ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: ESTUDO QUIMIOMÉTRICO DA ESTABILIDADE DO ETANOL EM AMOSTRAS DE SANGUE

AUTORES: REGO, T.C.E.D. (UFRN) ; SANTIAGO, E.F. (UFRN) ; MOURA, M.F.V. (UFRN) ; BRITO, G.Q. (UFRN)

RESUMO: Para avaliar a condição mais adequada para análise de etanol em amostras de sangue levando em consideração as variáveis tempo, temperatura e uso de conservante foi utilizado o planejamento fatorial 23. Amostras de sangue de voluntários foram coletadas com e sem conservante, adicionadas de 0,6 g/L de etanol, armazenadas a 4ºC e -20ºC, analisadas no mesmo dia e após 30 e 60 dias. Utilizou-se a técnica de head space - cromatografia em fase gasosa com detector de ionização de chama e coluna capilar de polietilenoglicol. O planejamento fatorial 23 demonstrou que a condição mais adequada para a análise de etanol foi obtida com uso do conservante, a temperatura de -20ºC e por até 30 dias de armazenamento.

PALAVRAS CHAVES: etanol, estabilidade, armazenamento

INTRODUÇÃO: O etanol é a droga psicoativa mais utilizada de forma abusiva em todo o mundo, isso faz dele uma das principais substâncias requisitadas em exames toxicológicos na atualidade. Vários estudos têm verificado que o tempo e a temperatura de armazenamento, bem como a presença de conservante estão entre os fatores mais importantes envolvidos na estabilidade do etanol no sangue armazenado (TARGIARO et al., 1992; WINEK et al., 1995; KRISTOFFERSEN et al., 2006). O objetivo deste trabalho é avaliar a estabilidade do etanol em amostras de sangue, levando em consideração as variáveis: presença de conservante (fluoreto de sódio), tempo e temperatura de armazenamento, utilizado o planejamento fatorial 23 para determinar as condições mais adequadas para essa análise. Contribuindo com os laboratórios de toxicologia para que possam ter maior confiabilidade em suas análises e com a justiça, para que tenha elementos confiáveis para julgar os diversos tipos de delitos que envolvem o consumo de álcool.

MATERIAL E MÉTODOS: Amostras de sangue de voluntários coletadas com e sem fluoreto de sódio (conservante), adicionadas de etanol na concentração de 0,6 g/L, equivalente a concentração máxima permitida aos motoristas, segundo o Código de Trânsito Brasileiro, armazenadas a temperatura de 4ºC (geladeira) e -20ºC (freezer). As análises foram realizadas no mesmo dia (tempo zero) e após 30 e 60 dias de armazenamento (Figura1), onde foi avaliada a diferença dos resultados durante o armazenamento em relação ao tempo zero. Foi utilizada a técnica de head space associada à Cromatografia em Fase Gasosa com detector de ionização de chama (CG/DIC), e coluna capilar com fase estacionária de polietilenoglicol (50m x 0,25 mm).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O procedimento analítico foi realizado nas condições cromatográficas de temperatura de 50ºC (coluna), 150ºC (injetor) e 250ºC (detector), apresentando tempo de retenção para o etanol de 9,107 ± 0,0259 minutos e para o t-butanol (padrão interno) de 8,170 ± 0,0809, a curva de calibração apresentou a seguinte equação da reta: y = 0,7542x + 0,6545, com um coeficiente de correlação linear igual a 0,9961. Os coeficientes de variação da precisão intraensaio e interensaio apresentaram valores de no máximo 7,3%. O limite de detecção e quantificação foi de 0,01 g/L e apresentou coeficiente de variação dentro do permitido. Nas condições padronizadas, o etanol foi separado adequadamente do acetaldeído, acetona, metanol e isopropanol, que são potenciais interferentes na determinação de etanol. A técnica mostrou linearidade no intervalo de concentração compreendido 0,05 e 3,2 g/L (y = 0,8051x + 0,6196; r2=0,9989). O estudo da estabilidade demonstrou diferença menor que 20% na resposta obtida nas condições de armazenamento e período estipulados, comparada com a resposta obtida no tempo zero. Pode-se considerar que os analitos são estáveis no material biológico se sua concentração não diferir em mais de 20% do valor determinado no tempo zero do estudo de estabilidade (YONAMINE, 2004; COSTA, 2004).



CONCLUSÕES: O método analítico utilizado, semelhante à maioria dos métodos existentes na literatura para análise de etanol, aplica-se bem as análises propostas; o estudo da estabilidade utilizando o planejamento fatorial 23 concluiu que entre as condições estudadas a mais adequada para a análise de etanol em amostras de sangue, foi obtida utilizando o conservante fluoreto de sódio, acondicionado a uma temperatura de -20ºC e por um período de até 30 dias de armazenamento.

AGRADECIMENTOS: Ao CNPq pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: COSTA, J. L. Determinação de 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA - Ecstasy), 3,4-metilenodioxietilanfetamina (MDEA - Eve) e 3,4-metilenodioxianfetamina (MDA) em fluidos biológicos por cromatografia líquida de alta eficiência: aspecto forense. 2004. 121f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.

KRISTOFFERSEN, L.; STORMYHR, L. E.; KIELLAND, A. S. Headspace gas chromatographic determination of ethanol: The use of factorial design to study effect of blood storage and headspace conditions on ethanol stability and acetaldehyde formation in whole blood and plasma. Forensic Science International, v. 161, p. 151-157, 2006.

TARGIARO, F.; LUBLI, G.; GHIELMI, S.; FRANCHI, D.; MARIGO, M. Chromatographic methods for blood alcohol determination. Journal of Chromatography: Biomedical Applications, v. 580, p. 161-190, 1992.

VENTORIN, M. V. P. Relação entre a dosagem de etanol no sangue e na saliva. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas, Brasil, 2004.

WINEK, T.; WINEK, C. L.; WAHBA, W. W. The effect of storage at various temperatures on blood alcohol concentration. Forensic Science International, Pittsburgh, v. 78, p. 179-185, 1995.

YONAMINE, M. Saliva como espécime biológico para monitorar o uso de álcool, anfetamina, metanfetamina, cocaína e maconha por motoristas profissionais. 2004. 126f. Tese (Doutorado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.