ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: O USO DE MAPAS CONCEITUAIS NA CONSTRUÇÃO DE CONCEITOS DE QUÍMICA ORGÃNICA

AUTORES: DE FREITAS FILHO, JOÃO RUFINO (UFRPE/UAG)

RESUMO: Esta pesquisa objetiva construir junto aos estudantes dos Cursos de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia, ações que propiciem experiências significativas, para que os mesmos possam construir conceitos científicos na disciplina Química Orgânica. A pesquisa foi realizada com três turmas de graduação da UFRPE/ UAG, no período de março de 2005 a junho de 2007, utilizando mapas conceituais, como ferramenta didática, que possibilitou aos estudantes a vivência com os processos de construção dos conceitos e explanação dos seus significados, referente à temática: alimentos nossos combustível. Na elaboração dos mapas os estudantes empregaram como palavras de ligação, frases e definições. Inicialmente os estudantes relutam ao exercício, pois não têm o costume de fazer uso desta técnica.

PALAVRAS CHAVES: mapas conceituais, construção de conceitos, aprendizagem significativa.

INTRODUÇÃO: Uma estratégia facilitadora da aprendizagem é a dos mapas conceituais, que segundo Novak (1977) são ferramentas para organizar e representar conhecimento. Eles são utilizados como uma linguagem para descrição e comunicação de conceitos e seus relacionamentos, e foram originalmente desenvolvidos para o suporte à aprendizagem significativa (AUSUBEL, 1968). Para promover a aprendizagem significativa Novak (1997) e Moreira (1999) recomendam ao educador, como recurso didático, o uso de mapas conceituais com a finalidade de identificar significados pré-existentes na estrutura cognitiva do estudante que são necessários à aprendizagem. Ensinar utilizando organizadores prévios se torna importante para fazer ponte entre estes significados, assim como, o estabelecimento de relações explícitas entre o novo conhecimento e aquele já existente, é condição necessária para dar significado aos novos materiais de aprendizagem. Mapas Conceituais são representações gráficas de conceitos, semelhantes a diagramas, em um domínio específico de conhecimento, construído de tal forma que os relacionamentos entre os conceitos sejam evidentes. Os mapas conceituais têm sido amplamente utilizados como estratégia de ação que auxilia no processo de identificação de como os conceitos são apreendidos e organizados pelos alunos num determinado domínio do conhecimento. Neste trabalho, procurou-se incorporar esta estratégia de ação pedagógica para uma abordagem do tema gerador: Alimentos nosso combustível e a partir da temática os estudantes construírem os conceitos da química dos carboidratos, lipídios, aminoácidos e proteínas.

MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho foi realizado com três turmas de graduação dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco/ Unidade Acadêmica de Garanhuns/PE, no período de março de 2005 a junho de 2007. Para realização do trabalho foi necessário várias etapas de execução. A primeira etapa consistiu no planejamento das atividades que assim podem ser distribuídas: a) Escolha do tema gerador a ser discutida na disciplina; b) Plano de atividades; c) Seleção dos materiais a serem utilizados. A segunda etapa consistiu no desenvolvimento da atividade em sala de aula. Esta etapa foi dividida em vários momentos, a saber: a) Levantamento das concepções prévias dos estudantes sobre a temática; b) Listagem de várias palavras soltas para os alunos construírem um mapa; c) Leitura do texto: Alimentos nossos combustível e construção de um novo mapa. O primeiro momento despertou o interesse dos alunos em relação aos conhecimentos básicos da Química. Algumas atividades experimentais foram realizadas no laboratório da Universidade. Portanto, foi possível superar o modelo de ensino transmissivo, onde só cabe ao aluno ouvir o discurso abstrato do professor e resolver uma série infindável de problemas padronizados que nada dizem sobre as situações da vida cotidiana. Segundo Carvalho (1995), “a didática habitual de resolução de problema costuma impulsionar a um operativismo abstrato, carente de significação, que pouco contribui para uma aprendizagem significativa”. Em seguida foram explorados aspectos da temática a partir de aulas expositivas com atividades experimentais demonstrativas, seguidas de atividades experimentais realizadas por pequenos grupos de alunos no laboratório.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Iniciou-se o trabalho fazendo um levantamento das concepções prévias dos estudantes, nesta etapa foram distribuídas palavras (alimentos, nutrientes, carboidratos, proteínas, lipídios, monossacarídeos, glicose, sacarose, dissacarídeos, ácidos graxos, hidrolise, amido, aminoácidos, ligação dentre outras) para os estudantes e solicitado que os mesmos elaborassem mapas conceituais. Em seguida foi distribuído texto sobre à temática alimentos nosso combustível e solicitado após leitura que os estudantes elaborassem novos mapas conceituais. O mapa de conceitos apresentado pelos estudantes do curso de Agronomias no levantamento das concepções prévias foi menos elaborado, ou seja, partiu do mesmo conceito geral. Inclui menos conceitos, associando-os por vezes – hidrólise e glicose, amido e dissacarídeos – e não utilizando setas. O mapa de conceitos apresentado pelos estudantes do curso de Veterinária e Zootecnia foi melhor elaborado, apesar de partir do mesmo conceito geral. Inclui menos conceitos, associando-os por vezes – hidrólise e glicose amido e dissacarídeos – e utiliza setas. Após a comparação dos mapas, os estudantes realizaram outros mapas. Manteve alimentos como o conceito mais geral. Classificou corretamente alguns termos como conceitos. Estabeleceu hierarquias válidas. Recorreram a setas, criou ligações transversais. Empregou como palavras de ligação, frases e definições. Pode-se perceber, em todos os mapas, que há uma similaridade na hierarquização conceitual. Inicialmente os estudantes relutam ao exercício, pois não têm o costume de fazer uso desta técnica. Entretanto respondem muito bem à proposta, surpreendendo-se com a prática que passam a adotar em outras disciplinas tanto para estudo quanto para apresentação de suas produções.

CONCLUSÕES: Com a temática: alimentos nosso combustível, pretendeu-se mostrar o forte potencial dos mapas conceituais, como uma ferramenta pedagógica capaz de evidenciar aprendizagem significativa; apontando para o fato de que os diversos conceitos não são alvos estáticos na aprendizagem, mas um conjunto, uma teia que se une através de relações entre conceitos que evoluem na estrutura cognitiva do estudante, apoiados em conceitos já existentes e que, tratados de forma articulada nos seus níveis de abstração, formatam o concreto de nosso cotidiano.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AUSUBEL, David P. Educational Psychology, A Cognitive View. New York: Holt, Rinehart and Winston, Inc, 1968.
CARVALHO, A.M.P.; PEREZ, D. G. Formação de Professores de Ciências. 2a edição. 1995.
NOVAK, Joseph Donald. A Theory of education. Ithaca, N.Y., Cornell. University Press, 1977.
MOREIRA, M.A. Investigación en ensenãnza: aspectos metodológicos. Programa Internacional de Doctorado en Ensiñanza de las Ciencias. Universidade de Burgos, España; Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil. (Texto de apoyo Nº 01), 1999.
MOREIRA, M. A. BUCHWEITZ, Bernardo. Novas estratégias de ensino e aprendizagem: os mapas conceptuais e o Vê epistemológico. Porto: Plátano Edições Técnicas, 1993.
NOVAK, Joseph Donald. Learning, creating, and using knowledge: concept maps as facilitative tools in schools and corporations . Mahwah, N.J.: Lawrence Erlbaun and Associates, 1998.
NOVAK, J. Retorno a clarificar con mapas conceptuales. In: Encuentro Internacional sobre el aprendizaje significativo. Burgos: Servivio de Publicaciones de la Universidad de Burgos, 1997.