ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: A problematização do estudo de propriedades da matéria por meio de atividades experimentais: opinião de professores e licenciandos

AUTORES: ROCHA, J.H.B. (UFRN) ; SILVA; M.G.L. (UFRN)

RESUMO: Este trabalho visa identificar dificuldades de professores e licenciandos em Química para trabalhar experimento por meio de aprendizagem por investigação dirigida em escolas do Ensino Médio. Utilizou-se um folheto com objetivo, conteúdos conceituais e procedimentais, etapas, sugestão de avaliação, cuidados de segurança, referência e proposta de problematização da atividade. Participaram 32 professores de diferentes escolas do RN e 26 licenciandos de Química da UFRN. Para apreender as opiniões utilizou-se uma entrevista semi-estrutura e um questionário com 4 perguntas abertas. Pode-se sinalizar que tanto professores como licenciandos afirmaram que a atividade consiste em uma proposta de ensino dinâmica que propicia participação ativa do aluno.

PALAVRAS CHAVES: atividades experimentais, formação de professores, ensino médio

INTRODUÇÃO: A atividade experimental (AE) é considerada por muitos como um dos recursos mais efetivos para motivar a participação dos alunos, estimular a curiosidade, ensinar conteúdos procedimentais, relacionar teoria a prática, prender a atenção etc. Por outro lado, pesquisas didáticas sinalizam que para dificuldades relacionadas a estas atividades. Por exemplo, argumenta-se que ainda são concebidas em um processo de ensino-aprendizagem por transmissão-recepção sendo caracterizadas por procedimentos fechados, seguindo um roteiro ou “receita” em que os alunos não têm possibilidade de emitir hipóteses ou propor um caminho alternativo. Outro argumento refere-se ao espaço físico e as condições materiais para a realização das atividades. Apesar da falta de recursos e de espaço físico serem aspectos importantes, existe muitas propostas de experimentos de baixo custo inclusive em livros didáticos. Isso nos leva a pensar de que este não deve ser o obstáculo mais decisivo para se trabalhar atividades experimentais na escola podendo estar relacionado com a preparação dos professores. Neste trabalho apresenta-se um relato de atividade com professores e licenciados sobre a “exigência”, (implícita ou não) da utilização de metodologias que levem os estudantes à compreensão dos conceitos. Nossa proposta foi de apresentar uma atividade que problematizasse um conteúdo específico de química por meio de uma atividade que proporcionasse uma postura mais crítica e investigativa nos estudantes. Para isso, pesquisou-se, selecionou-se, adequou-se a materiais acessíveis e testou-se o experimento “Determinação do ponto de Fusão do Paradiclorobenzeno”. Sendo assim, buscamos com este, buscar as dificuldades de aplicação, as melhorias, as vantagens e que conteúdos poderiam ser abordados.

MATERIAL E MÉTODOS: Inicialmente elaborou-se um banco de dados com 130 experimentos para o nível médio. Selecionou-se e testou-se experimentos para 1ª série do ensino médio. Optou-se pela atividade intitulada “Determinação do ponto de fusão do paradiclorobenzeno”, adaptando-o com materiais acessíveis e de baixo custo. Posteriormente, elaborou-se um folheto informativo, o qual continha o objetivo da atividade, os conteúdos conceituais e procedimentais, etapas para realização do experimento, cuidados, sugestões para avaliação do experimento e referências bibliográficas. Foram realizados três cursos de extensão: dois com professores de química da rede pública e outro com licenciandos em Química da UFRN. Nestes cursos inicialmente foi realizada uma entrevista coletiva semi-estruturada que abordava as opiniões dos participantes sobre a utilização de atividades experimentais na escola, das dificuldades e das vantagens. Logo a seguir os participantes foram organizados em grupos com 3 a 4 componentes. Discutiu-se o folheto do experimento, as etapas, os cuidados, as propostas de adequação com materiais de baixo custo. Posteriormente os grupos realizavam o experimento com o acompanhamento dos monitores. Após a realização do experimento foi aplicado um questionário com 4 perguntas abertas:Quais as dificuldades na sua opinião, para realizar o experimento? Que conteúdos você acha que podem ser abordados neste experimento? O que você acha sobre o conteúdo deste experimento? Você utilizaria na escola? Que mudanças poderiam ser feitas para melhorar o experimento?

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O primeiro curso foi realizado em agosto 2006 participaram professores de 20 escolas da rede pública de Natal. O 2º curso realizado em fevereiro de 2007, contou com a participação de 26 licenciandos. O 3º ocorreu em abril de 2007 com 12 professores dos quais 6 eram do interior do estado do RN. Com relação à utilização de atividades experimentais, os licenciandos sinalizaram entre as dificuldades estão a preparação dos professores e a ausência de recursos e espaço físico. No que diz respeito ao experimento apresentado, os conteúdos conceituais mais citados pelos professores e licenciandos foram: Classificação da Matéria, 6,7%; Estados Físicos, 16,7%; Fenômenos Físicos e Químicos, 10%; Substâncias puras e Mistura, 6,7%; Fatores que influenciam na velocidade de uma reação, 20%. E, os conteúdos conceituais citados apenas pelos professores foram: geometria molecular, 11,11%; Fórmula estrutural. 11,11%; e, Halogenação, 11,11%. Um aspecto positivo sinalizado pelos professores foi o fato de no folheto do experimento procurar introduzir noções de funções orgânicas, mas os licenciandos não opinaram sobre esta questão. Todos afirmaram que usariam na escola o experimento, mas como sugestão de melhoria da atividade, 56% dos professores no 3º curso sugeriram fosse trocado o reagente por outro com odor mais fraco como a parafina.

CONCLUSÕES: A pesquisa ressalta pouca divergência entre os participantes. Ressalta o aspecto dos conteúdos conceituais indicando que a atuação profissional familiariza com conceitos trabalhados na escola. As dificuldades apresentadas refletem a idéia de senso comum da necessidade de laboratório, vidrarias e reagentes para trabalhar com experimentos. Destaca o fato da não preparação dos professores, sinalizando que a agência formadora deve repensar a preparação propiciando contato com as inúmeras ferramentas que auxiliam o processo de ensino e aprendizagem.

AGRADECIMENTOS: Agradecemos à bolsa PET e ao FINEP pelo incentivo e suporte financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: GONÇALVES, F. P.; GALIAZZI, M. C. A natureza das atividades experimentais no ensino de Ciências: um programa de pesquisa educativa nos cursos de Licenciatura. In: MORAES, R.; MANCUSO, R. Educação em Ciências: produção de currículo e formação de professores. Ijuí: UNIJUÍ, 2004. p. 237-252.
MORAES, R.; Materiais para o ensino de ciências do primeiro grau. In: MORAES, R.; BORGES, R. (Org.). Porto Alegre: SE/CECIRS, 1996.