ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: ESTUDO DE RECUPERAÇÃO DE RESÍDUOS DE LAMIVUDINA PELA TÉCNICA DE ÁGUA DE RINSAGEM NO DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA ANALÍTICA DE LIMPEZA EM PROCESSO INDUSTRIAL FARMACÊUTICO

AUTORES: PELÁGIO, P. R. F. S. (CEFET-GO/IQU) ; SANTOS, L. R. (IQUEGO) ; RIBEIRO, D. R. (IQUEGO) ; LIMA, A. P. F. (IQUEGO) ; LACERDA, V. F. (IQUEGO) ; FANTATO, L. G. (IQUEGO)

RESUMO: Os testes de recuperação constituem uma das etapas do desenvolvimento e validação de metodologias analíticas de limpeza. Estes testes comprovam a validade ou não do método de amostragem empregado durante as pesquisas de resíduos de ingredientes ativos farmacêuticos presentes nos equipamentos após a limpeza destes (LEBLANC, 1998). Neste trabalho, foi feito um estudo do método de amostragem por água de rinsagem para a determinação de resíduos de lamivudina. A técnica analítica empregada foi a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE). Os resultados demonstraram que este método conduz a resultados satisfatórios mediante a comparação com critério de aceitação de no mínimo 70% de princípio ativo recuperado.

PALAVRAS CHAVES: lamivudina. validação de limpeza. recuperação.

INTRODUÇÃO: A contaminação cruzada é uma das grandes preocupações nos processos industriais farmacêuticos. Uma mesma linha de produção pode ser utilizada para processar diversos produtos farmacêuticos, com variadas substâncias ativas em sua composição. Entre um e outro processo aplicam-se procedimentos de limpeza, a fim de remover resíduos de fármacos nas superfícies dos equipamentos. É preciso, portanto, que se avalie a eficácia destes procedimentos na forma então de validá-los. Isso é normativo no Brasil (ANVISA, RDC n° 210, 2003).O método de recuperação por água de rinsagem é baseado na determinação analítica de uma amostra do último solvente de enxágüe (geralmente água) usado no procedimento de limpeza dos equipamentos da linha de produção de medicamentos (LEBLANC, 1998). Os resultados de recuperação do analito têm o objetivo de provar que o método analítico é capaz de recuperar todo o analito presente em determinada área de superfície. Usualmente, emprega-se este tipo de amostragem devido ao sistema fechado de limpeza em uma dada linha de produção de fármacos (sistema clean in place – CIP – “limpar por dentro”).O presente trabalho visa avaliar o método de água de enxágüe empregado para a coleta de resíduos de lamivudina (substância muito solúvel em água) em escala laboratorial, sendo parte integrante do protocolo de validação de metodologia analítica de limpeza. Nos estudos de recuperação o analito foi aplicado, em área delimitada e conhecida, em quantidade pré-determinada e, logo após, procedeu-se a recuperação. O método deverá ser capaz de recuperar no mínimo 70% da quantidade nominal, isto é, o quantitativo total de substância aplicada na placa.


MATERIAL E MÉTODOS: Utilizou-se cromatógrafo líquido da marca Perkin Elmer, modelo Series 200, equipado com detector UV/VIS. Utilizou-se coluna C-18, 250 x 4,6 mm, 5µ, volume de injeção de 150µL, fluxo de 1,0 mL*min-1. Os testes de recuperação utilizaram superfície de aço inox previamente limpa com área de 25cm², aproximadamente.
Como fase móvel, utilizou-se uma mistura de tampão acetato de amônio 0,1 M e acetonitrila na proporção de 9:1.
A solução padrão foi preparada afim de que a concentração fosse de 0,02 mg*mL-1. Retirou-se alíquotas desta solução padrão com o auxílio de micropipeta. Os volumes aspirados foram depositados na superfície de aço inox de 25cm². As quantidades nominais de substância são de 6 ug, 10 ug, 14 ug, 18 ug, 22 ug e 26 ug. Este procedimento foi feito em triplicata, ou seja, para cada quantidade de substância, foram feitas três amostras.
Após a transferência dos volumes, aguardou-se que todo diluente evaporasse à temperatura ambiente. Utilizou-se uma placa de Petri para a imersão da placa de aço inox (Fig. 1). A placa de inox foi imersa em 5,0 mL de diluente para lamivudina na placa de Petri. Homogeneizou-se vigorosamente cada placa por 3 minutos e retirou-se a placa de inox. As amostras foram filtradas por filtro 0,45 um e injetadas em CLAE. As leituras de cada amostra foram feitas em triplicata.As concentrações para as quantidades de 6 ug, 10 ug, 14 ug, 18 ug, 22 ug e 26 ug diluídas com 5,0 mL das placas de Petri são respectivamente 1,2 ug*mL-1, 2,0 ug*mL-1, 2,8 ug*mL-1, 3,6 ug*mL-1, 4,4 ug*mL-1 e 5,2 ug*mL-1.
Cuidados foram tomados como o uso de luva sem talco, máscara contra vapores e jaleco, evitando a contaminação da amostra.



RESULTADOS E DISCUSSÃO: Após a leitura das amostras em CLAE, as áreas dos picos obtidos em cromatogramas, com tempo de retenção de 4 minutos e 30 segundos, aproximadamente, e foram convertidas à quantidade em ug recuperada (Figura 2) pela fórmula:

ug recuperada = [Média das áreas da amostra x Concentração do padrão (ug*mL-1)]/Média das áreas do padrão

De acordo com a Figura 2, a média das porcentagens de recuperação apresentou um valor superior ao critério de aceitação para o teste, que é de 70%.
O desvio-padrão relativo, neste caso, demonstra o quão longe da média estão os valores nominais de recuperação. O valor de 15,98 %, para este desvio, representa uma imprecisão dos resultados, que pode ser atribuída a fatores tais como erros de micropipetagem, influência do analista, erros na preparação da solução padrão e variações no sistema analítico empregado.






CONCLUSÕES: Os resultados analíticos obtidos do teste de recuperação demostraram que as quantidades de resíduos detectáveis e quantificáveis pelo método analítico na faixa de 1,2 à 5,2 ug*mL-1 podem ser recuperadas pelo método de amostragem selecionado. A faixa de recuperação de 70,00 % à 100,27 % demonstra a eficácia do método. Considerando os erros de amostragens em baixas concentrações, tanto sob influência do analista quanto da micropipetagem, a recuperação é alta e bem aceita pelo protocolo, sendo a porcentagem média de recuperação acima dos 70% previamente estabelecidos.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução da Diretoria Colegiada n° 210, de 04 de agosto de 2003. Diário Oficial da União. Brasília, 2003.

LEBLANC, D. A., “Rinse Sampling for Cleaning Validation Studies”, Pharmaceutical Technology (May 1998): 67-74.