ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: AVALIAÇÃO E DIVULGAÇÃO DO CORRETO USO DE PLANTAS MEDICINAIS COM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DO CEFET-PI

AUTORES: FEITOSA, C.M (UFPI/CEFET-P) ; MACHADO, M.F.A (CEFET-PI) ; DOS SANTOS, F.J.B (CEFET-PI) ; RIBEIRO FILHO, J.P.S (CEFET-PI)

RESUMO: No Brasil as plantas medicinais são consumidas com pouca ou nenhuma comprovação científica. Este trabalho foi realizado através de uma pesquisa aplicada a alunos do ensino médio do CEFET-PI, em Teresina, para avaliar e divulgar o uso correto de plantas medicinais. A pesquisa abordou a utilização farmacêutica, o cultivo das plantas, a viabilidade econômica, a fitoterapia como disciplina científica, a toxicidade das plantas, aspectos folclóricos e etnobotânicos. Os resultados obtidos: pouco conhecimento, o desconhecimento ou conhecimento errôneo sobre os temas abordados, levou a apresentação de palestra para divulgação de como fazer o uso correto de plantas medicinais. Constatou-se que há grande necessidade de integrar os alunos a projetos que envolvam a fitoterapia e de capacitar pessoas para divulgar o uso correto dos fitomedicamentos, ensinando princípios que vão do cultivo ao uso da planta como medicamento.

PALAVRAS CHAVES: plantas medicinais. fitoterapia. toxicidade

INTRODUÇÃO: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “planta medicinal” é toda planta que administrada ao homem ou animal, por qualquer via ou forma, exerça alguma ação terapêutica. O tratamento feito com o uso de plantas medicinais é denominado de fitoterapia, e os fitoterápicos são os medicamentos produzidos a partir dessas plantas (BANDEIRA et al., 2000). Nesse contexto, a fitoterapia vem como proposta de intervir no uso abusivo dos medicamentos sintéticos.
O uso de cada tipo de planta é indicado a um determinado distúrbio e para saber a correta utilização deve-se recorrer a um profissional especializado (SOSSAE, 2006). Numa população com baixo acesso a medicamentos, como a brasileira, agregar garantias científicas a essa prática terapêutica traz variadas vantagens (BARATA, 2003). Para que uma planta seja utilizada como fitoterápico na medicina popular é necessária a obtenção do seu reconhecimento científico. Para este estudo, a escolha das plantas inicia-se a partir de um levantamento etnobotânico, seguido do levantamento bibliográfico e experimentação em laboratório. As informações geradas são organizadas em um banco de dados e, posteriormente, sua eficácia e segurança terapêuticas são avaliadas (SIMÕES et al., 2000).
Avaliamos neste trabalho através de aplicação de questionário e divulgamos através de palestras a alunos do ensino médio do CEFET-PI, em Teresina, o correto uso de plantas medicinais. Abordamos tópicos relacionados a fitoterapia e a produção de fitoterápicos e ainda as primeiras medidas em casos de intoxicação por plantas medicinais. Fornecemos ainda aos alunos informações científicas sobre a utilização farmacêutica, o cultivo das plantas medicinais, a viabilidade econômica, a fitoterapia como disciplina científica, a toxicidade das plantas, aspectos folclóricos e etnobotânicos.




MATERIAL E MÉTODOS: A fase inicial da pesquisa se constituiu no delineamento do tema a ser investigado: “avaliação e divulgação do correto uso de plantas medicinais com alunos do ensino médio do CEFET-PI”, que foi escolhido com o intuito de pesquisar o conhecimento, a forma de utilização destas plantas por esta amostragem de alunos, já que há registro de várias reações alérgicas, envenenamento por plantas e também relatos de que estas são consumidas com pouca ou nenhuma comprovação científica.

A aplicação de um questionário relacionando os temas supracitados constituiu no instrumento de coleta dos dados. O questionário foi aplicado a alunos do ensino médio do CEFET-PI, participando quatro turmas de 3º ano, com 142 alunos ao todo. Foi realizada uma abordagem qualitativa e quantitativa, com intuito de avaliar o conhecimento dos alunos em relação ao tema e quantizar as informações com dados, respectivamente.

