ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: ANÁLISE DE ELEMENTOS TÓXICOS E NUTRIENTES EM RESÍDUOS DE ORIGEM ANIMAL UTILIZADOS COMO FERTILIZANTES NA AGRICULTURA ORGÂNICA DO SUDOESTE DA BAHIA
AUTORES: SANTOS, S. N. DOS (UESB) ; FERNANDES, T. E. C. L. (UESB) ; SANTOS, J. S. DOS (UESB) ; SANTOS, M. L. P. DOS (UESB)
RESUMO: No meio rural a aplicação dos dejetos de animais como fertilizantes orgânicos tem-se tornado uma boa possibilidade para uma destinação final adequada desses rejeitos. Porém, estes resíduos podem apresentar elementos tóxicos à saúde humana e a biota. O objetivo do trabalho é avaliar a disponibilidade de elementos tóxicos e nutrientes em resíduos de origem animal que são aplicados como fertilizantes no sudoeste da Bahia. Determinou-se os teores Cd, Pb, Cr, Ni, Cu, Zn, Fe, Mn, Na, K, Ca e Mg por espectrometria de absorção atômica por chama (FAAS). Os resultados evidenciam que os resíduos de origem animal disponibilizam elementos tóxicos para o solo e planta e as grandes quantidades de nutrientes encontradas, de forma desbalanceada, atentam para a adoção de um manejo adequado desses resíduos.
PALAVRAS CHAVES: fertilizantes orgânicos, metais pesados, dejetos
INTRODUÇÃO: No meio rural as grandes quantidades de dejetos de animais vem provocando impactos ambientais devido a sua disposição inadequada no ambiente. A aplicação desses resíduos como fertilizantes tem-se tornado uma possibilidade promissora para uma destinação final adequada desses rejeitos. SEGANFREDO (2006) observa que o uso de dejetos animais como fertilizantes do solo é uma prática milenar e existem inúmeras pesquisas demonstrando tal potencial, da mesma forma que os outros tipos de resíduos orgânicos. Porém, algumas questões devem ser observadas, pois, estes resíduos podem apresentar elementos tóxicos à saúde humana e a biota.
SEGANFREDO (2005), diz que entre a metade da década de 80 e até o final dos anos 90, o uso como fertilizante orgânico do solo, geralmente era tratado como se fosse a solução definitiva para os riscos de poluição causada pelos dejetos. Atualmente, já visualiza-se a necessidade de avaliar qual o real potencial nutricional e os possíveis contaminantes contidos nesses resíduos com aptidão para reciclagem na agricultura, particularmente, sobre os elementos tóxicos.
Para ANDREOLI et al. (2001) do ponto de vista ambiental, o metal pesado pode ser entendido como aquele metal que, em determinadas concentrações e tempo de exposição, oferece riscos a saúde humana e ao ambiente, prejudicando a atividade dos organismos vivos. Os principais elementos químicos que são considerados metais pesados são: Ag, As, Cd, Co, Cr, Cu, Hg, Ni, Pb, Sb, Se e Zn, sendo que, para o Zn, Cu, Cr e Ni a taxa limitante é dada pela fitotoxicidade.
Com isso, o objetivo do trabalho é avaliar a disponibilidade de Cd, Pb, Cr, Ni, Cu, Zn, Fe, Mn, Na, K, Ca e Mg, nos dejetos de bovinos, suínos e caprino-ovinos que são aplicados como fertilizantes no Sudoeste da Bahia.
MATERIAL E MÉTODOS: Foram coletadas amostras de dejetos de bovinos, caprino-ovinos, e suínos. Sendo as duas primeiras amostras coletadas nos setores de bovinocultura e caprino e ovinocultura, do campos de Vitória da Conquista da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB e a ultima coletada numa granja localizada na zona rural do município de Vitória da Conquista, no Sudoeste da Bahia, em Abril de 2008.
