ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: Análises físico-químicas preliminares de tinturas de arnica(Lychonophora pinaster Mart.) e mentrasto(Ageratum Conyzoides)
AUTORES: MOREIRA, A. C. (UNILAVRAS) ; NASCIMENTO, A. P. (UNILAVRAS)
RESUMO: O presente tem como objetivo, realizar análises físico-químicas das tinturas de arnica e mentrasto produzidos na Farmácia-Escola Verde Vida do UNILAVRAS dentre elas realizar analises de teor de taninos e padronizar os testes realizados de acordo com a RDC 48. Foram realizadas análises de pH nas tinturas no tempo zero(recém preparadas), 30 e 60 dias de armazenamento. As amostras também foram submentidas ao teste de presença de taninos. Não houve variação significativa entre as amostras de tinturas produzidas em anos diferentes quanto ao valor de pH, características organolépticas, somente a tintura de mentrasto do ano de 2000 apresentou maior presença de tanino. Os testes realizados irão compor protocolos de análise padronizados para as tinturas preparadas pela Farmácia-Escola Verde Vida.
PALAVRAS CHAVES: mentrasto, arnica, taninos
INTRODUÇÃO: A arnica e o mentrasto são plantas, que devido às suas propriedades medicinais, são bastante utilizadas popularmente, principalmente por possuírem atividades terapêuticas semelhantes (SILVA, 2006).
A arnica mineira é uma planta cujo nome científico é Lychonophora pinaster Mart., é usada como anestésico, antiinflamatório (BRAGA, 2002). O mentrasto é uma planta medicinal de nome científico Ageratum Conyzoides L. da família das Compositae (MARTINS et al., 2000).
A “Farmacopéia Brasileira” (BRASIL,1988) define as tinturas como sendo preparações alcoólicas ou hidroalcoólicas resultantes da extração de drogas vegetais, minerais e animais ou da diluição dos respectivos extratos.
Princípios ativos são componentes químicos existentes na planta que conferem sua ação terapêutica peculiar. É importante lembrar que as plantas não são benéficas ao organismo humano somente por serem plantas, mas sim por conterem substâncias farmacologicamente ativas (princípios ativos) que possam atuar de alguma forma no corpo (CORRÊA et al., 1998).
Os taninos são compostos não cristalizáveis que, com água, formam soluções coloidais que apresentam reação ácida e forte sabor adstringente. Provocam a precipitação de soluções de gelatina e de alcalóides; com sais férricos, formam compostos solúveis de coloração azul escura ou preta esverdeada; ferricianeto de potássio e amônia produzem cor vermelho escura; são precipitados por sais de cobre, chumbo e estanho, bem como por solução forte de dicromato de potássio aquoso (1 de ácido crômico). Em soluções alcalinas, muitos desses derivados logo absorvem oxigênio. (ROBBERS et al, 1997).
Para garantir maior segurança ao consumidor, a ANVISA (2004) estabeleceu através da RDC 48 de 16 de março de 2004, regras para produção de fitoterápicos no Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS: Para determinação qualitativa de taninos foram coletadas na Farmácia-Escola Verde Vida do Centro Universitário de Lavras amostras das tinturas de arnica produzidas em 2000, 2003 e 2008, e também das tinturas de mentrasto produzidas em 2000, 2004 e 2008 para realização do seguinte procedimento:
Foi distribuídos 2,5 mL da solução problema em 5 tubos de ensaio devidamente numerados e realizada as seguintes reações em cada um dos tubos(MATOS, 1997):
Tubo 1: Reação com sal de ferro: Foi observado a formação e a coloração do precipitado ao se acrescentar solução de FeCl3 2% à solução problema contida no tubo 1.
Tubo 2: Reação com acetato de chumbo: Foi adicionado solução aquosa a 10% de acetato neutro de chumbo e verificado a cor do precipitado formado no tubo 2.
Tubo 3: Reação com alcalóides: Foi acrescentado solução de HCl 10% e solução aquosa de sulfato de quinina a 1% ao tubo 3 e foi verificado se houve formação de precipitado
Tubo 4: Reação com gelatina: Ao tubo 4 foi adicionado solução de HCl 10% e em seguida solução aquosa de gelatina a 2,5%.
Tubo 5: Reação com acetato de cobre: Foi acrescentado solução aquosa de acetato de cobre a 3% ao tubo 5 e anotado o resultado.
