ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ESTUDO DO METABOLISMO SECUNDÁRIO DO FUNGO LASIODIPLODIA THEOBROMAE

AUTORES: NUNES, F. M. (UFC) ; BARROS-FILHO, B. A. (UFC) ; DE OLIVEIRA M. C. F. (UFC) ; ANDRADE-NETO, M. (UFC) ; ARRIAGA, A. M. C. (UFC) ; DE LEMOS, T. L. G., (UFC) ; DE MATTOS, M. C. (UFC) ; MAFEZOLI, J (UNIFOR) ; VIANA, F. M. P. (EMBRAPA) ; RODRIGUES-FILHO, E. (UFSCAR)

RESUMO: O estudo do metabolismo secundário do fungo Lasiodiplodia theobromae em arroz mostrou a completa degradação do substrato quando utilizado como fonte de nutrientes desse fungo. A análise dos produtos da degradação por técnicas cromatográficas (CCDA e CLAE) e RMN mostraram a presença dos açucares glicose e celobiose como majoritários. O fungo foi submetido a crescimento em dois meios de cultura diferente, onde o primeiro utilizava a mistura de açúcares obtida de degradação do arroz e o segundo apenas a glicose. A análise desses extratos apresentou diferenças significativas no perfil de crescimento e produção de metabólitos secundários.

PALAVRAS CHAVES: fungo, lasiodiplodia theobromae, celobiose

INTRODUÇÃO: Lasiodiplodia theobromae (syn. Botryodiplodia theobromae) é um fungo capaz de infectar uma imensa variedade de frutíferas das regiões tropicais. Devido a isso, o número de trabalhos publicados a seu respeito vem aumentado significativamente. O estudo do metabolismo secundário desse fungo relata principalmente a presença de metabólitos secundários com ácido jasmônico (MIERSCH et al, 1991) e macrolactonas (YANG, 2000). O objetivo desse trabalho é avaliar a produção de metabólitos utilizando arroz comercial como meio de cultura.

MATERIAL E MÉTODOS: L. theobromae foi isolada no Laboratório de Fitopatologia da EMBRAPA – Agroindústria Tropical a partir de frutos de goiaba infectados. O fungo foi inicialmente repicado em placas de Petri utilizando BDA (Batata-Dextrose-Agar) como meio de cultura. Depois de sete dias de crescimento em temperatura ambiente, o fungo foi novamente repicado utilizando o arroz comercial Uncle beans®. Para a inoculação do fungo, 100 g de arroz e 84 mL de água destilada foram adicionados a 27 erlenmeyers cada, sendo três utilizados como branco. Após a completa absorção de água pelo arroz, o material foi esterilizado em autoclave vertical duas vezes por 40 minutos. Extrações periódicas, a cada quatro dias, forma realizadas adicionando-se 200 mL da mistura binária metanol/diclorometano 7:3, seguido por trituração e filtração. Ao final de 32 dias de crescimento fúngico foram realizadas 9 extrações, nos dias 0, 4, 8, 12, 16, 20, 24, 28, 32. Cada extração era realizada em três erlenmeyers. Os extratos obtidos nos dias 4 e 8 foram reunidos e denominados LGM (38,1g). Este material foi solubilizado na mistura metanol/água 10% e submetido à partição líquido-líquido com acetato de etila. A fração aquosa foi liofilizada, obtendo-se 5,6 g de material. Este extrato foi analisado por CCDA, RMN (1H e 13C) e CLAE.
Cepas de L. theobromae foram inoculadas em 4 erlemmeyers de 250 mL contendo 62,5 mL de meio de cultura líquido Czapeck, utilizando LGM como fonte de açúcar. Após 7 e 14 dias de crescimento sob agitação a 150 rpm, tanto o meio de cultura como o micélio foram extraídos com solventes orgânicos acetato de etila e etanol, obtendo-se seus respectivos extratos. O mesmo procedimento foi realizado empregando-se glicose como fonte de açúcar.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A análise por CCDA da fração aquosa proveniente da partição líqido-líquido de LGM, mostrou tratar-se de uma mistura de açucares. Através da comparação com padrões pôde-se identificar a presença da glicose como um dos componentes da mistura. Os espectros de RMN 1H e 13C também confirmaram a presença desse açúcar. A análise de LGM por CLAE revelou a presença de quatro compostos, dos quais os picos majoritários foram identificados como sendo a glicose e a celobiose (proporção de 3:1). O cromatograma apresentado na Figura 1 confirma a presença desses dois açucares pela coincidência de seus tempos de retenção com os das amostras padrões.
Através do estudo comparativo, variando-se o açúcar empregado no meio de cultivo (LGM e glicose), foi possível observar diferenças significativas tanto no que se refere a massa micelial formada como a composição de metabólitos secundários produzidos pelo fungo. A massa micelial formada quando utilizou-se LGM como fonte de açúcar foi maior que aquela obtida ao utilizar-se glicose, principalmente no décimo quarto dia de crescimento. As massas (mg) dos extratos obtidos estão descritos na Tabela 1.
Diferenças também foram observadas quanto à produção de metabólitos secundários nos extratos acetato de etila e etanólico. A análise por CCDA desses extratos mostrou que, a quantidade de metabólitos secundários é maior quando LGM é utilizado como fonte de açúcar no meio de cultura.






CONCLUSÕES: O crescimento de L. theobromae em arroz mostrou a potencialidade desse fungo na degradação de substratos mais complexos levando a formação tanto de mono- como polissacarídeos. Observou-se que o crescimento do fungo na mistura de açúcares produzida por ele, implica em diferenças significativas tanto no que se refere a massa micelial formada como a composição de metabólitos secundários.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: MIERSCH, O.; SCHNEIDER, G.; SEMBDNER, G. 1991. Hydroxylated jasmonic acid and related compounds from Botryodiplodia theobromae. Phytochemistry, 30: 4049.
YANG, Q.; ASAI, M.; MATSUURA, H.; YOSHIHARA, T.; 2000. Potato micro-tuber inducing hydroxylasiodiplodins from Lasiodiplodia theobromae. 54: 489.