ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: Atividade antibacteriana e antioxidante de espécies de Solanaceae
AUTORES: NOGUEIRA, M. S. (UFJF) ; FABRI, R. L. (UFJF) ; SCIO, E. (UFJF) ; DUTRA, L. B. (UFJF)
RESUMO: A freqüência de doenças infecciosas causadas por diferentes microorganismos resistentes às drogas convencionais e a ocorrência de doenças crônico-degenerativas associadas ao envelhecimento tornam necessária a busca por novas substâncias antimicrobianas e antioxidantes. Os objetivos desse trabalho foram avaliar o potencial antioxidante sobre o radical DPPH e avaliar a atividade antibacteriana, in vitro, utilizando os métodos de diluição em ágar e diluição em caldo, de espécies de Solanaceae: S. cernuum, S. americanum e S. palinacanthum, e realizar um estudo fitoquímico comparativo dos extratos. Todos os extratos apresentaram atividade antioxidante e atividade antibacteriana para pelo menos quatro bactérias.
PALAVRAS CHAVES: atividade antibacteriana, atividade antioxidante, análise fitoquímica
INTRODUÇÃO: Nos últimos anos, a freqüência da resistência de muitos microorganismos tanto contra os já bem estabelecidos antibióticos de uso convencional, quanto contra os antibióticos de última geração, têm causado graves problemas de saúde pública e prejuízos econômicos (AUSTIN et al., 1999; PRATES & BLOCH-JÚNIOR, 2001; JONES, 2001). A ocorrência de efeitos colaterais indesejáveis de certos antibióticos tem gerado grande interesse na pesquisa por novas drogas antimicrobianas (AHMAD, 2001).
Doenças degenerativas associadas ao envelhecimento, como câncer, doenças cardiovasculares, catarata, declínio do sistema imune e disfunções cerebrais têm sido associadas à ação de radicais livres e outros oxidantes (ATOUI et al., 2005). A produção de radicais livres é controlada nos seres vivos por diversos compostos antioxidantes, os quais podem ter origem endógena ou serem provenientes da dieta alimentar (HASLAM, 1996). Em função dos possíveis problemas provocados pelo consumo de antioxidantes sintéticos, pesquisas vêm sendo realizadas no sentido de se encontrar novos produtos naturais com atividade antioxidante, os quais permitirão substituir os sintéticos ou fazer associação entre eles (SILVA et al., 2007).
Dessa forma, diversos vegetais têm sido utilizados na prevenção, controle e tratamento de doenças infecciosas e crônico-degenerativas. Sabe-se que espécies da família Solanaceae são utilizadas no tratamento de úlceras, ferimentos e infecções (FENNER, 2006).
Assim, os objetivos desse estudo foram avaliar a atividade antibacteriana e antioxidante, in vitro, dos extratos metanólicos de três espécies da família Solanaceae: Solanum cernuum Vell., Solanum americanum Mill. e Solanum palinacanthum Dun. e realizar um estudo comparativo dos extratos pela análise fitoquímica.
MATERIAL E MÉTODOS: Foram utilizados extratos metanólicos de S. cernuum e S. americanum e S. palinacanthum. A atividade antimicrobiana foi avaliada para: S. aureus, P. aeruginosa, S. tythimurium, S. sonnei, K. pneumonia, E. coli e B. cereus. Foi realizado o teste de diluição em ágar de acordo com procedimentos descritos na literatura (PEREZ et al., 1990; AHMAD et al., 1998). Cem mcl de cada inóculo diluído em salina foi semeado em placas de Petri contendo ágar Mueller-Hinton. Orifícios de 6 mm de diâmetro foram feitos no ágar e preenchidos com 50 mcL de cada extrato para uma concentração final de 100 mg/ml e incubou-se a 37°C por 24 h. A atividade antibacteriana foi estimada pela medida do diâmetro da zona de inibição. Para os extratos ativos foi feito o ensaio de susceptibilidade em microdiluição em caldo usando o método descrito pela NCCLS (2002). Soluções estoque de extratos foram diluídas de 5,0 a 0,003 mg/ml e 80 mcl dessas foram transferidos para as microplacas, que já continham 100 mcl caldo Mueller-Hinton. Vinte mcl de inóculo diluído em salina (de acordo com a escala de McFarland) foi adicionado em cada poço e incubou-se a 37°C por 24h. A CIM foi calculada como a menor diluição que apresenta completa inibição da cepa testada. Cloranfenicol foi usado como controle positivo. Os testes foram realizados em duplicatas. A atividade antioxidante dos extratos e do composto de referência (rutina) foi determinada pelo método de Brand-Williams (GOVINDARAJAN et al., 2003) que tem por base a redução do radical 2,2’-difenil-1-picrihidrazilo (DPPH.), monitorando-se o consumo deste através da medida do decréscimo da absorbância de soluções de diferentes concentrações à 517 nm. A atividade antioxidante foi determinada pelo cálculo do IC50. O teste foi realizado em triplicata.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados da atividade antibacteriana e antioxidante e da análise fitoquímica estão expressos na Tabela 1. Todos os extratos foram ativos para as cepas de P. aeruginosa e B. cereus. Nenhum extrato testado foi ativo sobre as cepas de E. coli e K. pneomonia e apenas o extrato de S. palinacanthum demonstrou atividade sobre S. aureus. A menor CIM (1,25 mg/ml) observada foi para o extrato de S. americanum sobre B. cereus. Segundo ALIGIANNIS e col. (2001) extratos com CIM menores que 1,5 mg/ml são considerados promissores. A inibição do crescimento dos microorganismos testados pode estar relacionada com os constituintes presentes em cada extrato. Nesse estudo verificou-se a presença de alcalóides em todos os extratos. De acordo com PHILLIPSON, O’NEILL (1989) a atividade antimicrobiana de alcalóides, pode estar relacionada à capacidade que possuem de interagir com o DNA.
Todos os extratos testados apresentaram atividade antioxidante. S. americanum foi o mais ativo (IC50 = 24 µg/ml). A atividade antioxidante de extratos vegetais pode não estar relacionada a uma única classe de fitocompostos. Sabe-se que flavonóides e seus derivados glicosídicos são bons antioxidantes e a presença desses compostos certamente contribui para essa atividade (DEMIREZER et al., 2001). Inúmeros trabalhos também associam essa atividade à presença de cumarinas e antraquinonas. Ensaios de atividade antioxidante in vitro podem não refletir o comportamento in vivo, mas podem servir como indicador preliminar de potencial antioxidante (AHMAD, 2005).
CONCLUSÕES: Todas as plantas apresentaram atividade antimicrobiana e antioxidante, o que confirma seu uso popular e justifica a abordagem etnofamacológica na busca de novos compostos bioativos. Os resultados desse trabalho são promissores, portanto maiores estudos devem ser feitos para determinação de substâncias que possam ser utilizadas no tratamento e prevenção de doenças infecciosas e crônico-degenerativas.
AGRADECIMENTOS: Os autores são gratos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e à Universidade Federal de Juiz de Fora(UFJF)/por suporte financeiro.
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