ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: BIOPROSPECÇÃO DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DAS FOLHAS DE PECTIS APODOCEPHALA E PECTIS OLIGOCEPHALA

AUTORES: OLIVEIRA, MSC (UECE) ; SILVA, A.K.O. (UECE) ; JÚNIOR, P.M.N (UECE) ; QUEIROZ, V.A (UECE) ; COSTA, S.M.O (UECE) ; MORAIS, S.M (UECE) ; MENEZES, J.E.S.A (UECE)

RESUMO: Plantas têm sido avaliadas como fonte de produtos naturais para conservar a saúde humana, sendo consideradas a melhor fonte para obtenção de drogas. Pectis apococephala e Pectis oligocephala são espécies pertencentes à família Asteracea, ricas em glândulas oleíferas que produzem óleos essenciais os quais foram testados quanto á suas atividades larvicida, anticolinesterásica, antimicrobiana e toxicidade frente a Artemia salina.
As duas espécies exibiram toxicidade com LC50 de 22,88 ppm (P. apodocephala) e 25,77 ppm (P. oligocephala). Pectis oligocephala apresentou maior potencial larvicida enquanto P. apodocephala teve melhor atividade anticolinesterásica e antimicrobiana.


PALAVRAS CHAVES: óleo essencial; pectis apodocephala; pectis oligocephala

INTRODUÇÃO: Durante um longo período de tempo, plantas têm sido avaliadas como fonte de produtos naturais para conservar a saúde humana com estudos intensivos para terapia natural. De acordo com Organização Mundial de Saúde, plantas medicinais deveriam ser a melhor fonte de obter-se uma variedade de drogas(1). No passado, a fitoterapia era mais adotada pela população carente da área rural ou urbana, devido à fácil disponibilidade e menores custos. Atualmente, o uso de plantas como uma fonte de medicamentos é predominante em países em desenvolvimento como uma solução alternativa para problemas de saúde e está bem estabelecido em algumas culturas e tradições, especialmente na Ásia, América Latina e África (2). Por causa do aumento no interesse por produtos naturais, o uso de plantas medicinais tornou-se mais ou menos geral. Estas plantas podem ser avaliadas quanto ao seu potencial biológico diante de enfermidades como a dengue que põe em risco aproximadamente 1,3 bilhão de pessoas (3) ou o Mal de Alzheimer, doença de grande impacto sócio-econômico, responsável por cerca de 50-60% do número total de casos de demência dentre pessoas acima dos 65 anos (4).
A família Asteracea, compreende cerca de 25.000 espécies amplamente distribuídas em todas as regiões tropicais, subtropicais e temperadas (5). Várias plantas desta família são ricas em glândulas oleíferas, produzindo óleos essenciais de significante importância. Dentre elas podemos destacar Pectis apodocephala e Pectis oligocephala, conhecidas popularmente como chá de moça e limãozinho, respectivamente.
O objetivo deste trabalho é avaliar os óleos essenciais das folhas de Pectis apodocephala e Pectis oligocephala e avaliá-los quanto suas atividades antimicrobiana, anticolinesterásica, larvicida e toxicidade frente a Artemia salina.

MATERIAL E MÉTODOS: Extração do Óleo Essencial
A extração do óleo essencial das folhas das plantas foi feita através do método de destilação por arraste com vapor d’água em aparelho tipo Claevenger (6).

Citotoxicidade frente às larvas de Aedes aegypti
Nos bioensaios, os ovos são eclodidos em água isenta de cloro, sendo utilizadas as larvas de 3º estágio. As amostras são inicialmente dissolvidas em metanol e posteriormente diluídas em água, para a preparação das soluções nas concentrações de 500, 250, 100, 50 e 25 ppm. As frações são deixadas em repouso por um período de 24 horas para evaporação do solvente. Em seguida são feitas triplicatas com essas soluções e colocadas 10 larvas em cada frasco.
Após 24 horas é feita a contagem das larvas vivas. No caso de morte total, o procedimento é repetido em concentrações mais baixas (10 ppm).
Os resultados obtidos são aplicados ao programa Probitos (7) para o cálculo da concentração capaz de matar 50% das larvas (DL50).

