ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DO AMIDO DA SEMENTE DE JACA (Artocarpus heterophilus)

AUTORES: DA SILVA, A.P. (UEG) ; BARBOSA, H.R. (UEG) ; ASCHERI, D.P.R. (UEG) ; MOURA, W.S. (UEG)

RESUMO: A jaqueira (Artocarpus heterophilus) é uma planta originária da Ásia, tendo como principal utilização seus frutos e sua madeira. Devido ao elevado teor de amido em sua semente, a jaca apresenta potencial como matéria-prima na extração de amido comercial. Procederam-se testes para determinar as características físico-químicas do amido: teste de densidade absoluta, capacidade de absorção de água, índice de solubilidade em água, poder de inchamento e índice de solubilização, foi quantificada a amilose. Os resultados obtidos para as análises foram: densidade (1,08g/mL), capacidade de absorção em água (2,077), índice de solubilidade em água (3,495) e amilose (12,30%). O grânulo do amido apresentou estabilidade à temperatura de 80ºC, sendo que acima desta os grânulos intumesceram.

PALAVRAS CHAVES: artocarpus heterophyllus, amido, físico-química.

INTRODUÇÃO: A Artocarpus heterophyllus (Jaqueira), é uma árvore da família Moraceae e de grande porte. Esta árvore possui frutos compostos de tamanho grande ou muito grande, em sua maioria, chegando a pesar de 4,5 a 27,3kg. É uma árvore monóica e está adaptada ao clima tropical úmido, crescendo bem no clima subtropical do Sul da Flórida. Sua produção se dá em áreas onde as temperaturas quentes perduram durante todo o ano. As principais estações de produção dos frutos são o verão e o outono, sendo que alguns frutos podem madurar em outras estações, no entanto, usualmente isto não ocorre nem no inverno nem no início da primavera (MORTON , 1987). Uma vez que as embalagens flexíveis produzidas com plástico se tornaram um problema ambiental por serem não-biodegradáveis surgiu a idéia da utilização de biopolímeros na produção de materiais biodegradáveis (GONTARD & GUILBERT, 1996; GUILBERT ET AL., 1997). Os polímeros ou plásticos ambientalmente degradáveis abrem uma opção adicional de gerenciamento de resíduos em que a compostagem ocupa o papel principal. A degradabilidade destes materiais, após seu uso permite que eles permaneçam no ciclo natural do carbono (INNOCENTNI-MEI & MARIANI, 2006). O amido é uma excelente matéria-prima devido ao seu baixo custo de produção e fácil degradabilidade. A jaca (Artocarpus heterophyllus) é uma espécie de grande produção e facilmente encontrada no ecossistema brasileiro, sendo pois objeto deste estudo, onde se tem o objetivo de analisar a viabilidade de utilização deste amido extraído para produção de biofilmes. Sendo essencial uma criteriosa análise de suas propriedades físico-químicas para avaliar seu potencial de produção.

