ÁREA: Alimentos

TÍTULO: Determinação dos teores de Metais: Sn, Zn, Ba, Ni, Cu, Cr, Pb,e Cd; presentes no intestino, guelras e escamas da Sardinha (Sardinellla brasiliensis) coletada na localidade de Ferreiro Torto proveniente do Rio Jundiaí - RN.

AUTORES: SILVA, H. F. O. (UFRN) ; CRUZ, A. M. F. (UFRN) ; EMERENCIANO, D. E. (UFRN) ; CARVALHO,G.C. (UFRN) ; SOUZA, J. M. (UFRN) ; BRITO, G.Q. (UFRN) ; VIEIRA, M.F.P. (UFRN) ; MOURA, M. F. V. (UFRN)

RESUMO: O presente trabalho aborda a análise de metais no intestino, guelras e escamas da sardinha (Sardinellla brasiliensis) proveniente da localidade de Ferreiro Torto situada no rio Jundiaí no RN. Para a determinação dos metais utilizando a Espectroscopia de Absorção Atômica. Os resultados apontaram que a maioria dos níveis de metais presentes nessas partes da Sardinha está acima dos níveis estabelecidos pela Portaria nº. 685, de 27 de agosto de 1998 D.O.U., apresentando alguns riscos para o consumo da população. E que a escama é a parte mais retentora de metal, já que apresentou os maiores teores (mg/100g) para todos os metais.

PALAVRAS CHAVES: metais, sardinha, potengi/jundiaí.

INTRODUÇÃO: Os Peixes são importantes constituintes da dieta humana de inúmeros grupos populacionais, já que representam uma fonte de diversos componentes com significativo valor nutricional.
A contaminação por metais pesados é uma das mais preocupantes, porque eles não se degradam. Uma vez presentes, permanecem no ambiente durante centenas de anos, atingindo a vegetação, as correntes de água e os animais.
Os metais pesados interferem no aproveitamento de nutrientes em seres vivos e pode tornar impossíveis as reações químicas normais, até a ponto de causar transtornos graves. Tal como acontece no meio ambiente, os metais tendem a acumular-se no organismo. O chumbo, o cádmio e o cromo são metais que não existem naturalmente em nenhum organismo vivo, tampouco desempenham funções - nutricionais ou bioquímicas - em microorganismos, plantas ou animais, ou seja, a presença destes metais em organismos vivos é prejudicial em qualquer concentração.

A sardinha é um pescado de pequeno porte, cujo tamanho máximo nas capturas é, atualmente, de 25 cm. Até a década de 80 eram comumente capturados exemplares maiores (27 cm). Este peixe vive cerca de 3,5 anos e realiza a primeira reprodução com aproximadamente um ano e meio de vida e comprimento entre 16 e 17 cm, quando 50% da população começa a produzir descendentes.
Diante do desastre ecológico que ocorreu em julho de 2007 no rio Potengi um dos rios que abrangem este estuário, esta pesquisa pretende analisar e comparar a existência de metais na sardinha inteira, já que esse animal é uma dos mais expostos ao ambiente, e assim verificar se os níveis de metais detectados podem estar elevados e causar algum dano à saúde da população que a consome.