Análise do pH
A determinação do pH foi feita através do método potenciométrico, utilizando-se o pHmetro. Foi preparada uma solução a 10% (p/v) que utilizou água destilada como solvente.
Foram analisadas como características organolépticas a cor e odor das tinturas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nos testes de qualificação de taninos, a tintura de mentrasto produzida no ano de 2000 foi feita à 30% enquanto as tinturas produzidas nos anos de 2004 e 2008 foram feitas à 10%. Houve formação de precipitado de coloração:
Tubo 1- Verde-azulado na tintura de 2000 e verde-azulado nas tinturas de 2004 e 2008
Tubo 2- Amarelo na tintura de 2000 e amarelo quase branco nas tinturas de 2004 e 2008
Tubo 3- Branco nas tinturas de 200, 2004 e 2008
Tubo 4- Branco nas tinturas de 200, 2004 e 2008
Tubo 5- Azul na tintura de 2000 e azul nas tinturas de 2004 e 2008
Observou-se que todos os testes foram positivos para taninos. Porém a tintura produzida em 2000 formou mais precipitado, provavelmente por ter sido preparada com maior concentração da planta.
A seguir são mostrados testes feitos em três tinturas de arnica produzidas em épocas diferentes. A tintura produzida no ano de 2000 foi feita a 30% enquanto as tinturas produzidas nos anos de 2003 e 2008 foram feitas a 10%. Em nenhuma das alíquotas das tinturas de arnica encontrou-se as características de taninos.
Tubo 1- A tintura de 2000 ficou preta e a tinturas de 2003 e 2008 ficaram mais escuras.
Tubo 2- Formação de precipitado branco nas tinturas de 2000, 2003 e 2008
Tubo 3- A tintura de 2000 ficou mais clara e as tinturas de 2003 e 2008 ficaram marrom claro.
Tubo 4- A tintura de 2000 ficou um pouco mais clara e as tinturas de 2003 e 2008 ficaras mais clara e houve formação de precipitado branco
Tubo 5- Formação de precipitado amarelo-esverdeado na tintura de 2000, formação de precipitado amarelo passando para o marrom na tintura de 2003 e formação de precipitado verde-amarelado na tintura de 2008.
CONCLUSÕES: Através das análises feitas foi possível concluir que o método de identificação de taninos qualitativo para tinturas de mentrasto e que mesmo para amostras mais antigas há presença de taninos. As tinturas de arnica não apresentaram presença de tanino. Quanto as análises de pH e características organolépticas destas amostras não houve grandes variações, possibilitando o auxilio destes testes na determinação do prazo de validade destas tinturas, porém é necessário a realização de testes quantitativos para doseamento dos princípios ativos contidos nessas tinturas.
AGRADECIMENTOS: Agradeço ao Centro Universitário de Lavras que possibilta a realização desse trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANVISA. Ministério da Saúde. Resolução RDC nº 48 de 06 de março de 2004. Secretaria de Vigilância Sanitária, Brasília, 2004. Disponível em: <http:www.legis.anvisa.gov.br>. Acesso em: 06 nov 2007.
BRAGA, F. T.; CARVALHO, L. C. de. Horto de plantas. Lavras-MG. 2002. Disponível em: http://www.unilavras.edu.br/cepe.htm. Acesso em: 07 nov 2007.
BRASIL, Ministério da Saúde. Farmacopéia Brasileira. 4. ed. 1988.
CORRÊA, A. D.; SIQUEIRA-BATISTA, R.; QUINTAS, L. E. M. Plantas medicinais: Do cultivo à terapêutica. Petrópolis: Vozes, 1998. 246p.
MARTINS, E.R. et al. Plantas medicinais. 1. ed. Viçosa: UFV, 2000. 220p.
ROBBERS, J. E.; SPEEDIE,M. K.; TYLER, V. E. Farmacognosia e Framacobiotecnologia. São Paulo: Premier,1997.
MATOS, F.J.A. Introdução à fitoquímica experimental. 2.ed. Fortaleza:UFC, 141p., 1997.
SILVA, E. P. Avaliação microbiológica do gel de arnica-mentrasto produzido na Farmácia Escola Verde Vida do Unilavras. 2006. 23p. Monografia (Graduação em Farmácia-Bioquímica) – Centro Universitário de Lavras – UNILAVRAS, Lavras.