MATERIAL E MÉTODOS: Do amido da semente de jaca, determinou-se a densidade absoluta, segundo o método de deslocamento líquido descrito por SCHOCH & LEACH (1964), onde se utilizou um picnômetro de 50 mL previamente pesado. Encheu-se este com água destilada e manteve-se à 30°C em banho-maria por 15 minutos e novamente foi pesado. Este mesmo procedimento foi realizado utilizando xileno no lugar da água e depois utilizando 3,00 gramas de amido em xileno. Na capacidade de absorção de água e no índice de solubilidade do amido, utilizou-se a metodologia descrita por ANDERSON et al. (1969), com adaptações, usou-se 8,0 mL e por conseqüência a massa de amido foi ajustada para este valor. Para o poder de inchamento e índice de solubilização o procedimento de LEACH et al (1959), com algumas modificações. Já para a reação com o iodo, primeiro realizou-se a gelatinização do amido e, em seguida a um béquer contendo uma suspensão de 1% do amido adicionou-se 1 mL de lugol. Por fim, para a determinação iodométrica de amilose (Blue Value) seguiu-se o procedimento descrito por McCREADY E HASSID (1943).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A densidade do amido foi determinada em duplicata onde obteve-se valores próximos por se tratar de características próprias de cada substância, verificando um valor médio de 1,08g/mL, valor este que se situa um pouco abaixo da faixa média descrita para a maior parte dos amidos que, segundo a literatura, variam de 1,42 a 1,54 g/mL (ASCHERI, 1987). A capacidade de absorção da água (CAA) foi de 2,07, que evidencia a hidrofobicidade do amido. O índice de solubilidade em água encontrado foi de 3,49%, sendo que este é um parâmetro que reflete o grau de degradação do grânulo de amido. A gelatinização, feita de acordo com VICENTINI (2003), tendo uma suspensão 1% de amido aquecido em banho-maria num intervalo de 45ºC à 101ºC, ponto em que a solução tornou-se gel. A reação com iodo apenas evidenciou, através da mudança de coloração de incolor para azul escura, a presença de amido na solução gelatinizada ou mais precisamente de amilose que forma um complexo azul com o iodo ao contrário da amilopectina. A um comprimento de onda de 680nm, Blue Value teve um valor de 0,169, que confere com resultado obtido pela reação do iodo, apresentando 12,30% de amilose. Os resultados do poder de inchamento e do índice de solubilização do amido de jaca estão expostos na figura 1 e figura 2, respectivamente. A figura 1 demonstra que o amido da semente de jaca apresenta estabilidade até uma temperatura de 80ºC, sendo que após esta os mesmo são intumescidos. Percebe-se claramente que até a temperatura de 75°C, os valores de poder de inchamento crescem lentamente e a partir desta temperatura obtem-se um aumento considerável, fato que se dá devido às forças associativas da amilose presente no amido.





CONCLUSÕES: Através dos resultados obtidos observa-se que o amido de jaca apresenta baixa concentração de amilose quando comparada com outras sementes amiláceas. O amido obteve estabilidade quando aquecido a temperatura de 80ºC, sendo que a temperaturas superiores os grânulos se desorganizaram, como demonstrado na análise de poder de inchamento. Faz-se necessário estudos mais aprofundados das propriedades de pasta de tal amido, tendo em vista suas características, podendo este ser uma fonte utilizável pra produção de biofilmes.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ASCHERI, J.L. Extração e caracterização de amido de Adlay. Dissertação (Doutorado). 1987. 118p. Faculdade de Engenharia de Alimentos, Unicamp, Campinas.
GONTARD, N.; GUILBERT, S. Bio-packaging: technology and properties of edible and/or biodegradable material of agricultural origin. Boletim da Sociedade Brasileira de CiÍncia e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.30, n.1, p.3-15, 1996.
GUILBERT, S.; CUQ, B.; GONTARD, N. Recent innovation in edible and/or biodegradable packaging materials. Food Additives and Contaminants, London, v.14, n.6-7, p.741-751, 1997.
INNOCENTNI-MEI, L. H.; MARIANI, P. D. S. C. Visão geral sobre polímeros ou plásticos ambientalmente degradáveis PADs. 2005. 27p. Disponível em: < http://www.feq.unicamp.br/~dtp/EDPs.pdf>. Acesso em: 28 de set. de 2006.
MORTON, Julia F. Fruits of Warm Climates. Creative Resources Systems, Inc. 1987. pp. 58-63. Disponível em <http://www.crfg.org/pubs/ff/jackfruit.html> Acessado em : 11/06/08.
PERONI, F.H.G. Características Estruturais e Físico-Químicas de amidos obtidos de diferentes fontes botânicas. 2003. 135p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, São José do Rio Preto.
VICENTINI, N.M. Elaboração e caracterização de filmes comestíveis à base de fécula de mandioca para uso em pós-colheita. 2003. 216p. Dissertação (Doutorado) - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu.