ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: DIAGNÓSTICO DO ENSINO DE QUÍMICA EM ESCOLAS DE NÍVEL MÉDIO DO MUNICÍPIO DE BOA VISTA-RR

AUTORES: SILVA, I. F. L. (UFRR) ; MELO FILHO, A. A. (UFRR) ; BARRETO, H. C. S. (UFRR)

RESUMO: O presente trabalho é resultado de uma pesquisa realizada nas escolas dos diferentes bairros (centrais, intermediários e periféricos) de Boa Vista -RR, com intuito de avaliar a situação do ensino de química no município. Para tanto, foram distribuídos questionários com perguntas subjetivas e objetivas relacionadas ao ensino de química, para professores e alunos de instituições públicas e particulares de educação. Após análise dos dados, percebeu-se que os alunos e professores não têm uma noção exata do que é a química, e nem de sua importância para sua formação social.

PALAVRAS CHAVES: cidadão, química, educação

INTRODUÇÃO: O ensino tradicional de ciências, da escola primária aos cursos de graduação, tem se mostrado pouco eficaz, seja do ponto de vista dos estudantes e professores, quanto das expectativas da sociedade. Essa situação não é privilégio das ciências, mas se estende a outras áreas de conhecimento, como indicam os resultados conseguidos por grupos de estudantes brasileiros nas avaliações nacionais (Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, Olimpíadas, outras) e no PISA (Programa Nacional de Avaliação de Alunos) (OCDE, 2001 apud SAYD, 2004).
A educação, como absoluta prioridade nacional, permanece apenas no plano de retórica oficial dos governos dos estados e federação. Algumas medidas continuarem sendo implementadas, como o aumento da carga horária obrigatória, introdução de novas disciplinas, programas de avaliação de livros didáticos e mudanças na organização do trabalho escolar. Essas mudanças ocorrem lentamente, enquanto outras, igualmente importantes e urgentes, vão sendo proteladas, como a valorização dos espaços educacionais, do profissional da educação e de programas de aperfeiçoamento e desenvolvimento profissional dos docentes. Ao lado dessas dificuldades gerais, as várias disciplinas, principalmente matemática e ciências naturais, que compõem o currículo escolar, apresentam problemas específicos de aprendizagem (ANNA et al, 2001; SANTOS et al, 1996).
Esta pesquisa visa avaliar o ensino de química ministrado em escolas de nível médio de Boa Vista-RR, através de questionários propostos aos professores e alunos, onde os dados fornecerão melhor compreensão da situação em que se encontra tal ensino no município, uma vez que é uma ciência fundamental para resolver problemas, atender as necessidades essenciais da humanidade e promover o desenvolvimento.

MATERIAL E MÉTODOS: O presente trabalho foi de campo teórico e prático, onde a parte prática foi realizada através da distribuição “in loco” de questionários a professores e alunos, com perguntas objetivas e subjetivas relacionadas à disciplina de química, em escolas de nível médio do município de Boa Vista-RR.
Ao todo, foram entrevistados 18 professores e 35 alunos, distribuídos em 16 diferentes escolas dos bairros centrais, intermediários e periféricos.
Das 16 escolas entrevistadas, duas eram particulares e as outras, escolas estaduais.
Foi realizado um levantamento bibliográfico de acordo com o tema proposto e às perguntas estabelecidas e posteriormente o estudo dos resultados para melhor compreensão ao público em geral.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Através da Tabela 1, é possível verificar que Boa Vista conta com um quadro de professores de química qualificados, onde cerca de 80% são licenciados na área, e também que a maioria dos professores são do quadro de efetivo das instituições.
A Tabela 1 nos mostra a deficiência que há, nas escolas da capital, em relação à existência laboratórios que apenas 46% das escolas possui, e quanto à estrutura (espaço físico, materiais, reagentes, etc.) foi atribuída uma nota de 5±2, para escala de 0 a 10.
Segundo os resultados (Tabela 1), verificou-se que 40% dos professores não consideram os investimentos no ensino de Química como essencial para o desenvolvimento econômico e social do município. Um resultado preocupante, pois estamos falando de pessoas que sabem que os conhecimentos químicos são essenciais para desenvolver as potencialidades de uma região.
Quanto ao bom desempenho na disciplina química, a Tabela 1 aponta apenas 48% dos alunos nessas condições. Na mesma tabela, verifica-se as principais deficiências instrucionais dos alunos, que no geral é a interpretação de problemas e a matemática, e ainda, que cerca de 60% dos professores fazem aulas experimentais com materiais e reagentes alternativos.
A Tabela 2, mostra que os principais problemas apontados pelos alunos em relação aos seus professores está na falta de ligação do ensino da química com o cotidiano dos discentes. Os alunos avaliaram a atuação didática dos professores, resultando uma média de 7±2 pontos, dentro de uma escala de 0 a 10.
A segunda e a terceira pergunta da Tabela 2, mostra que poucos usam o conhecimento adquirido no ensino de química no seu cotidiano, atribuindo pouca importância ao ensino dessa ciência em relação à formação do aluno como cidadão.





CONCLUSÕES: Os resultados obtidos permitem concluir que o ensino de química, praticado nas escolas de nível médio de Boa Vista-RR, não atende aos objetivos propostos, que é de formar cidadão cientificamente conscientes de suas responsabilidades para com o meio-ambiente e o desenvolvimento social. Um agravante é a não realização de experimentos, que não se justifica a falta de laboratórios didáticos e de reagentes, pois experimentos simples são baratos e ainda mobiliza o aluno na confecção dos materiais, e ajuda na conscientização quanto à importancia da química para as indústrias e o meio ambiente.

AGRADECIMENTOS: Ao Departamento de Química da Universidade Federal de Roraima

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANNA, M.P.C; GIL-PÉREZ, D. Formação de Professores de Ciências. 5.ed. V. 26. São Pulo: Cortez, 2001.
SANTOS, W.L.P; SCHNETZELER, R. P. Função Social: O que Significa o Ensino de Química Para Formar Cidadãos? Química Nova na Escola. N4, novembro, 1996, p. 28-34.
SAYD, A. Cadê Meu Professor?. Revista Educação, 2004.