ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: EXTRAÇÃO E COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DE AMIDO DO CAROÇO DE JACA (Artocarpus heterophyllus)

AUTORES: SILVA, W. R. (UEG) ; SERRANO,M. T. R. (UEG) ; MOURA, W. S. (UEG) ; ASCHERI,D. P. R. (UEG)

RESUMO: A jaqueira (Artocarpus heterophilus) é uma planta originária da Ásia, tendo como principal utilização seus frutos e sua madeira. Devido ao elevado teor de amido em sua semente, a jaca apresenta potencial como matéria-prima na extração de amido comercial, já que estes são desperdiçados. O presente trabalho objetivou-se a estudar o processo extração e purificação do amido da semente de jaca. Foram analisados a composição centesimal, o formato e tamanho dos grânulos em microscópio eletrônico. O rendimento obtido na extração foi de 8,91% em relação ao peso inicial. O resultado da composição centesimal está dentro do exigido pela Legislação Brasileira (1978), apresentando valores de umidade, cinzas, lipídios, amido e açúcares redutores, respectivamente iguais a 5,45, 0,12, 0,35, 94,55 e 76,8%.

PALAVRAS CHAVES: amido, jaca, polissacarídeos

INTRODUÇÃO: A jaqueira (Artocarpus heterophilus), da família Moraceae, Dicotyledoneae, originária da Ásia, foi trazida para o Brasil pelos portugueses, sendo bem adaptada devido ao clima tropical. Da planta atualmente são utilizados a madeira, folhas, frutos e sementes para diversos fins (SEAGRI, 2008). Porém, não se tem referencias quanto ao uso das sementes como fonte de amido, sendo que os mesmos normalmente são descartados. O amido é carboidrato de reserva de várias plantas, ocorrendo nos cloroplastos das folhas e nos amiloplastos dos órgãos de reserva. Ocorre sob forma de grânulos apresentando forma, dimensão que variam com sua origem (GUILBOT & MERCIER, 1985). O amido, de modo geral, é utilizado em todos os países e seu consumo aumenta com o grau de desenvolvimento. A situação do setor de amido no mundo pode ser resumida em dois pontos principais: dificilmente novos reagentes químicos ou derivados serão aprovados para uso alimentar, e nos amidos existentes, os níveis permitidos de tratamentos químicos para a modificação permanecerão estacionados. As necessidades das indústrias que utilizam amido estão cada vez mais complexas, fazendo com que o setor produtivo esteja em busca de novas tecnologias, bem como de amidos naturais com características físico-químicas diferenciados. Esses amidos poderiam substituir amidos quimicamente modificados ou abrir novos mercados para amidos (KIM, et al., 1995). As fontes de amido devem ser adaptáveis a determinadas regiões e ter bom rendimento agrícola (CIACCO & CRUZ, 1982). O presente trabalho tem por objetivo a utilização da semente de jaca como provável fonte de amido. Para que seja viável este emprego é necessária sua caracterização quanto a composição centesimal e a escolha de um método ideal para sua extração.