As amostras foram secas em estufa a 60°C por 48 horas até peso constante e moídas em moinho de faca. Para extração dos metais, pesou - se 1 g da amostra diretamente em uma bomba de teflon, a seguir adicionou 10 mL de HNO3 concentrado e deixou em repouso por 12 horas. As bombas de teflon foram aquecidas cuidadosamente até a eliminação de fumos vermelhos de NO2, a seguir foi adicionado 2 mL de HClO4 a 70%, aquecendo novamente até a obtenção de um pequeno volume. O conteúdo foi transferido para um balão de 50 mL e completado com água ultrapura para análise da disponibilidade de Cádmio, Chumbo, Cromo, Níquel, Cobre, Zinco, Ferro, Manganês, Sódio, Potássio, Cálcio e magnésio, por absorção atômica por chama (FAAS).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados apresentados na figura 1 mostram que Cd, Ni, Pb e Cr não foram detectados nas amostras dos dejetos. Entretanto Cu e Zn foram detectados nas concentrações de 197,0 e 724,7 mg Kg-1, respectivamente para os dejetos provenientes dos caprino-ovinos, 87,4 e 382,6 mg Kg-1, respectivamente para os dejetos bovinos e 356,2 e 1320,0 mg Kg-1 respectivamente para os dejetos de suínos. MALAVOLTA (1994) diz que as concentrações totais de Cu e Zn consideradas excessivas do ponto de vista de fitotoxicidade são de 60-125 mg Kg-1 para o Cu e de 70-400 mg Kg-1 para o Zn. Com isso, os teores de Cu e Zn para os dejetos de bovinos encontram-se dentro da faixa indicada pelo autor e os dejetos de caprino-ovinos e de suínos encontram-se acima do limite máximo, causando possivelmente fitotoxicidade.
Os resultados apresentados na figura 2 evidenciam os elevados níveis de nutrientes nas amostras analisadas. Os elementos majoritários Ca, Mg, Na e K foram encontrados em concentrações variando entre 1389-10889 mg Kg-1. As amostras dos dejetos provenientes dos caprinos/ovinos mostrou-se superior com relação aos teores de nutrientes das demais amostras, apresentando uma maior disponibilidade de Na, K, Ca e Mg, com concentrações de 4222 mg Kg-1, 10889 mg Kg-1, 4049 mg Kg-1 e 3806 mg Kg-1 , respectivamente.
O Fe e o Mn foram encontrados em menores concentrações, o Fe variando entre 230-1172 mg Kg-1, e o Mn variando entre 131-177 mg Kg-1. Os teores de Mn para as três amostras de dejetos não variaram muito, porém, para o Fe, o dejeto de suíno apresentou uma maior disponibilidade com relação aos demais dejetos, isso deve-se, possivelmente, a aplicação de doses de Fe nos jovens suínos, onde o excesso é disponibilizado nas fezes.
CONCLUSÕES: Os resultados apresentados evidenciam que os resíduos de origem animal disponibilizam elementos tóxicos e nutrientes para o solo e planta.
As grandes quantidades de nutrientes encontradas nas amostras, de forma desbalanceada, atentam para a adoção de um manejo adequado desses resíduos, que, com adubações contínuas poderão ocasionar desequilíbrios químicos, físicos e biológicos. E apesar dessas crescentes preocupações, a exigência legal dos teores de metais pesados e nutrientes para utilização dos dejetos animais como, atualmente não está regulamentada no Brasil.
AGRADECIMENTOS: A Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.
A FAPESB e ao CNPQ, pelo apoio financeiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANDREOLI, C. V.; SPERLING, M. Von; FERNANDES, F. 2001. Lodo de esgoto: tratamento e disposição final. Belo Horizonte: UFMG / SANEPAR.
MALAVOLTA, E. 1994. Fertilizantes e seu impacto ambiental: metais pesados, mitos, mistificação e fatos. São Paulo: ProduQuimica.
SEGANFREDO, M. A. 2005. Dejetos de suínos: hora de reavaliação. Concórdia: EMBRAPA –CNPSA.
SEGANFREDO, M. A. 2006. Dejetos animais: a dupla face benefício e prejuízo. Concórdia: EMBRAPA – CNPSA.