ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: O RESGATE DA ALQUIMIA ATRAVÉS DO LÚDICO: A PRÁTICA, COMO COMPONENTE CURRICULAR, NAS AULAS DE HISTÓRIA DA QUÍMICA.

AUTORES: MESSEDER, J.C. (CEFETEQ) ; DA MATA, R.M. (UNESA)

RESUMO: O ensino de Química vem debatendo a necessidade de criação de métodos pedagógicos mais atraentes para os alunos, baseando-se na premissa de que alguns objetivos estão ultrapassados, sendo necessário identificar quais as necessidades atuais para o ensino dessa disciplina. O trabalho em questão teve por objetivo a realização de atividades cênicas por licenciandos em Química da UNESA-RJ, possibilitando-os contextualizar conteúdos programáticos da disciplina História da Química. Assim, o projeto idealizado se baseou em uma linguagem teatral, sendo utilizada como meio de cativar alunos de ensino médio. A atividade desenvolvida possibilitou o desenvolvimento pessoal não apenas no campo da educação não-formal, mas permitiu ampliar, entre outras coisas, o senso crítico e o exercício da cidadania.

PALAVRAS CHAVES: metodologia de ensino; lúdico; alquimia.

INTRODUÇÃO: É preciso reconhecer que o nosso ensino é, usualmente, realizado de uma maneira muito a-histórica. São poucos os professores que estão preocupados em buscar um ensi-no mais histórico para fazer transmissão dos diferentes conhecimentos. Hoje há uma tendência mundial, em todos os níveis de estudo e nas diferentes áreas do conhecimento, de se buscar conhecer cada vez mais a História da Ciência, presentes nas diferentes licenciaturas, mesmo de áreas não científicas (CHASSOT, 2001). Na busca de preencher essa lacuna, a disciplina História da Química foi proposta na concepção do projeto pedagógico da Licenciatura em Química da Universidade Estácio de Sá, sendo inserida na estrutura curricular do referido curso. Teve-se o cuidado para que essa disciplina não servisse apenas para o preenchimento de carga horária, mas tivesse a devida importância, para que a prática desenvolvida na disciplina fosse coerente com o perfil desejável para o licenciado. Propôs-se desmistificar alguns temas sobre alquimia, adquiridos pelos alunos no decorrer de suas vidas escolares. O grupo de pesquisa promoveu uma metodologia na qual alunos e professores utilizaram momentos cênicos para a Comunidade, diferentes das tradicionais aulas de química no ensino médio. Também se buscou contemplar a execução da prática, como componente curricular, exigida por lei às licenciaturas, na carga horária da disciplina História da Química (CNE, 2002). Com a atividade lúdica desenvolvida foi possível capacitar o futuro professor de Química a exercer a sua prática pedagógica de acordo com os interesses de apropriação do saber científico pela população, de modo que este saber possa resultasse num melhor entendimento não só dos processos próprios da Química, mas também da educação, da vida e da sociedade.

MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho se desenvolveu com o uso do lúdico na abordagem dos conteúdos históricos relativos ao período da alquimia. Como parte artística, foi criado um ambiente, para representar o laboratório de um alquimista. Nessa etapa da pesquisa o licenciando teve a oportunidade de pesquisar na literatura os detalhes desse cenário, como por exemplo, equipamentos e mobiliários comumente empregados em um laboratório alquímico, da forma mais fidedigna possível (FARIAS, 2007). O projeto foi aplicado em um espaço de divulgação e serviços comunitários da UNESA, destinado aos alunos do ensino médio do município do Rio de Janeiro (RJ), e arredores. A execução ocorreu da seguinte forma: um grupo de 10 alunos do ensino médio foi convidado a entrar nessa atmosfera teatral. Em um segundo ato, outro personagem se fez presente: o "Senhor do Tempo". Esse personagem tinha a incumbência de levar os convidados para uma “viagem” ao passado, em sua “máquina do tempo”. Ao chegar ao passado, por volta do século XV, os viajantes deparavam-se com um alquimista trabalhando em seu laboratório. Nesse momento, o alquimista interagiu com a platéia, expondo alguns aspectos filosóficos e esotéricos da época retratada. E, diante do público, esse alquimista realizou experimentos, dos mais simples aos mais inusitados, como por exemplo, a obtenção de uma chama fria, onde fez a alusão ao seu poder de dominar o elemento fogo. Terminada a apresentação, foi distribuído um questionário aos presentes, apresentando questões do tipo: Você já havia ouvido falar de alquimia? Em sua opinião, qual a relação entre a alquimia e a química? Você acha válida a idéia de se ensinar química com momentos lúdicos? As apresentações aconteceram das 10:00 às 20:00H, com intervalos, perfazendo um total de 178 jovens visitantes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foi possível mostrar aos licenciandos a importância dos aspectos históricos no aprendizado da evolução da ciência química, e como os alunos do ensino médio se equivocam com esses conteúdos. Muitos alunos, e inclusive professores de química, cometem erros grosseiros ao se depararem com a alquimia, ou simplesmente reproduzem os conteúdos que vem nos livros de História da Química. Isso se torna crucial para o aprimoramento de uma visão crítica por parte dos licenciandos, que formarão concepções mais fidedignas de ciência. O trabalho desenvolvido possibilitou alternativas de ensino, para que os futuros professores possam orientar sua prática, de maneira a estimular a leitura crítica dos trechos de História da Química presentes nos livros didáticos. Os resultados dos questionários aplicados permitiram traçar o seguinte perfil para os entrevistados em questão: a) Conhecimentos limitados sobre História da Química; b) Visão inadequada sobre o caráter do conhecimento científico; c) Visão distorcida em relação à alquimia e sua relação com a química. Esses resultados mostram que algumas concepções inadequadas permanecem, não só entre alunos do ensino médio, mas também entre os professores. Muito dos participantes não associavam a alquimia às práticas químicas que hoje vivenciamos nos laboratórios atuais. Idéias errôneas, correntes na cultura popular, na mídia e mesmo em alguns materiais didáticos fazem parte do repertório dos licenciandos. De um modo geral, a idéia da utilização de atividades cênicas com o futuro professor de química teve grande mérito e alcançou todos os objetivos propostos, além de deixá-lo com a busca de repensar as suas futuras práticas pedagógicas, tentando reconhecer a importância dos conhecimentos prévios no processo de ensino-aprendizagem.

CONCLUSÕES: Pode-se verificar a importância da divulgação de uma historiografia da Química adequada aos objetivos gerais dos cursos de Licenciatura em Química. A atividade promoveu a sensibilidade entre os licenciandos para as demais atividades desenvolvida junto à Comunidade. A permanência, entre os professores, de concepções antigas, podem gerar problemas no processo de ensino/aprendizagem. Afinal, a imagem que os professores fazem da atividade científica, e de seu processo histórico, irá influenciar decisivamente sobre as idéias que seus alunos construirão a respeito da Química como ciência.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem o suporte técnico disponibilizado pela Direção do campus Centro IV, da UNESA (RJ), na pessoa do Sr. João Carlos Balaguer.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CHASSOT, A. I. Alfabetização Científica: questões e desafios para a educação, Ed. UNIJUÍ, Ijuí, 2001, p. 269-297.
CNE. Resolução CNE/CP 2/2002. Diário Oficial da União, Brasília, 4 de março de 2002. Seção 1, p. 9.
FARIAS, R. F. História da Alquimia, Ed. Átomo, Campinas (SP) , 2007.