ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: Contextualização do curso experimental de química orgânica para o curso de farmácia da ufpe: à luz da química medicinal

AUTORES: COELHO, L.C.D. (UFPE) ; MOREIRA, D.R.M. (UFPE) ; LEITE, A. C. L. (UFPE)

RESUMO: RESUMO: O ensino experimental de química orgânica, tem-se revelado numa abordagem linear limitando-se por vezes a demonstrações ou ensaios realizados em grupos. Buscamos realizar um curso de química voltado para o curso de farmácia de forma contextualizada, enfocando problemas e dificuldades no exercício da profissão. Para tanto, foram selecionados experimentos mais direcionados à síntese de fármacos, com abordagem à química medicinal demonstrando ainda a realidade de laboratórios de pesquisa de novos fármacos. Constatamos uma maior visualização por parte dos alunos no que tange a rotina dos laboratórios de pesquisa em síntese de fármacos, uma percepção mais atraente da pesquisa científica voltada para a obtenção de fármacos e um melhor aproveitamento do tempo disponível dos estudantes.

PALAVRAS CHAVES: química orgânica; química medicinal; farmácia

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: Partindo do pressuposto social no qual o curso de Ciências Farmacêuticas está inserido, o magistério deste deve ser atualizado com as novas tendências educacionais, bem como contextualizado e simulador dos problemas atualmente presentes no cotidiano de um farmacêutico. No caso das disciplinas do ciclo profissional, o enfoque prático-contemporâneo é de extrema relevância para a formação de profissionais não só competentes, bem como com discernimento para solucionar os percalços existentes na área farmacêutica. Sabemos que a inter-relação entre o conhecimento adquirido em química através de estudos teóricos e a experimentação laboratorial, realizada de maneira coordenada e objetiva permite ao aluno a fixação sólida de conceitos e uma maior correlação entre os tópicos teóricos. Na maioria dos cursos de química das universidades brasileiras, o ensino experimental tende a ser marginal e, muitas vezes, limita-se a demonstrações ou experimentos em grupo. As razões para esse descaso podem ser procuradas nas dificuldades de equipar e manter laboratórios de ensino com infra-estrutura mínima, de providenciar reagentes, vidrarias e outros, e de realizar experiências interessantes em horários limitados. Além disso, constata-se que poucos são os métodos experimentais disponíveis que sustentem às necessidades de interligação entre as variáveis: contextualização teórico-prática para o alunato/ disponibilidade de reagentes e equipamentos no laboratório prático/ tempo de experimentação compatível. Objetivando, com dinamismo, suprir a tríade citada procuramos alicerce em dois pilares: enfoque na química orgânica com vistas à obtenção de moléculas terapêuticas e familiarização em um laboratório com ênfase numa rotina semelhante aos de pesquisa na síntese de fármacos.

MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAIS E MÉTODOS: Primeiramente, explicita-se que o farmacêutico pode atuar na área da química medicinal, baseado na síntese racional de fármacos. São realizadas práticas fundamentadas na busca por compostos de interesse biológico-farmacêutico. Nesse contexto, a obtenção da ftalimida, da hidroximetilftalimida e da clorometilftalimida, permite aos alunos a experiência de síntese em etapas múltiplas(BIASOTTOMANO, E. et al.,1987; GONÇALVES, D.et al., 1988). Sob a visão da química-medicinal, são abordados a estereoquímica de fármacos e aspectos da ftalimida, como sua relação com a Talidomida e a inserção dos derivados ftalimídicos como possíveis ativos terapêuticos menos tóxicos. Em relação à química, é enfocada a acilação, por fusão, utilizando um aparato simples e barato. A obtenção da Hidroximetilftalimida abrange a importância da funcionalização das moléculas orgânicas, para utilização de intermediários reacionais, e as possibilidades de reações com a introdução de um grupamento hidroxila (reações como esterificação, halogenação, desidratação, etc). Por último, obtém-se a clorometilftalimida onde se discute as reações do tipo SN1 e SN2, diferença de polaridade das moléculas orgânicas verificadas em cromatografia em camada delgada e ainda a contribuição dos halogênios nas moléculas bioativas. Já a síntese da acetanilida expõe o moderno tema da economia atômica como instrumento da Química Verde (MERAT, L. et al.2003). Afim de dinamizar as aulas, os monitores apresentam temas relacionados com a química orgânica utilizada em pesquisa, por exemplo: precipitação de compostos orgânicos; métodos extrativos; solventes orgânicos: usos e toxicidade; etapas do planejamento até a obtenção do novo medicamento. Por fim são realizadas avaliações ao final das aulas práticas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir da nova perspectiva didática inserida nas aulas práticas, mediada pelos procedimentos laboratoriais adotados, constatamos uma maior visualização por parte dos alunos no que tange a rotina dos laboratórios de pesquisa em síntese de fármacos e mesmo daqueles em controle de qualidade. Percebemos ainda no alunato um maior interesse pelo programa de monitoria da disciplina e uma percepção mais atraente da pesquisa científica voltada para a obtenção de fármacos, sob a ótica da química medicinal. Também há um aproveitamento mais eficiente do tempo disponível dos estudantes, visto as inúmeras atividades proporcionadas, como: inicialmente, a explanação, parte do professor, sobre a importância prática-contemporânea e sobre o próprio procedimento a ser realizado; em seguida, a realização pelos estudantes do procedimento prático proposto; “o momento do monitor”, no qual há o enriquecimento do conteúdo ministrado, deixando de lado um aprendizado linear para permear os alunos com uma didática ramificada de conhecimentos sobre determinado assunto; e por fim, a avaliação do que foi assimilado por eles.

CONCLUSÕES: CONCLUSÕES: A dinâmica utilizada, conferiu uma maior participação voluntária, reprimiu o sedentarismo durante as aulas, suprimiu atrasos e faltas desnecessárias. Com a realização dos testes a cada aula prática, obtém-se retorno imediato com referencia aos conhecimentos transmitidos. Percebemos uma maior conscientização em relação às ramificações da profissão farmacêutica atreladas à química orgânica.

AGRADECIMENTOS: UFPE / CNPq

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: - BIASOTTOMANO, E.; SEABRA, A.P. 3a ed. Práticas de Química Orgânica, Ed.EDGARD BLÜCHER LTDA, SP, 1987.
- GONÇALVES, D.; WAL, E.; ALMEIDA, R. R. Química Orgânica Experimental,Ed. McGraw-Hill, Ltda, 1988.
- MERAT, L.M. O. C.; GIL, R. A. S. 2003. Inserção do Conceito de Economia Atômica no Programa de uma Disciplina de Química Orgânica Experimental. Quim. Nova, 5: 779-781.