ÁREA: Físico-Química
TÍTULO: VARIAÇÃO VERTICAL DO PERFIL DE OXIGÊNIO DISSOLVIDO E TEMPERATURA DA REPRESA SAMAMBAIA, GOIÂNIA/GO
AUTORES: SOUSA, A.R. ((PPGEMA/UFG)) ; SOUZA, F.F.P. ((CEPG-RH/UFG) ; MEDEIROS, M.M. ((UNUCET/UEG)) ; COSTA, O.S. ((UNUCET/UEG))
RESUMO: Neste trabalho foi determinada a variação vertical do perfil de temperatura e oxigênio dissolvido (OD) na água da represa Samambaia, localizada na cidade de Goiânia (GO), em novembro de 2007 e março de 2008, períodos correspondentes à estiagem e chuva, respectivamente. A variação desses parâmetros físico-químicos em função da profundidade mostrou claramente um perfil de estratificação temperatura e OD no período de estiagem, com formação do epilímnio, metalímnio e hipolímnio. Entretanto, no período chuvoso observou-se uma desestratificação de temperatura e OD nas três zonas de estudo da represa.
PALAVRAS CHAVES: represa, oxigênio, temperatura.
INTRODUÇÃO: A água é o bem de consumo mais importante para a humanidade. Sua importância reflete na economia, no bem estar social, além de também estar incluída nos recursos naturais de valores estratégicos. Porém, sua disponibilidade está se tornando cada vez mais escassa (FREITAS et al., 2001).
As represas são importantes ecossistemas ao desempenharem enorme papel ecológico, econômico, impactante e social na rede hidrológica na qual se inserem (ESTEVES, 1998; TUNDISI et al., 1998).
O sistema Samambaia é composto pelo córrego e a represa Samambaia, localizada no Campus II da Universidade Federal de Goiás (UFG), construída em 1972, abastecendo todo o “Campus”, a Cervejaria Antártica e parte do bairro Itatiaia (NOGUEIRA, 1999).
Existem poucos estudos sobre os recursos hídricos vinculados à represa Samambaia. Dentre esses destacam-se NOGUEIRA (1999), VIEIRA, MARQUES e BINI (2005) e MOTA et al. (2006). NOGUEIRA (1999) estudou a estrutura e a dinâmica da comunidade fitoplanctônica da represa Samambaia. VIEIRA, MARQUES e BINI (2005) observaram a estabilidade e persistência de assembléia zooplanctônica. MOTA et al. (2006), por sua vez, fizeram um diagnóstico ambiental do ribeirão Botafogo e do córrego Samambaia por meio de variáveis físico-químicas e biológicas.
As características físicas, químicas e biológicas do ecossistema aquático constituem uma importante ferramenta para avaliação dos ambientes frente aos fatores climáticos, além do uso e ocupação do solo. Portanto, o estudo da variação vertical do perfil de oxigênio dissolvido e temperatura da água são capazes de fornecer informações que possibilitam entender o comportamento da coluna d’água (STRASKRABA, TUNDISI, 2000).
MATERIAL E MÉTODOS: A escolha dos pontos de amostragem foi fundamentada em pesquisas sobre represas, lagos e reservatórios, as quais apontam duas zonas de influência e uma de transição: 1) próximo à barragem (zona de influência); 2) o meio da represa (zona de transição); e 3) a desembocadura do rio que forma a represa (zona de influência).
Em cada ponto de amostragem foram medidos em campo oxigênio dissolvido e temperatura, ao longo da coluna d´água desde a superfície (0,0 m) até o fundo (3,20 m), selecionando-se os equipamentos e os materiais necessários para essa medição. As técnicas de campo utilizadas para a determinação desses parâmetros foram fundamentadas em APHA, AWWA, WEF (1998). A determinação das temperaturas e concentrações de OD na água da represa Samambaia foram realizadas pelo método eletroquímico. Essas medidas foram tomadas a cada dez centímetros desde a superfície até o fundo.
As coletas compreenderam dois períodos climatológicos distintos, as estações de chuva e de estiagem. As amostragens foram feitas nos meses de novembro de 2007 e março de 2008.
