ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: O Ensino de Química para alunos com baixa visão: buscando maneiras que facilitem o aprendizado.

AUTORES: SILVA, N.I. (UNILAVRAS) ; AMARAL, L.C.S. (UNILAVRAS)

RESUMO: Apesar do avanço educacional oferecido aos alunos que apresentam deficiência visual, nota-se que os recursos educacionais ainda não são favoráveis para promover o processo ensino-aprendizagem e que a real inclusão desses alunos nos diversos níveis de ensino ainda se apresenta muito abstrata. Tendo em vista esses problemas, o objetivo deste trabalho foi buscar recursos didáticos que possam facilitar o aprendizado dos alunos com baixa visão e identificar fatores que favoreçam a real inclusão dos mesmos. Através de trabalho voluntário, foram avaliados dois alunos de ensino médio que apresentam baixa visão e dificuldades em Química. Concluiu-se que com simples adaptações durante a explicação das matérias é possível desenvolver o aprendizado e que a inclusão depende de vários fatores.



PALAVRAS CHAVES: ensino, baixa visão

INTRODUÇÃO: Defini-se pessoa com baixa visão, aquela que possui um comprometimento em seu funcionamento visual, mesmo após tratamento e/ou correção de erros refracionais com lentes comuns e tem uma acuidade visual inferior a 10 graus do seu ponto de fixação, mas que utiliza ou é potencialmente capaz de utilizar a visão para o planejamento e execução de uma tarefa, não é cego(CASTRO e MAGDALENO, 1994).A história da deficiência visual na humanidade é comum a qualquer tipo de deficiência. Os conceitos foram evoluindo conforme as crenças, valores culturais, concepção de homem e transformações sociais que ocorreram nos diferentes momentos históricos (BRASIL, 2001).
Mesmo com o grande avanço educacional oferecido aos deficientes visuais, os serviços educacionais ainda se encontram distantes de promover a real inclusão, com qualidade e equidade, do aluno com baixa visão nos diversos níveis de ensino. Os recursos utilizados no processo ensino-aprendizagem ainda não são suficientes para desenvolver o aprendizado dos alunos que apresentam baixa visão e a real inclusão desses alunos ainda não se tornou realidade. Portanto, o objetivo deste trabalho foi buscar metodologias e recursos didáticos que possam facilitar o processo ensino-aprendizagem no ensino específico de Química dos alunos portadores de baixa visão e identificar fatores que favoreçam a real inclusão. O estudo justifica-se ao demonstrar que os portadores de deficiência visual necessitam de recursos didáticos diferenciados para o desenvolvimento do aprendizado e que a real inclusão desses alunos ainda não se concretizou.



MATERIAL E MÉTODOS: No CENAV- Centro de Apoio as Necessidades Auditivas e Visuais, um órgão da prefeitura de Lavras-MG, forão avaliados, através de trabalho voluntário, dois alunos do ensino médio que apresentam baixa visão e dificuldades em aprender Química.
As matérias forão explicadas a esses alunos seguindo o planejamento dos professores de química de cada um. Através das dificuldades que eles relatavam apresentar, vários recursos didáticos e metodologias foram sendo testados até que todas as dúvidas fossem esclarecidas. Para comprovar o aprendizado sobre determinada matéria, após o uso dos recursos didáticos e metodologias utilizados era feito uma arguição oral. Todo esse processo foi se repetindo até que o aluno não apresentasse mais nenhuma dúvida.
Através de observação participante, foram sendo identificados quais os principais fatores para que a real inclusão dos alunos portadores de baixa visão se torne realidade nos diversos níveis de ensino.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dentre os vários recursos utilizados, o uso de cores fortes, lupa, ampliação de letras e a iluminação do ambiente se mostraram indispensáveis. Os conteúdos Tabela Periódica dos Elementos e Funções Inorgânicas foram os que os alunos apresentaram maiores dificuldades.
No caso da Tabela Periódica, foi necessário montá-la em uma cartolina, usar papel aveludado para fazer os símbolos dos elementos, pois através do tato os alunos encontraram facilidade para identificá-los. O número atômico e massa molar de todos os elementos foram escritos de preto e com letras muito grandes. Usando a tabela normal, nem mesmo com o auxílio de lupas os alunos conseguiram desenvolver as atividades. Com o uso da tabela adaptada os alunos obtiveram êxito durante a arguição oral.
Em Funções Inorgânicas foi utilizado um jogo didático de modo que os alunos relacionassem fórmulas e nomenclaturas. As fórmulas foram escritas em isopor, com letras grandes e cor preta; as nomenclaturas foram feitas em papel A4 com utilização de lápis preto 6B. Os alunos deveriam colocar o papel A4, com as nomenclaturas sobre o isopor onde estavam as fórmulas, relacionando cada fórmula à sua nomenclatura específica.
Fatores que favorecem a inclusão: Ser bom aluno (esforçado e participativo); encontrar professores abertos e dispostos a auxiliá-los, realizando modificações para minimizar as dificuldades; Ter bom relacionamento com professores, colegas e funcionários dos estabelecimentos de ensino; Independência e autonomia para locomover-se na escola; Conscientizar colegas, professores e familiares sobre a deficiência; na escola deve existir uma sala de recursos com profissional que possibilite a integração do aluno com deficiência visual com os demais alunos.

CONCLUSÕES: Com o desenvolvimento deste trabalho foi possível concluir que para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem de alunos portadores de baixa visão no ensino de Química é preciso a união de vários fatores. O professor precisa de muita criatividade, paciência na adaptação de metodologias e recursos didáticos e estar sempre pronto para auxiliar o aluno. O aluno precisa de muita boa-vontade e interesse. A escola como um todo (direção, coordenação pedagógica, corpo administrativo, professores e alunos), e sobretudo os pais do aluno com deficiência visual,devem confiar no seu potencial e estimulá-lo sempre no exercício de sua cidadania com dignidade. A união de todos esses fatores são imprescindíveis para que aconteça a real inclusão desses alunos.



AGRADECIMENTOS: Ao CENAV pelo apoio durante a realização deste trabalho.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Ministério da educação. Secretaria de educação especial, MEC, vol. 1, Brasília- DF, 2001, 193p, a.

CASTRO, C.T.M & MAGDALENO, R.P. Treinamento em visão subnormal in CASTRO, D.D.M – Visão subnormal. Rio de Janeiro, Cultura Médica, 1994, 85-93p.