MATERIAL E MÉTODOS: As jacas foram coletadas nos arredores das cidades de Goiânia-GO e Anápolis-GO, sendo selecionadas de acordo com tamanho e maturação de cada fruto. A extração da semente foi feita num estagio inicial de putrefação do fruto, selecionados por tamanho e cor, limpos com água e sabão neutro. O amido foi extraído utilizando metodologia descrita por MOURA et al. (2008), as sementes foram armazenadas em baixas temperaturas (<10º) antes da extração. O balanço de massa foi calculado pela relação entre o peso do caroço de jaca e do amido extraído. Do amido seco foi determinada sua composição centesimal: umidade, cinzas, lipídios segundo (AACC, 1995), amido e açúcares redutores seguindo o método LANE-ENYON (IAL, 1976). As medidas dos tamanhos dos grânulos de amido foram coletadas através de microfotografia (MOURA et al, 2008), sendo medidos os diâmetros maior e menor do amido.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O amido foi extraído de sementes previamente descascadas sendo necessário, para um melhor rendimento, o resfriamento das sementes por 24h em geladeira a baixas temperaturas (<10ºC), não se fazendo necessária a utilização de inibidor de oxidação. Extrações feitas em temperaturas superiores (>10°C) apresentaram um escurecimento da massa desintegrada e consequentemente do amido extraído, sendo considerado amido danificado. O balanço de massa do processo de extração apresentou rendimento de 8,91% em relação ao peso das sementes da jaca. O grânulo mostrou teor de amido igual 94,55% em matéria seca, um alto valor quando comparado com amido de jacatupe (83,71%) (LEONEL et al., 2003), resultado este que se mostra bastante promissor para utilização como fonte amilácea. A análise de composição centesimal apresentou valores para componentes secundários de acordo com os parâmetros para amido in natura (BRASIL, 1978), apresentando resultado para umidade, cinzas, lipídeos e açúcares redutores respectivamente igual a, 5,45, 0,12, 0,35 e 76,8%. A análise das microfotografias apresentou um formato arredondado para os grânulos regulares com um tamanho médio do grânulo intacto igual a 45,37 &#956;m. Os grânulos irregulares apresentaram medidas de maior comprimento e de menor comprimento em media, respectivamente iguais a 42,97 &#956;m e 37,35 &#956;m, como mostrado na figura 1.



CONCLUSÕES: A análise da composição centesimal mostrou que a semente de jaca (Artocarpus heterophyllus) apresenta grande potencial para uso como matéria-prima amilácea, tendo em vista uma grande quantidade de amido. As sementes da jaca apresentam uma necessidade de tratamento térmico em baixas temperaturas antes da extração, apresentando resultados satisfatórios em relação ao rendimento e baixa concentração de material secundário. Fazem-se necessários estudos aprofundados de suas propriedades físico-químicas para sua possível aplicação.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AACC (American Association of Cereal Chemists). 1995. Approved methods of the American Association of Cereal Chemists. 9th ed. St. Paul: AACC, vol. 2.

BRASIL. Leis, decretos, etc. Decreto nº 12.486 de 20 de outubro de 1978. Normas técnicas especiais relativas a alimentos e bebidas. Diário Oficial do Estado de São Paulo, 21 out., 1978. p.20.

CIACCO, C. F.; CRUZ, R. Fabricação de amido e sua caracterização. Coordenadoria da Indústria e Comércio. Secretaria da Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia. Governo do Estado de São Paulo, 1982. v.7, 151p. (Série Tecnologia Agroindustrial).

GUILBOT, A.; MERCIER, C. Starch. In: ASPINALL, GO. The polysaccharides. Orlando: Academic. Press INC., 1985. v. 3, cap 3. p. 209-282.

IAL (INSTITUTO ADOLFO LUTZ). 1985. Normas Analíticas del Instituto Adolfo Lutz: Métodos químicos y físicos para análises de alimentos. 3 ed. São Paulo: IAL. 195 p.

KIM, Y. S.; WIESENBORN, D. P.; ORR, P. H.; GRANT, L. A. Screening potato starch for novel properties using differential scanning calorimetry. Journal of food science, v. 60, n. 5, p. 1060-1065, 1995.

LEONEL, M.; CEREDA, M.P.; SARMENTO, S.B.S.; CÂMARA, F.L.A. Extração e caracterização de amido de Jacatupe (Pachyrhizus ahipa). Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.23, n.3, p.362-365, 2003.

MOURA, W.S.; ASCHERI, J.L.R.; CARVALHO, C.W.P; ASCHERI, D.P.R. Caracterização do Amido do Rizoma do Lírio-do-brejo (Hedychium coronarium). In: XXVII – Encontro Nacional do Estudantes de Química, Fortaleza-CE. Resumo Expandido. 3p. 2008.


SEAGRI. Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária. Cultura de Jaca. Disponível em: <http://www.seagri.ba.gov.br/jaca.htm>. Acessado: 07 de Junho de 2008. Horário: 16h: 15 min.