ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: PERFIL DE SENSIBILIDADE A ANTIBIÓTICOS DE ENTEROBACTÉRIAS ISOLADAS DE AMOSTRAS DE LEITE EM PÓ COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE FORTALEZA-CEARÁ.
AUTORES: MALMANN, E.J.J. (UFC E UECE) ; MENDES, L.G. (UFC E UECE) ; LIMA NETO, J.G. (UFC, UECE E ) ; CAVALCANTE, J.E. (URCA) ; MENEZES, E.A. (UFC) ; OLIVEIRA S.M.S. (UVA EVOLUTIV) ; LIBERATO, M.C.T.C (UECE) ; CUNHA F.A (UFC E UVA )
RESUMO: Enterobactérias são patogênicas para o homem. O leite em pó não é um produto estéril e pode ser o veículo de bactérias patogênicas. Esse estudo avaliou a sensibilidade de 17 Enterobactérias isoladas de 10 amostras de leite em pó integral comercializados na cidade de Fortaleza. Foram isoladas as seguintes enterobactérias: Klebsiella rhinoscleromatis, Enterobacter aerogenes, E.cloacae, K. pneumoniae, Serratia marcenenses, Eschericha spp, E. gergoviae, Hafnia alvei. Foram avaliadas a sensibilidade a 10 antimicrobianos usados tradicionalmente na medicina humana e veterinária. Como foi observado no nosso estudo das 17 bactérias avaliadas 8 (47,1%) apresentaram resistência a 3 das drogas testadas. O leite em pó pode ser um importante veiculador de enterobactérias multidroga resistente.
PALAVRAS CHAVES: perfil de sensibilidade. enterobactérias. leite em pó.
INTRODUÇÃO: O grupo coliforme compreende microrganismos aeróbios facultativos, Gram-negativos, que não formam esporos, bastonetes, que produzem colônias escuras, com ou sem brilho metálico, a 35ºC, em meios de cultura no prazo máximo de 24 horas. Os coliformes, além de serem indicadores de higiene de produção, também podem produzir uma série de enzimas que comprometem a qualidade dos derivados a que o leite cru é destinado. De acordo com Silva et al (1997): coliformes totais são aqueles pertencentes à família Enterobacteriaceae representados principalmente pelos gêneros Klebisiella, Escherichia, Citrobacter e Enterobacter e que fermentam a lactose, produzindo ácido e gás quando incubados a 35ºC por 24-48h. Altas contagens significam contaminação pós-processamento, limpezas deficiente, tratamentos térmicos ineficientes ou multiplicação durante o processamento ou estocagem, sendo os índices de coliformes totais utilizados para avaliar as condições higiênicas. Os coliformes termotolerantes também são coliformes totais que continuam fermentando a lactose, com produção de gás quando incubados a 44-45ºC” (JAY 2005). A ocorrência de coliformes é um alerta para a possível presença de outros microrganismos de maior patogenicidade e mais difíceis de serem detectados (SILVA et al, 2001). Enterobactérias pode apresentar alta resistência a antibióticos e os alimentos podem ser um mecanismo de disseminação dessas bactérias. O leite em pó não é um alimento estéril e pode conter enterobactérias multidroga resistentes. O objetivo desse estudo foi avaliar a sensibilidade de cepas de Enterobactérias isoladas de amostras de leite em pó a antibióticos utilizados em Medicina humana e Veterinária.
MATERIAL E MÉTODOS: Foram analisadas no período de janeiro de 2007 a janeiro de 2008, 10 amostras de leite em pó integral. As amostras foram adquiridas em supermercados da cidade de Fortaleza e transportadas para o Laboratório de Microbiologia da Universidade Federal do Ceará para as análises microbiológicas. Cada cepa identificada como Enterobactérias foi avaliada o perfil de sensibilidade aos seguintes antimicrobianos: AMP- ampicilina. CAZ- ceftazidima. IPM- imipenem. MPM- meropenem. GEN- gentamicina. AMI- amicacina. DOX- doxiciclina. AMC- amoxacilina+ ácido clavulânico. CPM- cefepime. CTX- cefotaxima. As cepas foram testadas utilizando a metodologia de Kirby-Bauer, método de disco difusão (MURRAY, et al., 2000; KONEMAN, et al., 2001; OPLUSTIL, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Tabela 1 mostra o perfil de sensibilidade das cepas de Enterobactérias testadas. São escassos os testes que avaliam o perfil de sensibilidade de cepas de Enterobactérias isoladas de amostras de leite em pó. Leite em pó não é um alimento estéril e pode conter bactérias multidroga resistentes. Como pode ser observado na Figura 1 das 17 bactérias avaliadas 8 (47,1%) apresentaram resistência a 3 das drogas testadas. A freqüência de pacientes tratados com antibióticos de amplo espectro tem contribuído para o aumento do número de microrganismos multiresistentes (HERVAS et al., 2001; HUANG et al., 2001). Cepas de Enterobacter spp multiresistente têm sido comumente isolados (ZOOCHE et al, 2002). Em um estudo conduzido por STOCK e WIEDEMANN 2001, foram avaliadas 107 cepas de Enterobacter spp (E. amnigenus (18 cepas), E. cancerogenus (26), E. gergoviae (28) e E. sakazakii (35). Contra um painel de 69 antimicrobianos. Todas as espécies foram naturalmente sensíveis ou intermediários para tetraciclina, aminoglicosídeos, numerosos betalactâmicos, quinolonas, várias cefalosporinas, antifolatos, cloranfenicol e nitrofurantoína. Resistência natural foi observada a penicilina G, oxacilina, vários macrolídeos, lincosaminas, estreptograminas, glicopepetídeos, rifampicina e ácido fusídico. E. gergoviae foi o mais susceptível a azitromicina, E. cancerogenus foi o mais susceptível a fofomicina. Susceptibilidade a betalactâmicos indicam que algumas cepas podem expressar betalactamases. No nosso estudo as cepas de Enterobacter spp apresentaram resistência natural à ampicilina. O leite em pó pode ser um alimento perigoso para crianças, idosos e pacientes debilitados, principalmente se consumidos crus.
CONCLUSÕES: • O leite em pó não é um alimento estéril.
• Enterobactérias são comumente isoladas de amostras de leite em pó.
• AS Enterobactérias isoladas de amostras de leite em pó apresentam elevada resistência aos antimicrobianos testados.
• O leite em pó pode ser um importante alimento na cadeia de transmisão de bactérias multidroga resistente.
• Crianças, idosos e pacientes imunodeprimidos deve ter cautela ao consumir leite em pó cru.
AGRADECIMENTOS: CNPQ
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. HERVAS, J.A., BALLESTEROS, F., ALOMAR, A., GIL, J., BENEDI, V.J., ALBERTI, S. Increase of Enterobacter in neonatal sepsis: a twenty-two-year study. Pediatr. Infect. Dis. J. 20, 134– 140.2001.
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