MATERIAL E MÉTODOS:
Os materiais utilizados neste projeto foram: água destilada, soluções preparadas a partir dos reagentes, vidrarias e equipamentos, matérias de uso rotineiro em laboratório.
Os reagentes utilizados nesta pesquisa encontram-se abaixo relacionados. Todos eles foram do tipo grau analítico.
Ácido clorídrico – Reagente, Padrões - J. T. Baker: Padrão de chumbo (Pb), Padrão de níquel (Ni), Padrão de cromo (Cr), Padrão de cobre (Cu), Padrão de bário (Ba), Padrão de estanho (Sn), Padrão de zinco (Zn), Padrão de cádmio (Cd).
As vidrarias utilizadas foram às comuns de um laboratório de química analítica tais como: buretas, béqueres, cônicos, pipetas graduadas e volumétricas, baguetas, balões volumétricos, provetas, cápsula de porcelana, cadinho de porcelana, dessecadores etc.
Os equipamentos utilizados nesta pesquisa encontram-se listados abaixo.
Espectrofotômetro de absorção atômica - Varian, SpectrAA 110
Balança analítica – Tecnal, Forno tipo mufla - EDG 3 PS, Estufa de secagem - Quimis (Ventilada).
Os métodos utilizados neste projeto foram feitos de acordo com o procedimento descrito pelo Ministério da Saúde/Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
A coleta das amostras foi realizada no rio Jundiaí na localidade de Ferreiro Torto, em outubro de 2007.
As amostras de sardinha foram recolhidas com o pescador, sendo devidamente acondicionadas em saco plástico, isopor e gelo para o transporte até o laboratório, onde foram previamente limpas com água corrente para retirada de resíduos não desejáveis (areia, restos de folhas, etc.) e preparadas para as análises, sendo considerada somente a escama “in natura”.30 g destinados à determinação de umidade, distribuídos em porções de 10 g cada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Para a determinação de umidade seguiu-se o procedimento descrito pelo Ministério da Saúde/Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que é um método gravimétrico de obtenção de peso constante após aquecimento a 105ºC. Pesou-se cerca de 10g de cada amostra em cápsula de porcelana, previamente limpas e taradas, que foram levadas à estufa na temperatura de 105°C, mantidas por cerca de 30 horas e posteriormente transferida para dessecador até alcançar a temperatura ambiente e pesada. As operações aquecimento/resfriamento foram repetidas até que se obtivesse peso constante.Na determinação de umidade os percentuais foram calculados obtendo-se a média das triplicatas.As medidas de umidade no intestino, guelras e escamas da sardinha tiveram os seguintes resultados: 70,89 %; 73,98 % e 37,34 % respectivamente.
Para a determinação dos metais as amostras foram desidratadas e pesadas em triplicata.
Após obtenção das cinzas, em mufla à 550oC, as amostras foram dissolvidas em ácido clorídrico à 10%, filtradas para balões volumétricos de 100 mL e o volume completado para 100 mL com água destilada e as soluções submetidas a leitura. Os resultados foram obtidos a partir das médias das absorbâncias lida no Espectrofotômetro de Absorção Atômica, obtendo-se os seguintes resultados a partir da construção de uma curva de calibração com dados de padrões previamente preparados.
O metal zinco apresentou os maiores valores para todas as partes analisadas com 67,96 (+/-0,08), 282,08 (+/-0,00), 671,76 (+/-0,52) mg/100g para intestino, guelra e escama, respectivamente, já o metal cobre possuiu teor de 0,17 (+/-0,00) no intestino e para as demais partes não houve detecção. A escama foi a parte da sardinha que apresentou os maiores teores para todos os metais. Como mostrado na Figura 2:






CONCLUSÕES: Neste trabalho pode-se observar que o intestino, guelras e escamas da sardinha são partes que pode ser usado para medir o nível de contaminação de um ambiente. Os resultados indicam níveis de contaminação diferentes para cada parte analisada de acordo a exposição e grau de acondicionamento; o ambiente em questão apresentou nível de contaminação, sendo a escama a parte mais retentora de metal de acordo com o estudo realizado neste trabalho.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao CNPq, CAPES e ao FINEP/UFRN pelo apoio e suporte financeiro prestados para a realização deste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: Métodos Químicos e Físicos para Análise de Alimentos. 3 ed., São Paulo: O Instituto, 1985.

VARIAN AUSTRIA PTY LTDA. Flame Atomic Absorption Spectrometry – Analytical Methods. Austrália, 1989.

SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOPPER, F. J. Fundaments of Analytical Chemistry. 6ª ed., Orlando: Sanders College Publishing. 1992

SKOOG, D. A.; LARY, J. J. Principles of Instrumental Analysis. 4ª ed., http://www.sbqclaq.sbq.org.br/ Orlando: Sanders College Publishing, 1992.

VOGEL, A. Analise Química Quantitativa. 5ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, S.A., 1992.

Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, Projeto Integrado de Composição de Alimentos: http: //www.fcf.usp.br/tabela/Danecoce/index.htm; (19/02/00).
FRANCO, G. Tabela de Composição Química de Alimentos; 9a. ed., São Paulo: Atheneu, 1992. (p 232; 241-2; 261,).
Portaria nº 685, de 27 de agosto de 1998 D.O.U. - Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 28 de agosto de 1998. Aprova o Regulamento Técnico: "Princípios Gerais para o Estabelecimento de Níveis Máximos de Contaminantes Químicos em Alimentos" e seu Anexo: "Limites máximos de tolerância para contaminantes inorgânicos".
Mapeamento Geoambiental dos Estuários dos rios Potengi e Ceará-Mirim. Disponível em: www.idema.rn.gov.br. Acesso em: 16 de dezembro de 2007.
Carapeba (Diapterus rhombeus).Disponível em: <http://www.antares.com.br/~cbpds/carapeba.htm>. Acesso em: 15 de dezembro de 2007.
Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “Métodos Físico-Químicos para Análise de Alimentos” / Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. – Brasília: Ministério da saúde, 2005.