ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA: A VISÃO DISCENTE
AUTORES: TAVARES, L.H.W. (UNIMEP) ; ROGADO, J. (UNIMEP)
RESUMO: Considerando a importância da experimentação no ensino de Ciências, buscamos conhecer a visão dos alunos do ensino médio sobre a experimentação no ensino de Química. Esse projeto foi aprovado pela FINEP com vista à disponibilização de recursos para a construção de um laboratório, servindo como contexto para a realização das aulas práticas dos professores. A construção e aplicação de questionário estruturado para coletar os dados seguiram orientações qualitativas de pesquisa e a interpretação das respostas dos alunos foi apoiada em técnicas de análise de conteúdo. Encontramos lados opostos de interpretação do papel da aula prática de Química. Assim, as ciências experimentais devem envolver mais reflexão, gerando uma nova forma dos alunos compreenderem as práticas científicas.
PALAVRAS CHAVES: ensino de química, experimentação, concepções discentes.
INTRODUÇÃO: O modelo de ensino de Ciências da década de 60 prestigiou as feiras de ciências e os laboratórios com o intuito de colocar o aluno diante de procedimentos realizados nos trabalhos de cientistas. Contudo, essa tentativa de inovação curricular falhou ao ensinar ciência como o pesquisador faz ciência, fazendo o aluno seguir as instruções contidas nos manuais. (SÂO PAULO, 1988).
Contudo, as aulas de Ciências não são uma mera transposição dos conhecimentos produzidos pelos cientistas, ou seja, a aula tem que constituir um discurso científico escolar. (MACHADO, 2000).
Dessa forma, a mudança de mentalidade quanto às funções da educação (em especial, a científica) tornou necessário a constituição de um novo paradigma educacional visando atender às novas exigências econômico-sociais.
Nesse cenário, a Química pode ampliar os horizontes dos alunos ao ser uma facilitadora na interpretação do mundo e seus fenômenos, estando diretamente ligada ao desenvolvimento tecnológico e a muitos aspectos da vida em sociedade. (BRASIL, 2002). Para isso, a experimentação pode proporcionar momentos de reelaboração do conhecimento, possibilitando o contato do aluno com os fenômenos químicos e, a partir desses fenômenos, conseguir criar modelos explicativos com base em suas observações, seu sistema lógico e na sua linguagem. (SÂO PAULO, 1992).
Assim, considerando a importância da experimentação na educação científica, esse trabalho visa conhecer a visão dos alunos do ensino médio sobre a experimentação no ensino de Química.
MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa realizada se enquadra dentro de um Projeto Mãe entre o Núcleo de Educação em Ciências (UNIMEP) e uma Escola Pública situada na zona periférica de Piracicaba, compartilhando atividades de investigação-ação.
O projeto em questão foi aprovado em dezembro de 2004 pela FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) com vista à disponibilização de recursos para a construção de um laboratório de estudos experimentais, servindo como contexto para a realização das aulas práticas dos professores acompanhados pelos bolsistas do projeto.
Visando trabalhar pelo viés histórico, construímos uma unidade de ensino com o tema "Pilhas Elétricas" permeada pela História da Ciência. Essa unidade também privilegiava a experimentação, propondo a construção de uma pilha elétrica que movimentou os ponteiros de um relógio de parede a partir de duas placas metálicas (cobre e magnésio), um frasco de nescafé e coca-cola como solução eletrolítica.
A construção e aplicação de questionário estruturado para coletar as concepções dos alunos sobre a prática experimental no ensino de química seguiram as orientações qualitativas de pesquisa de Lüdke e André (1986). A interpretação das respostas dos alunos foi apoiada nas técnicas de análise de conteúdo de Bardin (1991).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na aula, mostramos o funcionamento da pilha elétrica com base nos modelos atômicos e definições de cátions e ânions, não abordando oxiredução por ser o 1° B e 1° C, sendo ensinado na 2ª série do ensino médio pela professora.
Pelos questionários devolvidos (22 do 1° B e 23 do 1° C), observamos que a maioria das respostas referiam à experimentação como importante, motivadora e facilitadora nas aulas. As categorias construídas e a representação das respostas dos alunos, em porcentagens, aparecem nas tabelas seguintes.
O interesse gerado nos alunos pela experimentação é esperado, uma vez que a professora declarou, na pesquisa, que não realiza aulas práticas, tornando-se “uma aula diferente do padrão, mais interessante”.
CONCLUSÕES: Parte dos alunos apresentou uma visão equivocada da prática, indicando a crença numa Ciência empirista-indudivista. Por outro lado as opiniões da outra parcela dos alunos apresentam-se de forma coerente, expressadas em senso comum, ao que a literatura relata com a interação entre três pilares para uma educação química significativa: fenomenológico, representacional, teórico-conceitual.
Assim, pesquisas (SILVA; ZANON, 2000) revelam que as ciências experimentais devem envolver menos procedimentos e mais reflexão, possibilitando uma nova forma dos alunos visualizarem as práticas científicas.
AGRADECIMENTOS: Ao apoio da Universidade Metodista de Piracicaba por meio do Programa de Apoio à Formação Científica do Discente (FAPIC/UNIMEP).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BARDIN, L. 1991. Análise de Conteúdo.
BRASIL. 2002. PCN + Ensino Médio: Orientações complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais - Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. 1986. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas, 25-44.
MACHADO, A. H. Compreendendo as relações entre discurso e a elaboração de conhecimentos científicos nas aulas de ciências. In: SCHNETZLER, R. P.; ARAGÃO, R. M. R. (org.). 2000. Ensino de Ciências: fundamentos e abordagens.
SÃO PAULO. 1988. Proposta Curricular para o ensino de ciências e programas de saúde: 1° grau. 3.
SÃO PAULO. 1992. Proposta Curricular para o ensino de Química: 2° grau. 3.
SILVA, L. H. A.; ZANON, L. B. A experimentação no ensino de ciências. In: SCHNETZLER, R. P.; ARAGÃO, R. M. R. (org.). 2000. Ensino de Ciências: fundamentos e abordagens.