ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: CASTANHA-DO-PARÁ: ALIMENTO OU MEDICAMENTO?
AUTORES: VERAS FILHO, J. (UFPE) ; AMARAL, A. (UFPE) ; AMORIM, E.L.C. (UFPE)
RESUMO: Os fatores endógenos e exógenos como: inflamação tecidual, alguns componentes químicos e radiação ionizante são descritos como os principais responsáveis pela geração de radicais livres. Estas espécies em interação com biomoléculas celulares (lipídios, proteínas e DNA) geralmente provocam injúrias à célula. A Castanha-do-Pará (Bertholletia excelsa H.B.K.) é uma das espécies que se destaca pelo teor vitamínico e do mineral selênio mencionados na literatura como antioxidantes. O objetivo desta revisão é propor a inclusão da Castanha-do-Pará na alimentação como forma de terapia antioxidante. Há dados epidemiológicos indicando uma relação inversa entre o consumo de vegetais e radicais livres, mas para o uso farmacológico são necessários mais estudos capazes de comprovar seus benefícios.
PALAVRAS CHAVES: castanha-do-pará, radicais livres e terapia antioxidante.
INTRODUÇÃO: A amêndoa de Castanha-do-Pará (Bertholletia excelsa H.B.K.) Lecythidaceae é uma espécie reconhecida pelos seus elevados teores de selênio (ESCRICHE, 2000) e a presença das vitaminas A, C e E sendo relatados na literatura por seus potenciais antioxidantes, contra doenças relacionadas aos radicais livres: artrite, catarata, inflamações crônicas e cardiopatias. A formação dos radicais livres in vivo ocorre via ação catalítica de enzimas durante o metabolismo celular ou por exposição à radiação, tendo como principais locais de formação: membrana plasmática, citoplasma e mitocôndrias. Os profissionais de saúde que realizam tratamentos envolvendo radiação têm um aumento na geração dos radicais livres por este fator ocupacional.
Os estudos sobre os antioxidantes ressaltam principalmente o uso de nutrientes isolados na prevenção e tratamento de doenças, em contra partida nos alimentos existe uma grande variedade de substâncias que podem atuar com sinergismo na proteção das células e tecidos (NIKI et al., 1995). O objetivo deste estudo de revisão é propor a inclusão da Castanha-do-Pará na alimentação como forma de terapia antioxidante.
MATERIAL E MÉTODOS: No levantamento bibliográfico foi utilizada a ferramenta SciFinder Scholar que reúne informações contidas nos bancos de dados produzidos pelo Chemical Abstracts Services (CAS) e pelo banco de dados MEDLINE® da biblioteca Nacional de Medicina.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As defesas antioxidantes do organismo podem ser restabelecidas com dietas apropriadas e suplementos vitamínicos (Anderson, 1996). As vitaminas C, E e o beta-caroteno são consideradas excelentes antioxidantes, capazes de seqüestrar os radicais livres com grande eficiência.
Os benefícios obtidos na utilização terapêutica da vitamina C em ensaios biológicos com animais incluem o efeito protetor contra os danos causados pela exposição às radiações e medicamentos (Amara-Mokrane et al., 1996). A vitamina E encontra-se em grande quantidade nos lipídeos, e evidências recentes sugerem que essa vitamina impede ou minimiza os danos provocados pelos radicais livres associados com doenças específicas, incluindo o câncer, artrite, catarata e o envelhecimento (Morrissey et al.,1994). A vitamina A é um fator importante no crescimento e na diferenciação celular e o beta-caroteno o mais importante precursor da vitamina A está amplamente distribuído nos alimentos e possui ação antioxidante.
O selênio é freqüentemente mencionado na literatura como um mineral “antioxidante” envolvido nos mecanismos celulares de defesa contra os radicais livres (Alfieri et al., 1998). Dados epidemiológicos também mostraram que o selênio pode interagir com as vitaminas A e E na prevenção do estresse oxidativo.
Portanto a introdução da Castanha-do-Pará rica nestas vitaminas e oligoelementos através da dieta pode representar uma nova abordagem na proteção dos componentes celulares contra a ação lesiva dos radicais livres.
CONCLUSÕES: A inclusão da Castanha-do-Pará na terapêutica antioxidante é sugerida a partir da análise de sua composição química. Estes são mencionados na literatura por seus potenciais antioxidantes e que provavelmente atuam em sinergismo.
A revisão bibliográfica mostrou que a maioria dos estudos baseia-se principalmente em dados epidemiológicos e resultados não conclusivos. O uso racional de tais antioxidantes dependerá do desenvolvimento de estudos protocolados especificando dosagens e metodologia, que avaliem os danos causados in vivo às principais biomoléculas celulares (lipídios, proteínas e DNA).
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALFIERI, M.A., LEUNG, F.Y., GRACE, D.M. Selenium and zinc levels in surgical patients receiving total parenteral nutrition. Biological Trace Element Research, London, v.61, n.1, p.33-39, 1998.
AMARA-MOKRANE, Y.A., LEHUCHER-MICHEL, M.P., BALANSARD, G., DUMÉNIL, G., BOTTA, A. Protective effects of alpha-hederin, chlorophyllin and ascorbic acid towards the induction of micronuclei by doxorubicin in cultured human lymphocytes. Mutagenesis, Oxford, v.11, n.2, p.161-167, 1996.
ANDERSON, D. Antioxidant defences against reactive oxygen species causing genetic and other damage. Mutation Research, Amsterdam, v.350, n.1, p.103-108, 1996.
ESCRICHE, I., J. RESTREPO, et al., 2000, Composition and nutritive value of Amazonian palm fruits, Food and Nutrition Bulletin 21(3), pp 361-365.
MORRISSEY, P.A., SHEEHY, P.J.A., GAYNOR, P. Vitamin E. American Journal of Clinical Nutrition, Bethesda, v.62, p.260-264, 1994.
NIKI, E., NOGUSHI, N., TSUCHIHASHI, H., GOTOH, N. Interaction among vitamin C, vitamin E, and beta-carotene. American Journal of Clinical Nutrition, Bethesda, v.62, n.6, p.1322-1326, 1995.