ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: ANÁLISE DE METAIS TÓXICOS EM RESÍDUOS SÓLIDOS E EFLUENTES LÍQUIDOS PROVENIENTES DO PROCESSAMENTO DE CAFÉ NO SUDOESTE DA BAHIA

AUTORES: SANTOS, S.N.DOS (UESB) ; SANTOS, C.M. (UESB) ; SANTOS, J.S.DOS (UESB) ; SANTOS, M. L. P. DOS (UESB) ; FERNANDES, T. E. C. L. (UESB)

RESUMO: A Cafeicultura é uma das principais atividades econômicas do sudoeste da Bahia. O beneficiamento do café origina uma grande quantidade de resíduos sólidos e líquidos. Uma alternativa encontrada para a disposição da palha do café é a utilização como adubo orgânico e da água residuária no processo de fertirrigação, torna – se necessário à determinação de substâncias químicas tóxicas nesses resíduos. O objetivo do trabalho é avaliar os níveis de metais tóxicos em resíduos sólidos e efluentes líquidos provenientes do processamento de café no sudoeste da Bahia. Os resultados evidenciaram elevados teores de metais tóxicos nas amostras analisadas demonstrando a necessidade de um monitoramento dos solos, recursos hídricos e produtos agrícolas em áreas adubadas e/ou irrigadas com esses efluentes.

PALAVRAS CHAVES: beneficiamento do café, metais tóxicos, faas

INTRODUÇÃO: A Cafeicultura é uma das principais atividades econômicas do Sudoeste da Bahia, e a obtenção de um bom café requer adequado processamento de pós-colheita, sendo este procedimento capaz de agregar alto valor na melhoria de sua qualidade. No processo de beneficiamento dos grãos, cerca de 50% em massa destes são considerados resíduo de fabricação (Brahan e Bressani, 1978). O beneficiamento do café pode ser realizado por via seca ou úmida. O processamento por via seca é o método mais usado no Brasil, exige lavagem preliminar do café colhido para separação das impurezas (pedras, folhas, paus e terra) e dos frutos em diferentes estágios de maturação. Após seco, a operação seguinte consiste no descascamento do café e os resíduos (pergaminho e casca) gerados nessa etapa estão sendo utilizados como adubo orgânico na agricultura. O processamento via úmida, requer grandes volumes de água nas etapas: separação dos grãos defeituosos, eliminação da casca, fermentação e lavagem. Só o descascamento/despolpa e desmucilagem geram em torno de 3 a 5 L de água residuária para cada litro de frutos processados (MATOS, 2003). Este processo origina um dos cafés mais lisos e de alta qualidade disponíveis, gerando em todas as etapas uma grande quantidade de águas residuárias. Uma alternativa encontrada para a disposição desse efluente é a utilização no processo de fertirrigação. Com isso torna – se necessário à determinação de substâncias químicas tóxicas nesses resíduos para obter um controle mais preciso da contaminação dos solos, águas naturais e produtos agrícolas durante o processo de irrigação e adubação. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo avaliar os níveis de metais tóxicos em resíduos sólidos e efluentes líquidos provenientes do processamento de café no sudoeste da Bahia.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram coletadas amostras de águas residuárias e da palha do beneficiamento do café provenientes de três propriedades localizadas nos municípios de Barra do Choça, Vitória da Conquista e Cândido Sales, no Sudoeste da Bahia, em Fevereiro de 2008.
As amostras de palha foram secas em estufa a 60°C por 48 horas até peso constante e moídas em moinho de faca. Para extração dos metais, pesou - se 1 g da amostra diretamente em uma bomba de teflon, a seguir adicionou 10 mL de HNO3 concentrado e deixou em repouso por 12 horas. As bombas de teflon foram aquecidas cuidadosamente até a eliminação de fumos vermelhos de NO2, a seguir foi adicionado 2 mL de HClO4 a 70%, aquecendo novamente até a obtenção de um pequeno volume. O conteúdo foi transferido para um balão de 50 mL e completado com água ultrapura. Determinou-se a disponibilidade de Zinco (Zn), Cádmio (Cd), Cobre (Cu), Chumbo (Pb), Cromo (Cr) e Níquel (Ni), nas amostras de água e da palha por espectrometria de absorção atômica por chama (FAAS).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados apresentados na tabela 1 evidenciam os riscos da utilização das águas residuárias do processamento do café na irrigação de culturas. As concentrações de alguns elementos tóxicos encontram – se acima do limite máximo permitido pela legislação ambiental vigente (CONAMA N° 357, 2005) para águas naturais. O Zn apresentou valores variando entre 0,25-0,76 mg L-1, quatro vezes acima do limite permitido (0,18 mg L-1), o Cd foi detectado em apenas uma das amostras, entretanto, com concentração 0,011 mg L-1, dez vezes maior do que o limite estabelecido pela legislação brasileira (0,001 mg L-1). O Cu e o Ni apresentaram valores das concentrações variando entre 0,20-1,24 mg L-1 e 0,09-0,13 mg L-1, respectivamente, sendo que o Cu foi o elemento encontrado em maiores teores, acima do limite máximo estabelecido (0,009 mg L-1). As análises das amostras de palha de café, mostram que os elementos Cd, Pb e Cr não foram detectados, entretanto, os metais Ni, Zn e Cu, foram encontrados com concentrações variando entre 5,41-7,46 mg Kg-1, 120,75-253,30 mg Kg-1 e 71,53-107,87 mg Kg-1, respectivamente. Porém, contrapondo-se a água, a exigência legal dos teores de metais pesados para utilização dos resíduos do processamento do café via seca como fertilizantes agrícolas, atualmente não está regulamentada no Brasil.



CONCLUSÕES: Os elevados teores de metais tóxicos nas águas residuárias e na palha de café demonstram a necessidade de um monitoramento dos solos, recursos hídricos e produtos agrícolas em áreas adubadas e/ou irrigadas com esses efluentes ou desenvolver um tratamento adequado, antes de lançá-los aos rios ou solos, evitando uma maior contaminação ambiental.

AGRADECIMENTOS: A Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.

A FAPESB e ao CNPQ, pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRAHAN, J. E.; BRESSANI, R. Pulpa de Café – composición, tecnologia y utilización. Bogota: Instituto de Nutrición de Centro América y Panama, INCAP, 1978.

CONAMA. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução 357/2005. Disponível em: <http://www.siam.gov.mg.br:0/sla/dowload.pdf?idNormas=2747>. Acesso em: 03 de Janeiro de 2008.

MATOS, A.T.; Lo MONACO, P.A. Tratamento e aproveitamento agrícola de resíduos sólidos e líquidos da lavagem e despolpa de frutos do cafeeiro. Viçosa: UFV, 2003. 68 p. (Engenharia na Agricultura, Boletim Técnico, 7).