Citotoxicidade frente à Artemia salina (TAS)
Este teste foi realizado de acordo com a metodologia proposta por McLaughlin (8).
Teste qualitativo de inibição a acetilcolinesterase
As amostras (1,5 - 2,5 µL) foram aplicadas em CCD, DC-Alufolien, Silicagel 60 F254, 0,2 mm Merck. Borrifou-se a placa com as soluções: 1 mM de ácido 5,5'-ditiobis-[2-nitrobenzóico] (DTNB ou reagente de Ellman) e 1 mM de iodeto de acetiltiocolina (ACTI), deixando por 3 min. Após secar, borrifou-se a enzima 3 U/mL e, em 10 min, apareceu a coloração amarela. Onde houve inibição da enzima, observou-se um halo branco. Em cerca de 20 a 30 min, a coloração desapareceu. Utilizou-se como controle o carbachol (9,10).
Avaliação da atividade antibacteriana
A atividade antimicrobiana foi verificada "in vitro", pelo método de difusão em disco de papel (11).


RESULTADOS E DISCUSSÃO: No teste de toxicidade frente a Artemia salina, Pectis apodocephala e Pectis oligocephala apresentaram LC50 de 22,88 e 25,77 ppm, respectivamente.
Analisando os resultados do teste larvicida (Tabela 1), observa-se que o óleo essencial da espécie P. oligocephala apresentou um maior índice de mortalidade das larvas em relação à espécie P. apodocephala. Esta diferença de atividade pode ser justificada pela diferente composição química dos óleos de cada espécie.
Os halos de inibição apresentados no teste de inibição a acetilcolinesterase foram de 1,0 cm para Pectis apodocephala e 0,8 cm para Pectis oligocephala e 1,1 cm para o carbachol (padrão). O resultado é positivo uma vez que os valores encontrados são bastante próximos ao do padrão utilizado.
Como se pode observar na Tabela 2, o óleo essencial da planta P. apodocephala apresentou maior atividade antimicrobiana uma vez que o mesmo conseguiu matar um maior nº de bactérias numa menor concentração. Enquanto o óleo da P. apodocephala matou os quatro tipos de bactérias numa concentração de 50 mg/mL, o óleo da P. oligocephala, nesta mesma concentração, só matou os microorganismos Shigella flexime e Escherichia coli.






CONCLUSÕES: Diante dos resultados apresentados na análise dos óleos essenciais, as duas espécies em estudo demonstraram um bom potencial biológico. A espécie Pectis apodocephala apresentou maior toxicidade, melhor atividade anticolinesterásica e antimicrobiana, em relação à Pectis oligocephala, enquanto esta, por sua vez, demonstrou melhor potencial larvicida frente às larvas do Aedes aegypti.

AGRADECIMENTOS: Ao CNPQ e à FUNCAP pelo apoio financeiro, e à UECE e ao laboratório de Química de Produtos Naturais pelo espaço concedido para a realização do trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. PRASHAR, A.; HILI, P.; VENESS, R. G.; EVANS, C. S. 2003. Antimicrobial action of palmarosa oil (Cymbopogon martinii) on Saccharomyces cerevisiae. Phytochemistry. v.63, p. 569–575.
2. SHALE T.L., STIRK W.A., VAN STADEN J. 1999. Screening of medicinal plants used in Lesotho for anti-bacterial and anti-inflammatory activity, J. of Ethnopharmacol. v. 67; p. 347-354.
3. WORLD HEALTH ORGANIZATION. 2004. Dengue bulletin: Situation of dengue/dengue haemorrhagic fever in SEA countries.
4. FRANCIS, P. T.; PALMER, A. M.; SNAPE, M.; WILCOCK, G. K.; J. 1999. Neurol. Neurosurg. Psychiatry , v. 66, p. 137.
5. BARROSO, G.M. 1986. Sistemática das Angiospermas do Brasil. Viçosa, Imprensa da Universidade Federal de Viçosa; v. 3.
6.CRAVEIRO, A. A., MATOS, F. J. A., ALENCAR, J. W. 1976. A simple and inexpensive steam gerator for essential oils extraction. J. Chem. v. 47; p. 890-892.
7. FINNEY, D.J. 1971. Probit analysis. Cambridge, England: Cambridge University Press, 31p.
8. MCLAUGHLIN, J. L.; CHANG, C-J.; SMITH, D. L.; 1991. In Studies in Natural Products Chemistry, Ed. Atta-ur- Rahman, Elsevier Science Publishers B. v. Amsterdam; v. 9; p. 383-409.
9. ELLMAN, G. L.; 1961. Biochem. Pharmacol. v. 7, p. 88.
10. RHEE, I. K.; MEENT, M. V.; INGKANINAN, K.; VERPOORTE, R.; 2001. J. Chromatogr., A ,v. 915, p. 217.
11. BAUER, A.W.,KIRBY, W.M.M.,SHERRIS, J.C. et al. 1966. Antibiotics susceptibility testing by a standardized single disk method. Am J. Pathol., v. 19, p. 493-496