ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: CORRELAÇÃO ENTRE A COR E O CONTEÚDO MINERAL DO MEL EM AMOSTRAS PROVENIENTES DA REGIÃO SUDOESTE DA BAHIA
AUTORES: LACERDA, J.J.DE J. (UESB) ; RODRIGUES, G.B. (UESB) ; SANTOS, J.S.DOS (UESB) ; SANTOS, S.A.DOS (UESB) ; SANTOS, M.L.P. DOS (UESB)
RESUMO: RESUMO: As concentrações de minerais em méis escuros são maiores quando comparadas com os de coloração clara. O objetivo deste trabalho é avaliar a correlação entre a cor do mel e seu conteúdo mineral em amostras provenientes da região sudoeste da Bahia. Foram avaliadas 24 amostras de méis de origem monofloral e polifloral em relação aos parâmetros: cor (mm Pfund), cinzas (%) e concentração de Na, K, Ca, Mg e Fe (mg kg-1). Para interpretação dos resultados foram realizadas análises multivariadas. Constatou-se que a cor do mel apresenta alta correlação positiva com os teores de Ca e Fe e alta correlação negativa com os teores de Na . Isso mostra que a cor do mel está relacionada aos elementos contidos em sua matriz e não apenas à quantidade total de resíduos minerais.
PALAVRAS CHAVES: faas, minerais, consumidores.
INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: Cada vez mais, os consumidores manifestam preferências e valorizam os méis oriundos de regiões particulares, com origem e método de produção conhecido e que apresentem características de sabor, cor e conteúdo bem definido. A cor é uma das características do mel que mais influencia na preferência do consumidor, na maioria das vezes, a escolha do produto é feita apenas pela aparência. No mercado mundial, o mel é avaliado por sua cor, e méis claros alcançam valores de mercado mais elevados que os escuros (MODESTA, 2007). A cor do mel está correlacionada com sua origem floral, processamento e armazenamento, fatores climáticos durante o fluxo do néctar e a temperatura na qual o mel amadurece na colméia (ALMEIDA, 2002). Para ORTIZ (1988), o conteúdo de minerais, muitas vezes referido como metais, também é considerado na maioria das análises físico-químicas dos méis e influi diretamente na sua coloração, cujas concentrações em méis escuros são maiores quando comparados com os de coloração clara. Em decorrência do crescente desenvolvimento da apicultura no sudoeste baiano, considerando a relevância desse produto na participação da renda familiar e da escassez de informações sobre os parâmetros que influenciam na cor dos seus méis, pesquisas sobre a cor dos méis produzidos neste território são imprescindíveis. Os resultados desta pesquisa podem contribuir na identificação e melhoria do padrão de qualidade do produto, conseqüentemente, fornecer informações para a padronização e futura valorização dos méis produzidos nessa região. Assim, o objetivo deste trabalho é avaliar a correlação entre a cor do mel e seu conteúdo mineral em amostras provenientes da região sudoeste da Bahia.
MATERIAL E MÉTODOS: METODOLOGIA: Foram avaliadas 24 amostras de méis de origem monofloral e polifloral oriundas de oito municípios da região sudoeste da Bahia, obtidas em contato direto com os apicultores no período de março a agosto de 2007. As análises físico-químicas foram realizadas no laboratório de Química Analítica e Ambiental da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB. As amostras foram submetidas à digestão via úmida em sistema aberto usando HNO3 e H2O2, com agitação ultrassônica. As quantificações dos teores de Ca, Mg, Na, K e Fe (mg kg-1) foram feitas por espectrometria de absorção atômica por chama (FAAS).
Os teores de cinzas (%) foram obtidos em uma solução a 20% de matéria seca de mel a 20 ºC, por condutimetria. Para verificação da cor do mel foi utilizado o método de Bianchi (1981) que consiste na medida da absorbância a 635 nm de uma solução 50% (m/v) de mel em água. Após a diluição, a solução foi deixada em repouso por 15 minutos antes da determinação da absorbância. O espectrofotômetro foi calibrado com água deionizada e a classificação foi dada pela escala de Pfund onde a cor dos méis varia de branco-água à âmbar escuro. Para interpretação dos resultados foram realizadas análises multivariadas e gerada uma matriz de correlação entre as variáveis, cor (mm Pfund), cinzas (%), e os teores dos minerais Ca, Mg, Na, K e Fe (mg kg-1).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nas amostras estudadas o potássio foi o mineral de concentração mais elevada, com um valor médio de 1534,38 mg kg-1, seguido pelo sódio 527,96 mg kg-1, cálcio 65,96 mg kg-1, magnésio 46,46 mg kg-1 e ferro 4,73 mg kg-1. Estes valores estão de acordo com os encontrados por GONZAALEZ-MIRET et al. (2005) em méis oriundos da Sevilla, na Espanha, onde o potássio foi mineral contido em maior concentração, seguido por fósforo e sódio. Os teores de cinzas variaram de 0,1 a 0,6%, que estão de acordo com a instrução normativa Nº 11/2000 para mel de flores. Em relação à cor, sete amostras apresentaram coloração âmbar-escuro, seis branco, quatro âmbar-claro, três branco-água, duas âmbar, uma âmbar-extra-branco e uma extra branco. A tabela 1 mostra a matriz de correlação das variáveis estudadas. As cores dos méis apresentaram alta correlação positiva com os teores de Ca e Fe, 0,825 e 0,656 , respectivamente, mostrando que os méis mais escuros apresentam elevados teores destes elementos. Assim, a cor escura do mel correlaciona indiretamente com os teores de cinzas, e diretamente com os elementos que lhe conferem a coloração escura, como o Fe e o Ca. E em relação ao Na a cor apresenta alta correlação negativa, o que indica que os méis claros também podem apresentar elevados teores deste elemento e consequentemente elevados teores de cinzas. Isso mostra que a cor dos méis produzidos no sudoeste da Bahia está relacionada aos elementos contidos em sua matriz e não apenas à quantidade total de resíduos minerais.
CONCLUSÕES: CONCLUSÃO: A correlação entre a cor do mel e o seu conteúdo mineral foi mostrada claramente por meio da aplicação de técnicas estatísticas multivariadas. Assim, a cor do mel escuro se correlaciona com os teores de Ca e Fe e os méis claros também podem ter elevados teores de cinzas.
AGRADECIMENTOS: AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem à FAPESB e à UESB.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: GONZAALEZ-MIRET, M. L.; TERRAB, A.; HERNANZ, D.; FERNAANDEZ-RECAMALES, M. A.; HEREDIA, F. J. Multivariate Correlation between Color and Mineral Composition of Honey and by Their Botanical Origin. J. Agric. Food Chem., 2005.
ORTIZ, V. A. The ash content of 69 honey samples from La Alcarria and neighbouring areas, collected in the period 1985-87. Cuadernos de Apicultura, n. 5, p.8-9, 1988.
ALMEIDA, Daniela de. Espécies de abelhas (Hymenoptera, Apoidea) e tipificação dos méis por elas produzidos em áreas de Cerrado no município de Pirassununga, Estado de São Paulo. Dissertação de mestrado, 2002.