ÁREA: Química Analítica
TÍTULO: Avaliação da eficácia do processo de desinfecção dos leitos do setores 4 e 6 do Hospital São João de Deus (Divinópolis/MG)
AUTORES: ALVES, R.S. (UNIFENAS) ; LACERDA, I.C.A. (UNIFENAS) ; VIEIRA, C.A. (UNIFENAS) ; BARBIERI,R.S. (UNINCOR) ; TEIXEIRA,D. (UNIFENAS) ; SILVA, M.E.F. (UNIFENAS)
RESUMO: O Staphylococcus aureus é uma bactéria que faz parte da microbiota humana, mas que pode provocar doenças que vão desde uma infecção simples, como espinhas, até as mais graves, como pneumonia, meningite, septicemia, entre outras. Este trabalho avaliou a presença de S. aureus em 15 leitos dos quartos dos setores 4 e 6 do Hospital São João de Deus em Divinópolis/MG, antes e após a desinfecção dos leitos. Observou-se que dos 15 leitos avaliados, houve crescimento de S. aureus em 93,33% antes da desinfecção, prevalencendo 14,28% dos leitos contaminados após a desinfecção. Um fator capaz de justificar a prevalência de colonias microbianas refere-se ao procedimento adotado no processo de desinfecção que não utiliza a aplicação do desinfetante por 3 vezes como sugere o Ministério da Saúde.
PALAVRAS CHAVES: desinfecção de leitos, infecção hospitalar
INTRODUÇÃO: Descontaminação é um termo usado para descrever um processo ou tratamento que torna um material hospitalar, instrumento ou superfície, seguro para o manuseio e uso. Um processo de descontaminação não significa, necessariamente, que este material está seguro para sua utilização no paciente, uma vez que o procedimento de descontaminação pode variar desde um processo de esterilização ou desinfecção até a simples lavagem com água e sabão. Deve ser estabelecida uma rotina de limpeza e desinfecção periódica, geralmente designada pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), de acordo com a área hospitalar e sempre que houver sujidade visível. As ações de vigilância contínua das infecções se fazem necessárias no sentido de reduzir ao máximo possível a incidência e a gravidade das infecções hospitalares. Dentre os desinfetantes utilizados, o álcool a 70% apresenta espectro de ação dentro do requerido para a eficácia de um desinfetante, exibindo uma redução de 106 (dez a seis) a 108(dez a oito) células de Staphylococus aureus por mL na presença ou ausência de matéria orgânica. Entre os microorganismos associados à etiologia das infecções hospitalares, o Staphylococus aureus permanece como importante patógeno, sendo responsável por mais de 30% dos casos de infecções hospitalares.
MATERIAL E MÉTODOS: O estudo foi realizado em um hospital geral público e particular, localizado em Divinópolis/MG. Foram avaliadas amostras obtidas de 15 colchões presentes nos quartos dos setores 4 e 6 do Hospital São João de Deus, coletadas no período de 02/05/2008 a 09/05/2008, utilizando swabs estéreis, por rolamento nas três áreas (superior, média e inferior) da superfície do colchão em contato com o paciente.
As amostras foram coletadas imediatamente após desocupação dos leitos, antes e após a desinfecção do mesmo, totalizando 30 amostras. As amostras colhidas nos leitos foram identificados por letras do alfabeto português. Depois de coletadas, as mostras foram semeadas pela técnica de esgotamento em meio Sal – manitol e incubadas a 37º C por 24 horas.
As amostras que revelaram a presença de colônias de cocos com características sugestivas de S. aureus foram reisoladas para purificação em placa Sal – manitol e após 24 horas foram submetidas à provas de coloração pelo gram, catalase, DNAse e coagulase.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O desenvolvimento de microorganismos nas placas permitiu estabelecer comparações antes e depois da limpeza dos colchões quanto a positividade das placas, classificação das placas em ausência contáveis e incontáveis de acordo com o número de colônias e avaliação da efetividade da limpeza. Estas amostras foram coletadas imediatamente após desocupação dos leitos, sendo estes vagos por alta e não tendo sido previamente limpos e desinfetados antes da coleta.
A limpeza dos colchões foi realizada por Camareiras, treinadas e supervisionadas pela equipe de Enfermagem, através de ação mecânica, isto é, pela fricção manual com a utilização de um pano umidecido com uma solução de sabonete neutro perolizado e água. A fricção foi feita sempre da parte superior para a inferior e vindo com movimentos circulares feitos sempre na mesma direção. Após utilização do sabonete, completa - se a desinfecção com álcool 70%. Este desinfetante químico é usado sobre a superfície do colchão com auxilio de um pano. Os movimentos são circulares e unidirecionais. Esse procedimento foi feito uma única vez. Estudos realizados com a finalidade de avaliar a efetividade deste procedimento, desinfecção de leitos hospitalares, evidenciaram que a limpeza e a desinfecção mecânica bem executada proporcionam diminuição de 80% da quantidade de microorganismos e combinada a desinfetantes adequados, esta redução é de 90% a 95%. Observou se que dos 15 leitos avaliados, houve crescimento de S. aureus em 93,33% antes da desinfecção prevalencendo 14,28% das colônias após o processo de desinfecção. Este fator pode ser explicado pela não adequação à técnica sugerida pelo Ministerio da Saúde que preconiza a repetição do procedimento por 3 vezes.
CONCLUSÕES: De acordo com o Ministério da Saúde, os álcoois são indicados para a desinfecção de artigos e superfícies, com tempo de exposição de dez minutos, utilizando - se concentração de 77% volume – volume, que corresponde a 70% em peso. O álcool deve ser aplicado e friccionado até secagem. Este procedimento deve - se repetir por três vezes, garantindo assim 90 a 95% de desinfecção. Os dados demonstraram que o procedimento de desinfecção dos colchões realizado nos setores 4 e 6 do Hospital São João de Deus não está totalmente de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde.
AGRADECIMENTOS: Ao Hospital São João de Deus, a UNIFENAS - Campus de Divinópolis
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ZANCONATO, R.V., VIEIRA W.K., ABEGG M.A. Condição microbiológica de colchões hospitalares antes e após a sua desinfecção, Pratica Hospitalar, Toledo, Ano IX, Nº 52, Julho/Agosto, 2007.
ANDRADE, D.E. ARGERAMI L. S. . Reflexões acerca das infecções hospitalares às portas do terceiro milênio, Ribeirão Preto, 32: 492 – 497, Outubro/Dezembro, 1999.
PANNUTI CS. A importância do meio ambiente hospitalar, In: Rodrigues EAC et al., Infecções hospitalares: prevenção e controle. São Paulo: Sarvier,1997.
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, Consulta Pública nº109 de 2003, disponível em www.anvisa.gov.br ; acesso em 25 de maio de 2008.