ÁREA: Química Analítica
TÍTULO: DETERMINAÇÃO DE CITRAL EM ÓLEO ESSENCIAL DE FOLHAS DE ERVA-CIDREIRA (LIPPIA ALBA MILL. N. E. BROWN)
AUTORES: REIS, P.S. (UFBA) ; ESTEVAM, I.H.S. (UNEB) ; GUIA, R.R.S (UFBA) ; SILVA, V.M. (UFBA) ; DAVID, J.P.L. (UFBA) ; DAVID, J.M. (UFBA) ; FERREIRA, S.L.C. (UFBA)
RESUMO: RESUMO: Neste estudo, para a quantificação do citral nos óleos das folhas de erva-cidreira, empregou-se à técnica de GC-FID a partir da curva analítica dos padrões. Utilizou-se o dispositivo Clevenger modificado para extração dos óleos e as técnicas de RMN 1H e GC-MS para identificação do citral. Três tratamentos foram estudados com duas metodologias de secagem (estufa de circulação forçada a 40 ºC, secagem em temperatura ambiente 25 ºC) e planta fresca para otimizar o rendimento do óleo. A variação do teor de citral para amostras coletadas num mesmo dia (intra-dia), e em dias diferentes (inter-dia) foi investigada. Os resultados mostraram que não houve diferenças estatisticamente significativas para os tratamentos, apenas para a variação do citral no ensaio inter-dia.
PALAVRAS CHAVES: neral, geranial, óleos essenciais
INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: A Lippia alba (Mill.) N. E. Brown, uma erva aromática, pertencente à família verbenaceae, é uma planta nativa do Brasil e desenvolve-se em solos arenosos nas margens de rios e lagos, em regiões de clima tropical e subtropical (ATTI-SERAFINI, 2002). É conhecida popularmente como erva-cidreira, salsa-limão, salsa brava, alecrim do campo e chá de tabuleiro, sendo bastante empregada na medicina popular como sedativo, digestivo, analgésico e antiespasmódico. A planta é quimicamente bastante estudada especialmente seus óleos essenciais, os quais são ricos em terpenos (CRAVEIRO,1981). O aroma da planta está relacionado aos constituintes predominantes nos óleos essenciais, os quais podem variar qualitativamente e quantitativamente, em função de diversos fatores, tais como: estações do ano, época de floração, idade da planta, quantidade de água circulante, resultante da precipitação, fatores geográficos e climáticos (MATOS, 1998; LORENZI, 2002). Apesar da extensa utilização das folhas de erva-cidreira pela população de Salvador e de outras regiões do Estado da Bahia, não há estudos delineados para a avaliação quantitativa do citral.. O citral tem sido apreciado pelas indústrias de cosméticos e perfumes, como também pelas indústrias de alimentos e farmacêuticas. (LALKO e API, 2006). Além disso, o citral tem apresentado atividade como agente anti-mutagênico, inibidor enzimático, antimicrobiano e atua como feromônicos em insetos (RAO et al, 2005; SHIN, 2005). Verificou-se que alimentos ou medicamentos contendo citral são considerados como potenciais causadores de glaucoma e de doenças cardiovasculares (LEACH e LLOYD, 1953). O objetivo principal deste trabalho foi de realizar um estudo para determinação do citral em óleos essenciais obtidos das folhas de erva-cidreira.
MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAL E MÉTODOS:O citral foi identificado a partir da avaliação dos tempos de retenção dos componentes da mistura neral e geranial da solução padrão por CG-EM da marca Shimatzu, modelo GCMS-QP 2020 e coluna DB-5TH, como também a partir dos espectros RMN 1H registrados em espectrômetro Varian modelo GEMINI 2000 operando em freqüência de 300 MHz. Foram utilizados solventes deuterados (CDCl3) e sinal de TMS como referência interna. A quantificação do citral foi realizada utilizando-se GC-FID da marca HP modelo VDC 5890A. Utilizando coluna capilar e hélio como gás carreador. As condições de operacionais foram: temperatura no injetor de 250 C, temperatura no detector 270 C. A temperatura inicial da coluna foi de 60 C por 2 min, razão de 5 C por min até atingir 240 C, sendo mantida constante por 2 minutos. As análises foram realizadas em triplicata. As curvas analíticas foram obtidas com a preparação de solução padrão de citral (cis + trans) nas concentrações de 25 a 250 ug por mL. Uma exsicata da planta foi depositada no Herbário Alexandre Leal Costa do IB da UFBA sob o no. 82848. Foram realizadas 9 coletas de plantas no período de setembro a novembro de 2007 nas quais em um mesmo dia foram realizadas 3 coletas em diferentes horários: às 9, 16 e 20 horas; e, três coletas foram realizadas em um mesmo horário: 16h, para avaliação da composição do óleo a partir de diferentes formas de tratamento da planta: secagem ao ambiente, secagem sob estufa de circulação forçada 40 graus e planta fresca as demais coletas foram realizadas no mesmo horário: 16h com intervalo semanal e não consecutivo. Uma massa de 15 g de folhas sem talos e flores foi submetida à extração do óleo essencial por hidrodestilação exaustiva durante 4 horas utilizando o dispositivo Clevenger modificado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: A análise cromatográfica do padrão comercial do citral por CG-EM permitiu identificar os dois constituintes majoritários dos óleos essenciais: no tempo de retenção (TR) de 14,27 min tem-se o (Z) 3, 7 dimetil, 2,6 octadienal , ou beta citral ou neral; e em TR de 15 min tem-se o (E) 3, 7 dimetil, 2,6 octadienal, ou alfa citral ou geranial. O mesmo procedimento foi aplicado ao óleo extraído a partir das folhas da planta. fresca como também a análise por RMN 1H (figura 1), observando-se a concordância entre os dados. Os resultados da avaliação do teor de citral a partir de diferentes tratamentos de secagem e a partir de ensaios intra-dia e inter-dia, estão apresentados na figura 2. A partir da análise estatística verificou-se através da análise de variância para os diferentes tratamentos de secagem da folha que não houve diferenças significativas para o rendimento dos óleos. Deste modo, optou-se em trabalhar com a planta fresca. Entretanto trabalhos na literatura recomendam trabalhar com a planta seca em estufas a fim de obter maior conservação e estabilidade dos óleos essências (BUGGLE et al., 1999). Na avaliação estatística constatou-se que não há indícios da influência do horário de colheita sobre a resposta da planta na produção de citral. Todavia, não de pôde considerar este resultado válido visto que, os teores de neral e geranial variaram quase três vezes de um intervalo de coleta para outro. Constatou-se que existe forte indício da influência do meio ambiente sobre a produção de citral. A composição dos metabolitos secundários nas plantas é resultado do balanço entre a sua formação e transformações que ocorrem durante o crescimento principalmente de fatores genéticos, ambientais e das técnicas de cultivos (CASTRO et al.,2002).
CONCLUSÕES: CONCLUSÕES: A partir deste estudo foi possível desenvolver uma metodologia para quantificação do citral nas folhas da planta empregando a técnica de GC-FID, uma vez que, os trabalhos reportados na literatura apresentam exclusivamente métodos qualitativos. A espécie botânica estudada pode servir de fonte de obtenção de citral por ser de fácil obtenção sendo considerada em nossa região como uma planta urbana. Constatou-se que a planta estudada pertence a uma variedade de quimiotipo na qual apresenta o citral (mistura dos isômeros neral e geranial) como óleo essencial.
AGRADECIMENTOS: AGRADECIMENTOS: O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq - Brasil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ATTI-SERAFINI, L et al., (2002). Variation in essential oil yield and composition of Lippia alba (Mill.) N.E.Br. grow in Southern Brazil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 4 (2), 72-74. CRAVEIRO, A. A.; ALENCAR, J. W.; MATOS, F. J. A.; ANDRADE, C. H. S.; MACHADO, M. I. L. (1981). J. Natural Products, 44, 598-601. LALKO, J.; API, A.M.., (2006). Investigation of the dermal sensitization potential of various essential oils in the local lymph node assay., Food and Chemistry Toxicology, 44 (5), 739-746. LEACH, E. H.; LLOYD, J.P.F.(1953); Trans. Ophthalmol. Soc., UK, 76, 453. LORENZI, H.; MATOS, J. A. Plantas Medicinais no Brasi: nativas e exóticas. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2002. 512 p. MATOS, F. J.A. Farmácia Vivas. Fortaleza: EUFC, 1998. 220p. RAO, G.N; RAO, S.J; ANANTHANARAYANAN, K; SHAHI, S.K.; PATRA, M.; SHUKLA, A. C.; DIKSHIT, A., (2005). Antifungical activity of some chemicals against human pathogenic fungi (dermatophytes), Proceedings of the National Academy of Sciences India, section B: Biological Sciences, 75 (4), 288-293.