ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: CLASSIFICAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DE ÁGUA DA REPRESA SAMAMBAIA (GOIÂNIA – GO)

AUTORES: MEDEIROS. M. M. (UNUCET/UEG) ; COSTA, O. S. (UNUCET/UEG)

RESUMO: RESUMO: A água é um importante bem de consumo para a humanidade. Porém, o crescimento populacional, industrial e econômico está causando a poluição dos recursos hídricos. Poucos estudos foram realizados na Represa Samambaia. Como sua água é usada para o abastecimento local, então se faz necessário o monitoramento da água, com objetivo de manter sua qualidade. Neste trabalho foram realizadas algumas análises físico-químicas úteis para a caracterização da água, com base na metodologia preconizada pelo Standard Methods. Estas características da água foram comparadas com os padrões da Resolução CONAMA 357, enquadrando a água da Represa Samambaia na Classe 2. Existem indícios de que essa classificação é garantida pelo processo de autodepuração desenvolvida ao longo do escoamento da água na represa.

PALAVRAS CHAVES: água, represa, samambaia.

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: A sociedade atualmente é dependente da água e sua demanda aumenta a cada dia. Porém, o crescimento populacional e o desenvolvimento industrial e econômico não só precisam de água, mas são também os responsáveis pela poluição dos recursos hídricos (BUENO, GALBIATTI e BORGES, 2005).
Em represas, o movimento da água é lento e não direcionado, por isso são chamadas de ambientes lênticos, sendo mais sensíveis à poluição. Isto é importante porque está relacionado à eutrofização da água, processo no qual a produção fitoplanctônica aumenta devido à quantidade demasiada de nutrientes (VALENTE, PADILHA e SILVA, 1997).
Entre os principais mananciais que abastecem a cidade de Goiânia (GO) está o sistema Samambaia, composto pela Represa Samambaia. Esta está localizada no Campus II da Universidade Federal de Goiás (UFG) e foi formada pelo represamento do Córrego Samambaia, em 1972 (VIEIRA, MARQUES e BINI, 2005). Ela abastece todo o “Campus”, a Cervejaria Antártica e parte do bairro Itatiaia (NOGUEIRA, 1999).
Poucos estudos foram feitos na Represa Samambaia, destacando-se Nogueira (1999); Vieira, Marques e Bini (2006); e Mota et al. (2006). Devido a isto e ao fato de ela ser um ambiente lêntico, a mesma necessita de análise constante de suas águas, verificando-se os parâmetros que influenciam na sua qualidade (VALENTE, PADILHA e SILVA, 1997).
A água pode ser caracterizada conforme sua origem e é classificada de acordo com suas propriedades físicas, químicas e biológicas. As propriedades físicas das águas indicam a aparência pela qual elas se apresentam sob observação humana Já os parâmetros químicos são capazes de fornecer informações que possibilitam identificar as fontes poluidoras deste ambiente (RICHTER e AZEVEDO NETTO, 1991).


MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAL E MÉTODOS: Definiram-se três zonas de estudo para a coleta de água: a desembocadura do Córrego (zona de influência), o meio da represa (zona de transição) e próximo à barragem (zona de influência). Em cada um destes pontos coletaram-se amostras em quatro níveis diferentes da coluna de água. O plano de amostragem foi fundamentado pela metodologia descrita por Lapa et al. (2007) e Lima (2007).
Os parâmetros analíticos físico-químicos foram selecionados de acordo com os mais citados na literatura e em função das condições de infra-estrutura do Laboratório de Saneamento da Escola de Engenharia Civil (EEC) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Dessa forma, analisou-se: cor verdadeira; turbidez; oxigênio dissolvido (OD); sólidos dissolvidos totais (SDT); potencial hidrogeniônico (pH); nitrogênio amoniacal (N-NH3); fósforo total (Ptotal); sólidos totais (ST); sólidos suspensos (SS); temperatura (T); condutividade (Condut.); alcalinidade (Alcalin.) e demanda química de oxigênio (DQO).
As técnicas analíticas utilizadas para a determinação desses parâmetros foram fundamentadas no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (AWWA, APHA, WPCI, 1998). Alguns parâmetros foram medidos em campo, selecionando-se os equipamentos e os materiais necessários para essa medição. Outros parâmetros foram analisados no Laboratório de Saneamento da EEC da UFG.
A amostragem compreendeu dois períodos climatológicos, as estações de chuva e de estiagem. Foram coletadas amostras nos meses de outubro e dezembro de 2007, e março e abril de 2008. À medida que os dados eram coletados, eles eram organizados e avaliados, com a finalidade de identificar alguma falha na elaboração e execução do plano de amostragem.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: Análises foram comparadas aos padrões CONAMA 357 (Figura 1), onde verificou-se que a cor verdadeira apresentou um valor médio de 65,9 uC durante a seca, enquadrando-se na Classe 2. Contudo, a média aumentou muito durante as chuvas (205 uC), fora dos padrões de qualquer classe.
Variação semelhante ocorreu para turbidez, com valores menores na seca (média 6,9 uT) e valores maiores na chuva (média 34,9 uT). O maior valor encontrado na seca foi de 7,8 uT, ficando dentro dos padrões de água Classe 1. Já na chuva, obteve-se medidas de até 54,1 uT, provavelmente devido aos SS, cujos maiores valores de seca e chuva foram: 0,07 e 0,16 mg/L, respectivamente, classificando o período de chuva nas Classes 1 e 2.
Os valores de OD implicaram em Classe 2 ou 3 para seca (média 6,7 mg/L) e 3 ou 4 para chuva (média 4,3 mg/L).
Os SDT < 500 mg/L (média 0,82 mg/L) classificam a represa em Classe 1, 2 ou 3 no período de chuva. Todavia, os SDT na seca fugiram dos padrões (média 516,6 mg/L). Possível explicação se deve ao tempo de detenção que aumenta em baixa vazão, ocorrendo concentração de sólidos.
Os dados de pH ficaram dentro das Classes 1, 2 e 3 na seca e chuva, devido ao intervalo 6,0 – 9,0 do CONAMA 357. Observou-se, nesta faixa de pH, a existência da alcalinidade devido somente aos bicarbonatos, com valores médios de seca e chuva na ordem de 46,2 e 36,3 mg/L, respectivamente. Portanto, a capacidade de neutralização de ácidos é maior durante a seca do que no período chuvoso.
Quanto ao N-NH3, a água encontra-se nas Classes 1 ou 2, pois a maior medida foi 0,31 mg/L, sendo menor que o valor máximo padrão (3,7 mg/L) para pH < 7,5.
OD e DQO apontam evidências de possível processo autodepurativo na represa devido ao aporte exógeno de carga poluidora na desembocadura do Córrego Samambaia (Figura 2).






