ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: ANÁLISE COMPARATIVA DO POTENCIAL HERBICIDA DE EXTRATOS DE Inga laurina Will, Brachiaria decumbes , Sida glaziovii e Andira humilis
AUTORES: HERNANDEZ-TERRONES, M.G. (UFU) ; SANTOS, D.Q. (UFU) ; MELO, P.G. (UFU)
RESUMO: No presente trabalho são descritos resultados comparativos da avaliação fitotóxica dos extratos da raíz e folha de Inga laurina Will, raiz de Brachiaria decumbes e folhas de Sida glaziovii e Andira humilis, no desenvolvimento de Panicum maximum. As amostras foram obtidas usando diclorometano como solvente de extração, em que foi analisada a inibição total de desenvolvimento da raiz e da parte aérea, assim como o número de sementes germinadas. Para efeito comparativo todos os extratos foram preparados em uma concentração de 200 ppm. O extrato da raiz de B. decumbes provocou uma inibição de 100%, o da raiz de I. laurina Will provocou inibição de 80%; já os extratos das folhas de I. laurina Will, S. glaziovii e A. humilis, produziram uma inibição de 3, 24 e 30%, respectivamente.
PALAVRAS CHAVES: alelopatia, fitoquímica, herbicidas naturais.
INTRODUÇÃO: O conceito de alelopatia, segundo Rice (1984) é descrito como: qualquer efeito direto ou indireto danoso ou benéfico que uma planta (incluindo microorganismos) exerce sobre a outra pelos compostos químicos liberados no ambiente, seja na fase aquosa do solo ou substrato, seja por substâncias gasosas volatilizadas pelo ar que cercam as plantas terrestres1. A atividade de aleloquímicos tem sido usada como alternativa ao uso de herbicidas, inseticidas e nematicidas (defensivos agrícolas) no controle de plantas daninhas, e estas são fontes de estudo para obtenção de aleloquímicos. Os aleloquímicos podem atuar como reguladores do crescimento vegetal, como inibidores de fotossíntese, desreguladores da respiração e da permeabilidade de membranas, inibidores da síntese protéica e da atividade enzimática. O uso de plantas alelopáticas no controle de plantas invasoras em áreas de cultivo pode não só minimizar a utilização de herbicidas sintéticos, conseqüêntemente diminuir os custos da exploração comercial, bem como evitar as contaminações do solo 2,3. Neste trabalho são apresentados resultados do efeito de inibição na germinação de sementes de P. maximum dos extratos de B. decumbes , I. laurina Will,, S. glaziovii e A. humilis.
MATERIAL E MÉTODOS: Para obtenção dos extratos, foram utilizados aproximadamente 0,50 kg de cada material vegetal (raiz e folha) e 1,50 litros de diclorometano P.A. O material vegetal primeiramente foi lavado com água, seco em estufa a 40 ºC, picado, triturado em liquidificador, e imerso em galões de plástico durante sete dias com solvente diclorometano P.A. Este procedimento para todas as amostras de material vegetal em análise e foi realizado em temperatura ambiente e com agitações periódicas este período de extração, o material foi filtrado em funil de placa porosa e o filtrado obtido foi concentrado por destilação em evaporador rotativo a pressão reduzida.
Deste extrato foi preparada solução aquosa de concentração 200 ppm, a qual foi utilizada para ensaios de germinação em placas gerbox. Nos ensaios de germinação (para a verificação do potencial fitotóxico) foram utilizadas, em triplicata, concentrações de 0 (controle) e 200 ppm do extrato diclorometanólico para os bioensaios feitos em placas gerbox (in vitro) em água destilada. As placas gerbox com papel de filtro foram previamente esterilizadas em autoclave e cada parcela experimental foi constituída de 20 sementes. As placas gerbox foram transferidas para uma câmara de germinação onde permaneceram por um período de 5 dias, à temperatura de 25ºC e fotoperíodo de 12 horas. Após o período de germinação, mediu-se o comprimento do caule e das raízes para determinação da porcentagem de inibição; determinou-se também a quantidade de sementes que germinaram para verificar se há inibição pré-emergente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Pode ser observado na figura 1 que o extrato de 200 ppm de raiz de B. decumbes provocou na germinação de sementes de P maximum, 100% de inibição e a raiz de I. Laurina Will provocou 80% de inibição.
As soluções de extratos à 200 ppm das folhas de I. laurina Will, S. glaziovii e Andira humilis, a porcentagem inibitória foi de 3, 24 e 30%, respectivamente, conforme mostra a figura 2.
Análises qualitativas de metabólitos secundários tanto no extrato da I. laurina como B. decumbes, verificou a presença de triterpenos e/ou esteróides. Ainda, avaliação detalhada dos extratos de folhas de I. laurina Will, S. glaziovii e A. humilis,levaram a observar que a 200ppm, houve uma inibição de 80%, 60% e 72%, no crescimento da raiz de P. maximum. Já na avaliação da parte aérea de P. maximum, estes mesmos extratos provocaram o crescimento das plântulas alvo.
CONCLUSÕES: O extrato de raiz de B. decumbens, e raiz de I. laurina Will em diclorometano apresentam atividade fitotóxica sugerindo uma eficaz fonte de herbicidas naturais, que podem ser empregados em programas de biocontrole de pragas. A aplicação da alelopatia permite o desenvolvimento de novas estratégias de pesquisa em modelos de herbicidas naturais mais específicos e menos prejudiciais ao meio ambiente, afim de que se reduza o uso de herbicidas sintéticos aplicados atualmente nas culturas.
AGRADECIMENTOS: Instituto de Química-UFU, CNPq e FAPEMIG
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1RICE, E.L. Allelopathy. 2 ed. New York. Academic, 1984. 422 p.
2RIZVI, S.J.H.; HAQUE, H.; & KESSER, K.J. A discipline called alleopathy. In: RIZVI, S.J.H & RZVI, H. (Eds.) Allelopathy: Basic and applied aspects. London Chapman & Hall, 1992.
3EINHELLIG, F.A. Allelopathy: a natural protection, allelochemicals. CRC Handbook of pesticides: methods. Boca Raton, CRC Press, 1985. v.1. p.161-2000.