ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: TRATAMENTO DE ÁGUA RESIDUÁRIA UTILIZANDO O FUNGO Aspergillus niger ISOLADO DO EFLUENTE DE UMA REFINARIA DE PETRÓLEO

AUTORES: SILVA, S. R. (UFC) ; RABELO, J. N. (UFC) ; LUCENA, R. M. S. (LABOMAR/UFC) ; SANTAELLA, S. T. (LABOMAR/UFC)

RESUMO: No tratamento de água residuária foi utilizado Aspergillus niger extraído do efluente de uma refinaria de petróleo. O fungo cresceu em meio ágar por três dias e os esporos foram inoculados em 10 reatores contendo o efluente da refinaria. Foram montados outros 10 reatores não inoculados para servir como controle. Os reatores foram agitados e o desempenho do fungo foi avaliado através de DQO, SSV, fenóis totais, OD e pH. Não houve variação de pH e de OD, tanto nos reatores com fungo quanto nos controle. Observou-se aumento na biomassa dos reatores com fungo a partir do 12° dia quando houve maior queda na concentração de fenóis totais, porém a demanda química de oxigênio não diminuiu o que levou à conclusão de que o Aspergillus niger não remove DQO e fenóis em valores elevados de pH.

PALAVRAS CHAVES: biorremediação, parâmetros físico-químicos, fungos filamentosos.

INTRODUÇÃO: A água é um recurso vital e não-renovável, que tem sofrido graves agressões com a falta de tratamento adequado dos resíduos domésticos e industriais que são constantemente despejados nos corpos d’água.
Existem diversas formas de tratamento de águas residuárias, e o tratamento biológico, além de ser menos oneroso do que o físico-químico, apresenta boa eficiência na remoção de poluentes orgânicos (Jou & Huang, 2002). A utilização de fungos para o tratamento de águas residuárias vem crescendo, pois muitos compostos recalcitrantes possuem efeitos bactericidas, inviabilizando o tratamento com bactérias.
Os fungos suportam grandes variações de pH, luz, umidade e oxigênio (Santaella et al., 1996), além da grande capacidade de produção de enzimas extracelulares que atuam rompendo ligações químicas de moléculas grandes, transformando-as em moléculas menores fáceis de serem absorvidas e metabolizadas (Bumpus et al.,1985).
Os fungos filamentosos são os mais eficientes na produção dessas enzimas (Eggen & Majcherczyk, 1998). O fungo Aspergillus niger degrada compostos recalcitrantes e remove eficientemente DQO de diversos efluentes (Miranda et al., 1996; Vassilev et al., 1997; García et al., 2000).
Neste trabalho verificou-se os seguintes parâmetros: DQO, SSV, fenol, OD e pH, no efluentes de refinaria de petróleo, por Aspergillus niger.



MATERIAL E MÉTODOS: O Aspergillus niger foi isolado da água residuária proveniente de uma refinaria de petróleo e identificado no Laboratório de Fitopatologia da EMBRAPA – Agroindústria Tropical. O fungo foi cultivado em placas de Petri em meio Ágar Sabouraud Dextrose por 72h a 30°C até preenchimento de toda a placa com esporos. A remoção de esporos foi feita com solução salina de tween 80. A suspensão obtida foi estocada em tubos de ensaio. A contagem de esporos foi feita de acordo com Tuite, 1969. O efluente da refinaria foi autoclavado por 15 min a 120°C e 1atm, resfriado e dividido em 20 reatores (erlenmeyers de 250 mL), 200mL por reator e os reatores foram separados em dois lotes com 10 reatores cada. O primeiro lote foi inoculado com 1,4 x 106 esporos/mL e o segundo não, sendo considerado como controle. Adicionaram-se em todos os reatores 0,05 g/L, de cloranfenicol para conter a proliferação de bactérias. Todos os reatores foram fechados com algodão hidrófobo e submetidos à agitação (120 rpm) por 25 dias. A cada dois dias foram retirados dois reatores da mesa agitadora, um de cada lote, para determinação de DQO, SSV, fenol, OD e pH.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Durante a pesquisa o pH do efluente se manteve entre 7,8 e 8,9 nos reatores de controle e entre 8,8 e 9,1 nos reatores com fungos. Os valores de oxigênio dissolvido variaram entre 7,3 e 9,2 tanto para os reatores de controle quanto para os com fungos. A temperatura ambiente manteve-se em 28°C±1. Observou-se que houve maior remoção de DQO e de fenóis nos reatores de controle do que nos reatores com fungos, porém houve maior aumento de biomassa nos reatores com fungos e esse aumento só ocorreu a partir do 12° dia quando houve maior queda na concentração de fenóis. Em geral, o ciclo de vida do Aspergillus niger é de 28 dias e observou-se que o crescimento máximo do fungo foi atingido no 19° dia, a partir do qual houve redução de biomassa até o 25° dia. Portanto, existe indicação de que o fungo estava se desenvolvendo e utilizando a matéria orgânica do efluente, embora de forma menos eficiente que nos reatores de controle.



CONCLUSÕES: Os resultados levaram à conclusão que o Aspergillus Níger não remove DQO e fenóis eficientemente em valores elevados de pH, mas foi capaz de se desenvolver até o 19º dia, quando foi atingida a maior concentração de sólidos suspensos voláteis.
São necessárias outras pesquisas que confirmem a influência do pH sobre a habilidade de degradação de matéria orgânica de refinarías de petróleo por esse fungo.


AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem à FINEP, ao CNPq e à PETROBRÁS pelo financiamento da pesquisa, através do EDITAL CTPETRO CNPq-FINEP 03/2001 e à LUBNOR - CE (Petrobrás).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BUMPUS, J. A.; TIEN, M.; WRIGHT, D.; AUST, S. D. Oxidation of persistent environmental po llutants by a while rot fungus. Science, 1985

EGGEN, T.; MAJCHERCZYK, A. Removal of polycyclic aromatic hydrocarbons (PAH) in contaminated soil by white rot fungus Pleurotus ostreatus. International Biodeteriotation & Biodegradation. v. 41, p. 111-117. 1998

GARCÍA, G. et al.. Removal of phenol compounds from olive Mill waterwater using Phanerochaete chrysosporium, Aspergillus niger, Aspergillus terreus and Geotrichum condidum. Process Biochemistry. v. 35,p. 751-758. 2000

JOU, C. G.; HUANG, G. A pilot study for oil refinery wastewater treatment using a fixed-film bioreactor. Advances in Environmental Research, London, v. 7, p. 463-469, 2002.

MIRANDA, M. P. et al.. Color elimination from molasses wasterwater by Aspergillus niger. Bioresource Technology. v. 57, p. 229-235. 1996

SANTAELLA, S. T. Avaliação da eficiência da estação de tratamento de esgotos de uma indústria de beneficiamento de castanha de caju. Relatório de Pesquisa. Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Brasil. 1996.

VASSILEV, et al.. Olive mill waste water treatment by immobilized cells of Aspergillus niger and its enrichment with soluble phosphate. Process Biochemistry. v. 32, n. 7, p. 617-620. 1997.