ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: OTIMIZAÇÃO DA TÉCNICA DISPERSÃO DA MATRIZ EM FASE SÓLIDA (DMFS) PARA ANÁLISE DE RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS EM TOMATES

AUTORES: PINHO, G. P. (UFV) ; RIBEIRO, K. L. (UFV) ; NEVES, A. A. (UFV) ; QUEIROZ, M. E. L. R. (UFV)

RESUMO: Neste trabalho otimizou-se a técnica Dispersão da Matriz em Fase Sólida (DMFS) usando cromatografia em fase gasosa para determinar resíduos de clorpirifós, -cialotrina, cipermetrina e deltametrina em amostras de tomate. Os resultados apresentaram que a sílica foi mais eficiente para clean up dos extratos, mas o florisil proporcionou mais altas porcentagens de recuperação. Um planejamento fatorial completo 23 foi empregado para avaliar a razão adsorvente/eluente, presença de co-coluna (sílica) e banho ultra-sônico na recuperação dos agrotóxicos. A porcentagem de recuperação para clorpirifós, -cialotrina, cipermetrina e deltametrina foram 64,7; 88,3; 99,2 e 89,2%, respectivamente, e com um desvio padrão relativo inferior a 5%.

PALAVRAS CHAVES: dmfs, tomate, cromatografia

INTRODUÇÃO: O tomate é uma das hortaliças de maior comercialização no país e muito apreciada pelo seu elevado valor nutritivo e facilidade no preparo (PENTEADO, 2004). Entretanto, a cultura do tomate é muito susceptível ao ataque de pragas, e para evitar perdas no rendimento das colheitas, vários tipos de agrotóxicos são utilizados. Dentre os principais agrotóxicos utilizados na cultura do tomateiro destacam-se os piretróides deltametrina, cipermetrina e -cialotrina e o organofosforado clorpirifós (SILVA et al., 2004).
Quando aplicados de forma inadequada, resíduos de agrotóxicos podem persistir no fruto, gerando uma importante rota de exposição humana. Em razão disso, a análise quantitativa de resíduos destes compostos em tomates é necessária para conhecer os níveis de contaminação e avaliar se estão dentro dos limites máximos de resíduos (LMR) estabelecidos pela ANVISA.
Uma metodologia muito empregada em análise de matrizes complexas é a dispersão da matriz em fase sólida (DMFS), pois agrupa em uma única etapa a extração e o clean up dos extratos. Esta técnica se baseia na dispersão da amostra sólida ou semi-sólida em um adsorvente para a extração de agrotóxicos em alimentos (BARKER, 2000).
Neste trabalho foi otimizado um método para extrair os agrotóxicos -cialotrina, cipermetrina, deltametrina e clorpirifós de amostras de tomate empregando a DMFS, com condições experimentais determinadas empregando um planejamento fatorial 23. A quantificação dos agrotóxicos foi feita por cromatografia gasosa com detecção de captura de elétrons (CG-ECD).


MATERIAL E MÉTODOS: Amostras de tomates, 0,5000 g, foram colocadas em cápsula de porcelana e fortificadas com clorpirifós, -cialotrina cipermetrina e deltametrina (0,20 g g-1). Acrescentou-se 0,5000 g de adsorvente e macerou-se a mistura até a completa dispersão. A mistura (amostra + adsorvente) na proporção de 1:1 foi transferida para um cartucho contendo 1,0000 g de Na2SO4 anidro. Adicionou-se 10,0 mL do eluente e o fluxo foi ajustado para 0,4 mL min-1. Ao extrato coletado acrescentou-se o padrão interno (bifentrina – 100 g L-1). O solvente foi evaporado e o extrato recuperado em 1,0 mL de acetonitrila para análise em CG-ECD.
Este procedimento foi utilizado para avaliar a influência dos adsorventes (florisil, sílica, C-18 e C-8) combinados com os eluentes (acetato de etila e hexano:acetona (9:1)) na porcentagem de recuperação dos agrotóxicos.
Após definido o melhor adsorvente e eluente a técnica de DMFS foi submetida a uma nova etapa de otimização, empregando um planejamento fatorial completo 23, para avaliar a influência de três fatores na extração dos agrotóxicos (Tabela 1).
O fator co-coluna corresponde à utilização de 0,5000 g de sílica no cartucho, caso o ensaio correspondesse ao nível (+) do planejamento. De forma semelhante o fator 3 corresponde ao acréscimo dos primeiros 5,0 mL de solvente extrator ao cartucho e posteriormente levado

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados obtidos com as combinações adsorvente/eluente na extração dos agrotóxicos pela DMFS estão apresentados na Figura 1. Observa-se que o acetato de etila combinado com florisil proporcionou as maiores porcentagens de extração. Resultados semelhantes foram encontrados por LING et al. (1995).
Alguns resultados da análise estatística obtida a partir dos oito ensaios do planejamento fatorial, realizados em duplicatas são apresentados na Tabela 2.
Pelos resultados conclui-se que as proporções 1:1 e 2:1 de adsorvente:amostra não influenciam na extração. Já a sílica usada para clean up dos extratos diminuiu a extração do clorpirifós. Observou-se ainda que há efeito de interação quando a extração é realizada com o adsorvente na proporção (2:1) em ultra-som, pois aumentou a extração para a maioria dos compostos. O aumento da extração com auxílio do ultra-som também foram observados na extração de agrotóxicos em sucos de tomate (ALBERO et al., 2003).
Em condições ótimas de análise (ensaio 11 da Tabela 1) as porcentagens de extração para o clorpirifós, -cialotrina, cipermetrina e deltametrina foram, respectivamente, 64,7; 88,3; 99,2 e 89,2% e com um desvio padrão relativo inferior a 5%.






CONCLUSÕES: A otimização da DMFS, para extração de agrotóxicos em tomate e análise por CG, resultou em um método rápido e de baixo custo, com porcentagem de recuperação elevados para os piretróides (> 88 %). Nessa técnica, adsorventes mais polares como o florisil, associados a eluentes menos polares (acetato de etila) contribuíram para aumentar a extração de agrotóxicos hidrofóbicos como os piretróides. Outro fator que também contribuiu para aumentar a extração foi a utilização da proporção adsorvente:amostra (2:1) associada ao uso de ultra-som na etapa de eluição dos agrotóxicos.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALBERO, B.; BRUNETE, C. S.; TADEO, J. L. 2003. Determination of endosulfan isomers and endosulfan sulfate in tomato juice by matrix solid-phase dispersion and gas chromatography. Journal of chromatography A, 1007: 137-143.

BARKER, S. A. 2000. Applications of matrix solid-phase dispersion in food analysis. Journal of Chromatography A, 880: 63-68.

LING, Y. C.; HUANG, I. P. 1995. Multi-residue matrix solid-phase dispersion method for the determination of six synthetic pyrethroids in vegetables followed by gas chromatography with electron capture detection. Journal of chromatography A, 695: 75-82.

PENTEADO, S. R. Cultivo orgânico de tomate, Aprenda Fácil: Viçosa, 2004.
SILVA, A. C.; CARVALHO, G. A. Em Tomate: produção em campo, em casa de vegetação e em hidroponia, Alvarenga, M.A. R.; UFLA: Lavras, 2004, cap. 10.