (Programa de Gerenciamento de Resíduos) da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Ceará, em parceria com o Coletivo Jovem de Meio Ambiente, criou o projeto Tecendo Redes.

MATERIAL E MÉTODOS: O projeto Tecendo Redes trabalha com 20 escolas que integram a rede de ensino pública estadual e municipal, sendo 16 escolas no município de Fortaleza e 4 escolas em Guaramiranga, onde está localizada a nascente do rio Pacoti. Em Fortaleza, a escolha das escolas foi baseada na área de influência da bacia do rio Maranguapinho e de canais de drenagem próximos do açude Santo Anastácio. As outras 4 escolas foram selecionadas por estarem situadas próximas à nascente do rio Pacoti. Inicialmente, foram realizadas oficinas de educação ambiental para formar as COM-VIDAs (Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola). As COM-VIDAs atuarão dentro da escola no fortalecimento das discussões socioambientais, na implementação da Agenda 21 de cada escola, e na formação e escolha dos delegados da III Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente. Após essa etapa o projeto desenvolveu aulas de interpretação ambiental, utilizando ônibus de transporte escolar cedido pelas Prefeituras de Fortaleza e Guaramiranga para percorrer os canais, riachos e açudes que compõem parte dessa bacia. As visitas a esses locais foram documentadas em vídeo, fotos, e textos escritos pelos próprios alunos. As etapas seguintes desse projeto envolvem: Oficina da Agenda 21, que se constitui num compromisso para a sustentabilidade socioambiental da comunidade escolar; Oficinas de educomunicação, que consiste na capacitação dos alunos para utilização de ferramentas como rádio, jornal-mural, vídeo, fanzine e internet no processo de interação e fortalecimentos das COM-VIDAs formadas. A etapa final consistirá na produção e distribuição de materiais educomunicativos desenvolvidos pelos próprios alunos durante as oficinas, que servirão para fortalecer e dar continuidade ao processo educativo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O projeto já envolveu 172 alunos do ensino fundamental II e ensino médio e 94 professores, totalizando 266 pessoas. A perspectiva é que esse número aumente na medida em que o projeto avance no desenvolvimento das etapas subseqüentes. Os percursos visitados nesta fase inicial foram: 1) a Área de Proteção Ambiental (APA) do Maciço de Baturité - município de Guaramiranga; 2) riacho Alagadiço, nos bairros Vila Ellery, Monte Castelo, São Gerardo, Alagadiço, Presidente Kenedy e Padre Andrade; 3) Lagoa da Parangaba, Canal do Panamericano e Canal da Bela Vista, nos bairros Parangaba, Panamericano, Bela Vista e Pici. Através das visitas a esses locais constatou-se o envolvimento dos alunos e professores no processo de sociabilidade ambiental, e nas discussões à respeito das atividades antrópicas que degradam esses recursos hídricos. Nesse sentido, as visitas serviram para discutir alternativas e propor soluções para minimizar os impactos ambientais causados à partir do lançamento indiscriminado de lixo e rejeitos nos corpos d´água pela população local. O Projeto considera que essas discussões gerem espaços de aprendizagem (blog, fanzine, rádio, jornal-mural) permanentes para estimular a reflexão profunda sobre a realidade que se pretende modificar, e trazer para os mesmos a troca contínua de experiências vivenciadas pelos integrantes dos grupos, além da busca de soluções compartilhadas para problemas identificados nesses percursos.

CONCLUSÕES: As etapas desenvolvidas mostraram que: é possível envolver os jovens nas discussões ambientais; as aulas de interpretação ambiental refletem mais fortemente as realidades social, econômica, cultural e ambiental vivenciadas pelos alunos; as aulas de campo despertaram nos alunos e professores a preocupação acerca da agressão sofrida pelos recursos naturais decorrentes da ação exploratória humana. Os professores levantaram discussões com relação à aprovação de obras dentro das áreas visitadas, pelos órgãos gestores ambientais, tanto no município de Guaramiranga quanto no município de Fortaleza.

AGRADECIMENTOS: A Pró-Reitoria de Extensão da UFC.

Ao Programa de Gerenciamento de Resíduos (PROGERE) da UFC.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. Kucuksezgin, F.; Uluturhan, E.; Batki, H. Distribution of heavy metals in water, particulate matter and sediments of Gediz River (Eastern Aegean). Environmental Monitoring and Assessment, Volume 141, Numbers 1-3, Pages213-225, June, 2008.
2. Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continbuada, Alfabetização e Diversidade. Formando COM-VIDA – Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola: Construindo a Agenda 21 na Escola / Ministério da Educação, Ministério do Meio Ambiente – Brasília: MEC, Coordenação Geral de Educação Ambiental, 2004.