ÁREA: Ambiental

TÍTULO: IMPACTO DO USO DE AGROTÓXICOS NA SAÚDE DO TRABALHADOR RURAL DE NATUBA NO MUNICÍPIO DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO – PE

AUTORES: RODRIGUES, J. E. C. (EAFVSA) ; SANTOS, E. F. (EAFVSA) ; BRAYNER, F. M.M. (ITEP)

RESUMO: Segundo a Organização Mundial de Saúde, anualmente, 3 milhões de pessoas são contaminadas por agrotóxicos em todo o mundo, sendo 70% desses casos por exposição ocupacional nos países em desenvolvimento como o Brasil. O objetivo da pesquisa foi avaliar o uso de agrotóxicos e seu impacto na saúde do trabalhador rural produtor de alface, na região de Natuba, município da Vitória de Santo Antão, do Estado de Pernambuco. Foi utilizado um questionário estruturado e entrevistas aos proprietários e trabalhadores rurais. As análises toxicológicas de resíduos, na cultura da alface, foram obtidas do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos e o Programa de Controle de Qualidade dos Hortifrutigranjeiros no Estado de Pernambuco. Os resultados demonstram que os trabalhadores utilizado

PALAVRAS CHAVES: impacto, agrotóxico e saúde.

INTRODUÇÃO: Segundo a Organização Mundial de Saúde, anualmente, 3 milhões de pessoas são contaminadas por agrotóxicos em todo o mundo, sendo 70% desses casos por exposição ocupacional nos países em desenvolvimento (CRESTANA, 2000). Em 2002, no Brasil, foram notificados 7.823 casos de intoxicações por agrotóxicos, sendo 5.591 causados por produtos usados na agropecuária e 2.247 por produtos de uso doméstico (pesticidas domésticos), respondendo por aproximadamente 10% de todos os casos de intoxicação registrado no país. De acordo com estimativas do Ministério da Saúde, para cada evento de intoxicação por agrotóxico notificado, há outros 50 não notificados, o que elevaria o número da contaminação/ano para 365.300 casos aproximadamente (SINITOX, 2002). O uso de agrotóxicos na agricultura tem provocado conseqüência negativa para a população em geral, principalmente, quando se verificam os impactos à saúde e ao meio ambiente. Dentro do modelo agrícola existente, os agrotóxicos são considerados indispensáveis, porém são também classificados como um dos principais poluentes químicos que se difundem pelo planeta. O objetivo da pesquisa foi avaliar o uso de agrotóxicos e seu impacto na saúde do trabalhador rural produtor de alface, na região de Natuba, município da Vitória de Santo Antão, localizado na mesorregião da mata do Estado de Pernambuco.

MATERIAL E MÉTODOS: Para a coleta das informações sobre as condições socioeconômicas e ambientais foram utilizados um questionário estruturado e entrevistas diretas junto aos proprietários e trabalhadores rurais. As análises toxicológicas de resíduos, na cultura da alface, apresentadas neste estudo, foram obtidas a partir das planilhas do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos e o Programa de Controle de Qualidade dos Hortifrutigranjeiros no Estado de Pernambuco.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: No cultivo da alface, os trabalhadores rurais de Natuba têm utilizado agrotóxicos de maneira indiscriminada e excessiva. Os agrotóxicos mais utilizados na cultura da alface destacados pelos trabalhadores rurais foram: Dithane (26,3%), Tamaron (21,2%), Karatê (13,1%), Decis (10,9%), Folidol (9,6%) e Folicum (6%) e outros(13%), todos proibidos pelo Ministério da Agricultura para uso na cultura da alface. As atividades de manipulação, aplicação, armazenamento, bem como a compra e venda de agrotóxicos são realizadas de forma irregular, infringindo a legislação em vigor. Os trabalhadores rurais de Natuba possuem baixo nível educacional e não recebem orientação técnica. A freqüência de aplicação dos agrotóxicos, em sua maioria, é semanal durante todo ciclo da cultura e as quantidades utilizadas são, geralmente, maiores que o recomendado pelos fabricantes. A aplicação indiscriminada de agrotóxicos afeta tanto a saúde humana quanto os ecossistemas naturais. Os impactos na saúde atingem tanto os aplicadores dos produtos quanto os membros da comunidade e os consumidores dos alimentos contaminados com resíduos, mas, sem dúvida, os aplicadores são os mais afetados (BOWLES & WEBSTER, 1995). A maioria dos trabalhadores rurais apresenta sintomas característicos de intoxicação como bronquite asmática e outras anomalias pulmonares; efeitos gastrointestinais, e distúrbios musculares, debilidade motora e fraqueza. O problema é grave pois estes compostos são solúveis em tecido adiposo (lipossolúveis) e se acumula no organismo (MATOLEY et. al.,1988 apud MARCIEL, 2005) e resistentes aos mecanismos de decomposição dos sistemas biológicos (LARINI, 1999).

CONCLUSÕES: Os dados obtidos junto aos agricultores da área estudada e informações secundárias indicam que Natuba tem uma agricultura química dependente a agrotóxicos. Fica evidente o uso indiscriminado destes produtos, com o risco de contaminação humana e ambiental, em especial, dos grupos humanos expostos. O estudo revelou que a comunidade de Natuba necessita de políticas públicas e ações que visem à prevenção e proteção à saúde da população, em especial dos trabalhadores rurais.

AGRADECIMENTOS: À Escola Agrotécnica Federal de Vitória de Santo Antão - EAFVSA-PE.
Ãssociação Instituto de Tecnologia de Pernambuco - ITEP.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BOWLES, R.G & WEBSTER,J.P.G., 1995. Some problems associated with the
analysis of the costs and benefits of pesticides. Crop Protection, 14:593 – 600.
CRESTANA, S. (2000). Harmonia e respeito entre homens e natureza: uma questão
de vida – A contribuição da agricultura. In: Castelanl, E. G.; CHAIDHRY, F. H.
Desenvolvimento Sustentado: problemas e Estratégias. São Carlos: EESC
– USP. p. 169-180.
LARINI, L. (1998). Praguicidas. In: Fundamentos de Toxicologia ZANANI OGA. Uso
Racional de Medicamentos. São Paulo : Atheneu.
MACIEL, E. Desenvolvimento e validação de Metodologia analítica de
multiresíduos para quantificação de resíduos de pesticidas em manga
(Mangifera indica). Dissertação (Mestrado em Ecologia de Agroecossistema).
Universidade de São Paulo. Piracicaba, 2005.
[SINITOX] Sistema Nacional de Informações Toxicológicas e Farmacológica
[SINITOX].[on-line]. Uma breve Análise, 2002. Rio de Janeiro: Ministério da
Saúde/Fundação Oswaldo Cruz. Disponível em URL:
http://www.Fiocruz.br/ciect/oquee/estrut/dect/sinitox. [2005/out.].