CONCLUSÕES: CONCLUSÕES: Comparando-se alguns parâmetros com a Resolução CONAMA 357, chega-se à conclusão de que a Represa Samambaia é Classe 2, devendo ser melhor monitorada para uma correta classificação de suas águas. Com os resultados de OD, DQO, SDT e ST foi possível observar a possibilidade de estar havendo aporte exógeno de carga poluidora na zona do tributário da represa. Evidências de processo autodepurativo na represa também foram notadas, devido ao fato de o oxigênio dissolvido ser recuperar ao longo de seu comprimento, em direção à barragem.

AGRADECIMENTOS: AGRADECIMENTOS: À UEG pela bolsa PBIC concedida, e à UFG pela infra-estrutura oferecida para a realização deste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: - APHA. AWWA. WPCF. Standard methods for examination of water and wastewater. 20th ed. Washington D. C., 1998.
- BUENO, L. F., GALBIATTI, J. A., BORGES, M. J. Monitoramento de variáveis de qualidade da água do Horto Ouro Verde – Conchal – SP. Engenharia Agrícola, v.25, n.3. Jaboticabal, set./dez. 2005.
- LAPA, N., MORAIS, J., MENDES, B., OLIVEIRA, J. F. S. Preparação e execução de planos de amostragem de água. Universidade Nova de Lisboa (UNL). Disponível em: <http://campus.fct.unl.pt/gdeh/ eai_prat/Amostragem/amostragem.PDF>. Acessado em junho 2007.
- LIMA, A. C. B. Avaliação da qualidade das águas e proposta metodológica para quantificação do coeficiente de desoxigenação e demanda bioquímica última de oxigênio no Rio Meia Ponte - Goiânia/Go. Trabalho de Conclusão de Curso (Química Industrial), Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas, Universidade Estadual de Goiás, Anápolis, 50p. 2007.
- MOTA, E. C. M., MARQUES, J. A. A., DIAS, N. O., SANTOS, C. R. A. Diagnóstico Ambiental de Dois Cursos Hídricos Urbanos de Goiânia com Indicadores Bióticos. Trabalho de Conclusão de Curso Especialização em Perícia Ambiental pela Universidade Católica de Goiás, 38p. 2006.
- NOGUEIRA, I. S. Estrutura e dinâmica da comunidade fitoplanctônica da represa Samambaia, Goiás, Brasil. 352p. São Paulo, SP, 1999. Tese de Doutorado (Ciências Biológicas (Botânica)) - Universidade de São Paulo, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, (Orientador) Carlos Eduardo de Mattos Bicudo.
- RICHTER, C. A., AZEVEDO NETTO, J. M. Tratamento de água. São Paulo: Edgard Blücher, s.d.
- VALENTE, J. P. S., PADILHA, P. M., SILVA, A. M. M. Contribuição da cidade de Botucatu - SP com nutrientes (fósforo e nitrogênio) na eutrofização da represa de Barra Bonita. Eclet. Quím., 1997, vol.22, p.31-48. ISSN 0100-4670
- VIEIRA, L. C., MARQUES, G. S., BINI, L. M. Estabilidade e persistência de assembléias zooplanctônicas em um pequeno lago tropical. Marigá – PR: Acta Scientiarum, 2006.