À medida que os dados foram coletados, eram organizados em planilha eletrônica e imediatamente avaliados, com a finalidade de identificar alguma falha na elaboração e execução do plano de amostragem.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A variação dos parâmetros físico-químicos de oxigênio dissolvido e temperatura da água, analisados em função da profundidade, mostrou claramente um perfil de estratificação no período de estiagem nas três zonas estudadas (Figura 1). Esta estratificação térmica indica a formação das seguintes camadas: epilímnio na faixa entre 0,0 - 1,0 m da coluna d’água; metalímnio entre 1,0 - 1,50 m e hipolímnio de 1,5 m até o fundo.
Supõe-se que a estratificação no período de estiagem para o OD se deve à baixa vazão e pouca mistura das massas de água na região limnética. Presume-se também que a desestratificação do OD no período chuvoso se deve à alta vazão, promovendo a homogeneização ao longo da coluna d´água. A mesma justificativa se aplica ao comportamento da temperatura ao longo da profundidade.
No período chuvoso, verificou-se uma desestratificação com o perfil de oxigênio dissolvido variando entre 3,0 e 4,8 mg.L-1 nas três zonas de estudo da represa. Não foi observada a estratificação da temperatura no mês de março, cujo valor médio foi de aproximadamente 24ºC. Já no mês de novembro, houve uma estratificação na faixa de 25 a 29ºC (Figura 2).
CONCLUSÕES: O período de estiagem apresentou estratificação de OD e temperatura da água nas zonas de influência, tributário e barragem, e na zona de transição, meio da represa Samambaia. Além disso, pode-se identificar três camadas com diferentes gradientes de temperatura (epilímnio, metalímnio e hipolímnio). O período chuvoso não desenvolveu perfil de estratificação acentuado, uma justificativa para este fenômeno pode ser atribuída ao aumento da massa específica da água do epilímnio, que se aproximada dos valores do metalímnio, em conseqüência, o metalímnio pode ser incorporado ao epilímnio.
AGRADECIMENTOS: Ao PPGEMA e CEPG-RH da EEC/UFG pela infra-estrutura do Lab. de Saneamento. Ao Prof. Dr. Paulo César Silva do Dep. Prod. Ani./UFG. E PrP da UEG pela bolsa de IC.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: APHA. AWWA. WEF. Standard methods for examination of water and wastewater. 20th ed. Washington D. C., 1998.
ESTEVES, F. A. Fundamentos de Limnologia. Rio de Janeiro: Interciência / Finep. 1998. 575p.
FREITAS, M. B., BRILHANTE, O. M., ALMEIDA, L. M. Importância da qualidade de água para a saúde pública em duas regiões do Estado do Rio de Janeiro: enfoque para coliformes fecais, nitrato e alumínio. Cadernos de Saúde Pública, v.17, n.3. Rio de Janeiro, maio/jun. 2001.
MOTA, E. C. M., MARQUES, J. A. A., DIAS, N. O., SANTOS, C. R. A. Diagnóstico Ambiental de Dois Cursos Hídricos Urbanos de Goiânia com Indicadores Bióticos. Trabalho de Conclusão de Curso Especialização em Perícia Ambiental pela Universidade Católica de Goiás, 38p. 2006.
NOGUEIRA, I. S. Estrutura e dinâmica da comunidade fitoplanctônica da represa Samambaia, Goiás, Brasil. 352p. São Paulo, SP, 1999. Tese de Doutorado (Ciências Biológicas (Botânica)) - Universidade de São Paulo, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, (Orientador) Carlos Eduardo de Mattos Bicudo
STRASKRABA, M., TUNDISI, J. G. Diretrizes para o Gerenciamento de lagos. Gerenciamento da qualidade da água de represas. Tradução: Dino Vannucci. Editor da série em português: José Galizia Tundisi. ILEC, IIE. V. 9 - 280 pp. 2000.
TUNDISI, J. G., et al. Reservoir management in South America. Water Resources Development, 14(2): 141-55.1998.
VIEIRA, L. C., MARQUES, G. S., BINI, L. M. Estabilidade e persistência de assembléias zooplanctônicas em um pequeno lago tropical. Marigá – PR: Acta Scientiarum, 2006.