ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: Análise do processo de desinfecção de leitos hospitalares em salas de observação do Hospital São Judas Tadeu (Divinópolis MG)

AUTORES: ALVES, R.S (UNIFENAS) ; LACERDA, I.C.A. (UNIFENAS) ; VIEIRA,C.A. (UNIFENAS) ; BARBIERI,R.S. (UNINCOR) ; PEREIRA,A.M.O (UNIFENAS) ; MOTA,F.C.C. (UNIFENAS) ; ALMEIDA, L.V. (UNIFENAS)

RESUMO: O ambiente hospitalar e suas superfícies inanimadas guardam íntima relação com as infecções hospitalares.A limpeza das unidade de saúde,é uma das formas de manter o ambiente hospitalar biologicamente seguro.Microrganismos como Staphylococcus aureus apesar de fazerem parte da microbiota humana podem produzir infecções oportunistas.O objetivo do estudo foi verificar a presença S. aureus nos leitos, e bactérias e fungos do ar das salas de observação do hospital São Judas Tadeu em Divinópolis/MG.O método de análise baseou-se na coleta de amostras do ar pela exposição de placas.E para os leitos usou-se a técnica de semeadura com swab após a troca de pacientes.Os resultados demonstraram altos índices de crescimento microbiano,revelando a necessidade de um critério mais rrigoroso para desinfecão

PALAVRAS CHAVES: staphylococcus aureus, infecção hospitalar, desinfecção

INTRODUÇÃO: Embora as principais causas de infecção hospitalar estejam relacionadas com o doente susceptível à infecção e com os métodos-diagnósticos e terapêuticos utilizados, não se pode deixar de considerar a parcela de responsabilidade relacionada aos padrões de assepsia e de higiene do ambiente hospitalar. Dentre as atividades executadas no cotidiano dos hospitais há a limpeza de unidade, reconhecida como uma das formas mais importantes de se manter o ambiente hospitalar biologicamente seguro. A limpeza é realizada para a remoção de sujidade, com a finalidade primordial de impedir a disseminação de microrganismos que colonizam as superfícies horizontais dos mobiliários, como Staphylococus aureus, Clostridium difficile, Pseudomonas sp, Proteus sp, Serratia marcescens, Candida sp e outros.Dentre os microrganismos citados destaca-se com grandes índices de contaminação por S. aureus. No processo de limpeza de unidade tem sido recomendada a utilização de produtos químicos com ação germicida, eficazes para remoção e destruição de microrganismos existentes na superfície. A utilização de substâncias germicidas tem levado, inclusive, a uma mudança da terminologia de "limpeza de unidade" para "desinfecção da unidade", o que já está sendo evidenciado na literatura. O processo de desinfecção do hospital de estudo baseava-se unicamente na utilização de papeis estéreis renovados a cada troca de pacientes. Assim o objetivo do estudo é verificar a presença S. aureus nos leitos e a presença de bactérias e fungos do ar da sala de observação do hospital São Judas Tadeu de Divinópolis no Estado de Minas Gerais.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras estudadas foram coletadas do ar das salas de observação do hospital São Judas Tadeu pela técnica de exposição de placas, utilizando meios de cultura Agar Nutriente para bactérias e Agar Sabourand para fungos. As amostras das superfícies dos leitos da sala de observação foram coletadas com “Swab” estéreis após a troca de pacientes. As amostras foram coletadas assepticamente e transportadas em caixa de isopor contendo gelo para posterior processamento e incubação no laboratório de microbiologia da Universidade José Rosário Vellano, UNIFENAS- Campus Divinópolis. A técnica de exposição de placas foi realizada para isolamento de microrganismos do ar que consiste em deixar as placas de petri abertas por 30 minutos, contendo meios de cultura solidificados de Ágar Nutriente para bactérias e Ágar Sabourand para fungos. Após este período, as placas foram incubadas. As placas de Agar Nutriente a temperatura de 37ºC por um período de 24-48hs e as placas de Agar Sabourand à 28ºC por um período de 3 a 5 dias.
A coleta de amostras dos leitos consiste passar o swab nas superfícies e transferi-los para salinas para posterior inoculação nas placas de petri contendo o meio de cultura Sal-Manitol já solidificado, no intuito de isolar S. aureus. Este swab foi passado por esgotamento em estrias sobre o meio de cultura Sal Manitol que foram incubadas por um período de 24-48 horas à 37ºC para o crescimento do microrganismo de interesse.Para as placas de Ágar Nutriente e Ágar Sabourand foram realizados contagens de colônias. Para as placas de Ágar Sal-Manitol foram feitos contagens de colônias sugestivas de S. aureus com mudança de cor para amarelo e isolamento dos mesmos, para posterior identificação definitiva, como coagulase e Dnase

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A quantificação bacteriana apresentou-se em níveis mais elevados nas salas analisadas, em relação à quantificação fúngica. Esta presença elevada de bactérias pode ser sugerida ao maior fluxo de pessoas. Isto é preocupante, uma vez que os seres humanos podem ser portadores de microrganismos oportunistas, da própria microbiota normal, que podem ser patogênicos em pacientes imunocomprometidos. No presente estudo, os fungos estão em contagens baixas 42 UFC/m3 (ADULTO) e 28 UFC/m3 (PEDIATRIA) , indicando possivelmente pouca sujidade na sala. Já as bactérias mostram-se elevadas 141 UFC/m3 (ADULTO) e 89 UFC/m3 (PEDIATRIA), considerando risco de Infecção Hospitalar. De acordo com a ANVISA (2003), os níveis de bactérias e fungos não devem ultrapassar 50 UFC/m3. Os leitos eram revestidos de tecidos e recobertos com uma folha de papel. Processo ineficaz de assepsia, que deve ser substituído por outro de eficiência comprovada. Sugere-se a limpeza por ação mecância com aplicação de sabão e posterior desinfecção por meio de desinfetantes como álcool 70 oGL ou hipoclorito de sódio 2%, lembrando que o uso de álcool possui como desvantagem a falta de agente químico residual o que diminui a eficácia do processo de desinfeção.

CONCLUSÕES: A análise microbiológica dos leitos da salas de observação do Hospital São Judas Tadeu, demonstrou um grande crescimento de bactérias em relação aos fungos e altos índices de S. aureus. A presença destes microrganismos mostra a importância e a necessidade de uma desinfecção dos leitos e não somente a troca de papéis. Sugere-se ainda leitos sem tecidos e se possível com revestimento emborrachados para facilitar a higienização e desinfecção. Os processos devem ser protocolados e deverão apresentar laudos de testes microbiológicos, para garantir a eficácia da qualidade da assepsia.

AGRADECIMENTOS: Ao Hospital São Judas Tadeu e a UNIFENAS Campus Divinópolis

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANDRADE, D., ANGERAMI, E. L., PADOVANI C. R. Condição microbiológica dos leitos hospitalares antes e depois da assepsia. Revista da Saúde Pública, 34 São Paulo, 2000.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE disponível em: www.opas.org.br, acesso em 04 de Maio de 2008.
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, Consulta Pública nº109 de 2003, disponível em www.anvisa.gov.br ; acesso em 25 de maio de 2008.
MUNIDIM, G. J., DEZENA, R. A., OLIVEIRA, A. C. S., et al. Avaliação da presença de Staphylococcus aureus nos leitos do Centro de Terapia Intensiva do Hospital Escola da Faculdade de Medicina do Triangulo Mineiro, em relação à posição no colchão antes e após a limpeza. Rev. Soc. Bras. Méd. Trop., 2003.