Após coleta e análise dos dados, iniciamos a segunda etapa desta investigação, que constituiu um trabalho de cunho interventivo em que oportunizamos aos alunos uma palestra na qual promovemos a socialização de informações pautadas no conhecimento científico sobre a utilização correta das plantas medicinais. Após a sistematização da palestra, realizamos a sua divulgação através de fólderes e visitas às salas de aulas. Adotamos então os seguintes procedimentos metodológicos: a apresentação de transparências abordando conceitos básicos sobre plantas medicinais, fitoterapia, fitoterápicos, princípios ativos, vantagens e desvantagens no uso de fitoterapia e recomendações de como reconhecer as características de plantas tóxicas, dentre outros.

Como último procedimento adotado, tivemos a distribuição de folhetos informativos e outros materiais ilustrados sobre o uso correto das plantas medicinais.



RESULTADOS E DISCUSSÃO: Muitos alunos afirmaram ter acesso a plantas medicinais, sendo adquiridas em hortas, em suas residências ou casas especializadas. Percebe-se o fácil acesso dos alunos às plantas medicinais, o que favorece a integração da fitoterapia como terapia complementar no cotidiano, conseqüentemente haverá o resgate da cultura popular.
Um aspecto importante abordado foi em relação a obtenção de mais informações sobre plantas medicinais, sendo que as mais relatadas foram: tradição familiar com 40%, ditos populares com 20%, livros especializados com 18%, através de qualquer pessoa com 17% e 5% com as demais alternativas (internet, hospital, farmácia, televisão e revistas).
Em relação ao conhecimento dos casos de envenenamento por plantas, 99 % dos alunos não ouviram falar em nenhum caso, e ainda citaram como resposta que estas “não envenenam, pois são plantas medicinais!”. Um dos poucos casos citados referia-se a morte de uma criança através de envenenamento por uma planta desconhecida.

A investigação retratou que os alunos relataram várias indicações das plantas através de receituários, ou seja, através de experiências adquiridas no senso comum, sem nenhum respaldo no conhecimento científico. Estudos multidisciplinares, associando estudos fitoquímicos e farmacólogos, tornam-se cada vez mais importantes para a definição dos potenciais terapêuticos e tóxicos de extratos vegetais.

Apesar da fitoterapia ser um tema milenar, ainda se tem bastante campo para ser explorado e que há um grande desconhecimento ou um conhecimento errôneo sobre o assunto. Há uma grande necessidade de integrar as comunidades, a projetos que envolvam a fitoterapia e capacitar pessoas para divulgar o uso correto dos fitomedicamentos para ensinar do uso da planta ao medicamento.


CONCLUSÕES: A investigação sobre o correto uso de plantas medicinais junto a uma amostra de alunos do CEFET-PI de Teresina constatou que a tradição e a cultura são pontos importantes e que influenciam muito na escolha do uso do tratamento com plantas medicinais. Podemos então abordar através da análise do questionário aspectos positivos como a valorização da cultura e a tradição familiar, que inclusive é recomendação da OMS, porém, temos que nos preocupar, pois a maioria das plantas são utilizadas de maneira incorreta e de forma irracional quando não se busca uma orientação especializada e com comprovação científica, podendo comprometer a saúde da pessoa que busca o uso da fitoterapia.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao CEFET-PI de Teresina e ao FAPEPI/CNPq pela bolsa de Desenvolvimento Científico Regional concedida à Chistiane Mendes Feitosa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BANDEIRA, M.A.M. et al. 2000. Informações sobre o uso correto das plantas medicinais/ Fortaleza: patrocinado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, 25 p.: il. (Manual Ilustrado de farmácia viva).

BARATA, G. 2003. Farmácias vivas, medicina popular obtém reconhecimento científico.Cienc. Cult. vol.55 no.1 São Paulo Jan./Mar.

MACHADO, M.F.A. 2006. Avaliação e divulgação do correto uso de plantas medicinais com alunos do ensino médio do CEFET-PI,. Centro Federal de Educação Tecnológica, Monografia, 60 p.

SIMÕES, M.O.; SCHENKEL, E.P; GOSMANN, G.; DE MELLO, J.C.P.; MENTZ, L.A.; PETROVICK, P.R. 2000. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Editora da Universidade UFSC. 2.ed. Porto Alegre/Florianópolis.

SIMÕES, M.O. SCHENKEL, E.P; GOSMANN, G.; DE MELLO, J.C.P. et al. 1998. Plantas da medicina popular, no Rio grande do Sul. Editora da Universidade UFRGS. 5.ed. Porto Alegre.

SOSSAE, F.C. Plantas medicinais. Disponível: http://educar.sc.usp.br/biologia/prociencias/medicinais. Acesso: 13/07/2006.